Sophia @princesinhamt
Eventos

Quariterê: Novas Produções em 2025 – Prepare-se para Surpresas!

2025 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Com 25 premiações entre os anos de 2022 e 2024 e milhares de espectadores em Mato Grosso e por todo o país, o Coletivo Quariterê já idealiza novas frentes de atuação para este e os próximos anos. O “aquilombamento audiovisual” mato-grossense ganhou também novas temáticas, como a questão indígena e o aprimoramento de suas atividades, com o despertar para o empreendedorismo enquanto estratégia de fortalecer suas produções. Tudo isso sem deixar de lado uma das principais características do coletivo que dá voz e protagonismo às pessoas pretas, pardas e indígenas ao contarem suas histórias.

Entre pessoas do núcleo central do Quariterê e profissionais que atuam conforme as demandas do coletivo, são mais de 50 pessoas reunidas, autodeclaradas pretas, indígenas e pardas. O coletivo surgiu em 2017 como uma reação diante de um evento estadual de cultura que não contemplava pessoas negras em sua programação e mesas de discussão. A resposta a essa indignação vem sendo desenvolvida ao longo dos últimos oitoanos por um coletivo diverso, consciente e de extrema qualidade.

A prova disso é o portifólio do Quariterê em 2024, com o lançamento de três produções que trazem personagens negros como protagonistas. O primeiro curta documentário, Geraldo Henrique Costa e o Devir Preto tem a direção assinada por Juliana Segóvia, e traz ao público a vida de um dos mais importantes líderes do movimento negro em Mato Grosso, em meio à organização de um grande encontro nacional de militantes no estado, no final da decáda de 80. A produção foi idealizada por Antonieta Luisa Costa (filha de Geraldo) e líder do IMUNE MT, com parceria do Quariterê.

O curta metragem Mansos, conta a história do apagamento da população negra da região de Manso, personificado na figura de uma líder comunitária, Teresa, e os impactos de uma usina hidrelétrica em sua comunidade. A ficção também é dirigida por Juliana Segóvia e iniciou a circulação em setembro de 2024, já sendo premiada em quatro mostras e festivais do Brasil. As duas produções foram gravadas no ano passado e lançadas pelo Quariterê em 2024.

Para a cineasta, além da recepção positiva do público, as produções também têm provocado discussões e debates sobre questões raciais e políticas, levando ainda a premiações importantes como o Itaú Rumos Cultural, o que revela a qualidade e relevância dos filmes.

“Eu penso que o maior prêmio é essa conexão do filme que parte da identificação do público com aquilo que está sendo contado e representado na tela e tivemos muito disso neste ano, e uma conexão de provocação também. São obras diferentes entre si, mas que têm sido utilizadas numa construção de debates, reflexões críticas e também em uma dimensão pedagógica, como instrumento de discussão dentro de salas de aula, o que é muito legal. Tive a oportunidade de viajar por alguns lugares do Brasil com o curta A Velhice Ilumina o Vento e também com o curta Mansos levar essa discussão socioambiental, da perda de nossos territórios, em debates muito intensos e ricos por todo o país”, conta a cineasta Juliana Segóvia.

Também lançado em 2024, Aqui jaz a melodia, é um curta metragem ficcional (gênero drama) gravado em 2021 e conta com o protagonismo de Justino Astrevo e também a atuação de Benedita Cândida da Silveira, de 66 anos, uma mulher negra do interior de Mato Grosso que caiu nas graças do público e já coleciona prêmios e fãs pelo sorriso largo e talento. Entre suas atuações de destaque está o papel em “A velhice ilumina o vento (2022), curta metragem mais premiado do audiovisual mato-grossense. Mais um ganho do Quariterê que prioriza a narrativa de pessoas pretas, pardas e indígenas.

Além destes lançamentos, é assinatura do coletivo a realização da Mostra de Cinema Negro, que em 2024 chegou a sétima edição e para os organizadores a maior já realizada, tanto pelos filmes selecionados, quanto pela participação do público. O projeto segue em 2025 como um dos carros chefes do Quariterê. Outras atividades para esse ano é o Cineclube Encruzilhada, que tem como proposta ser uma janela de exibição de filmes com a temática negra e indígena em um processo de formação do público e ampliação do debate antirracista.

O ritmo altamente produtivo do Quariterê ganhou novas frentes de trabalho e possibilidades com a “virada de chave” para o empreendedorismo vocacionado. O coletivo traçou como meta iniciar o seu processo de formatação enquanto produtora audiovisual, mantendo o alinhamento ético-racial-político do aquilombamento e construindo alternativas de autossuficiência. Ao longo do ano, o grupo atuou com parcerias em grandes eventos de marcas locais e nacionais.

Em 2024, o Quariterê esteve entre as cinco iniciativas do estado premiadas pelo MOVE_MT, da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), em parceria com o Instituto Ekloss e o Instituto Oi Futuro. Além do financiamento, o coletivo foi contemplado com um ciclo de formação em economia criativa, gestão e captação de recursos.

“Conquistamos um importante financiamento, onde investimos na compra de equipamentos, câmera, lentes e outros itens para que não dependêssemos tanto de outras produtoras em nossos trabalhos, além da garantia de uma fonte de renda que fique dentro do Quariterê. Também começamos as discussões internas para formalizar o coletivo como uma produtora, buscando consultorias de empreendedorismo, estudando editais e acesso a outros financiamentos”, explica Pedro Brites, membro do Quariterê.

Outra fonte de recursos para produtoras independentes é o acesso a políticas públicas, como destaca Maurício Pinto, membro do Quariterê e também conselheiro de audiovisual do estado. O coletivo tem uma visão bem crítica sobre o uso de editais, principalmente sobre como e a quem realmente eles beneficiam, em um estado onde a população é de maioria negra.

“Os números estão aí para provar o quanto o uso de políticas públicas fez aumentar o protagonismo de pessoas racializadas no audiovisual, mas é importante lutar para que se amplie cada vez mais e que a aplicação de recursos seja mais justa e de fato promova a igualdade e representatividade”, salienta.

Ainda sobre essa questão, o Quariterê vem desenvolvendo nos últimos anos um papel de monitoramento das políticas públicas com foco na equidade de raça e gênero., discussão e manutenção de políticas públicas no setor do audiovisual mato-grossense, justamente por entender a importância desses incentivos para a produção cultural no estado. “Se pensarmos que a política pública vem para equilibrar isso, é impossível em um estado onde a população autodeclarada preta é de 60%, ou pouco mais, que essa população seja incluída em uma cota de 10%, nem uma cota de 25%. Em Mato Grosso não conseguimos chegar nem perto disso dentro das cotas para a cultura. É preciso ampliar e ir na contramão do debate, que diz que as cotas já estão aplicadas. E nós sabemos e defendemos que não”, acrescenta Maurício Pinto.

Siga o Quariterê nas redes sociais e acompanhe a programação de mostras, exibições e eventos do coletivo em Mato Grosso e outros estados. Instagram: @quaritere l Facebook: @coletivoquaritere

 

Fonte: hnt

Sobre o autor

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.