O site “Morte à Democracia”, criado pelo jornalista Eli Vieira para ironizar o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi congelado por “decisão humana”. A informação foi divulgada por Vieira nesta sexta-feira, 29, em uma publicação no Twitter/X.
O jornalista estabeleceu contato com o provedor do domínio nesta manhã. A funcionária soube dizer o motivo do congelamento, mas recomendou que Vieira enviasse um e-mail para questionar a empresa sobre o incidente.
Em entrevista a realizada na véspera, ele relatou que não sabia de onde partiu a ordem para a suspensão. “Fiz os pagamentos, tenho os comprovantes”, disse. “Não há motivos.” Para substituir o site bloqueado, Vieira criou os domínios e .
O jornalista criou o site depois de uma fala de Toffoli no julgamento de processos sobre o Marco Civil da Internet. O STF vai decidir sobre a regulação das redes sociais no país.
Na ocasião, o magistrado perguntou a uma advogada que representava uma das plataformas se o domínio “morteademocracia.com.br” poderia ser registrado. A jurista respondeu que “sim”. Depois, o ministro continuou: “E para retirá-lo do ar, dependerá de uma decisão judicial, em razão do artigo 19”.
Vieira disse a que criou a página para demonstrar “a fraqueza dos argumentos de Toffoli, que ignorou as palavras de uma especialista sobre os brasileiros serem livres para criar domínios como este”.
“O fato de o ministro ter argumentado com a insinuação de que não somos livres só demonstra que há um acordo ali”, afirmou o jornalista. “O acordo é entre Alexandre de Moraes e outros autoritários, como Flávio Dino e Cármen Lúcia, para derrubar o artigo 19 do Marco Civil.”
Segundo ele, os ministros não estão ouvindo realmente o argumento dos advogados das redes sociais. “E claramente já têm uma decisão pronta para limitar mais ainda as nossas liberdades”, refletiu.
Para Eli Vieira, Moraes já violava havia anos o artigo 19 e outros elementos do Marco Civil, algo que ele, Michael Shellenberger e David Ágape revelaram com os Twitter Files Brasil.
“A opinião de que o TSE presidido por Moraes violou nossa lei maior da internet era dos próprios conselheiros jurídicos do Twitter pré-Musk”, observou Vieira. “Se derrubarem o artigo, estarão lavando as violações e contando com a nossa amnésia.”
O repórter publicou, até o momento, 19 reportagens e editoriais, nacionais e estrangeiros. De acordo com ele, os textos deixam os visitantes do site concluírem por si mesmos qual é o respeito que ministros do STF têm pela democracia e pelas liberdades individuais.
“Com o material que publiquei, os visitantes também têm a oportunidade de refletir se alguns dos ministros realmente têm a ‘reputação ilibada’ que a Constituição exige para ocupar suas cadeiras”.
Fonte: revistaoeste