Antes de tudo, começo reforçando algo comum em eventos como o Web Summit Lisboa: todo ano há uma narrativa que impera. Foi assim com criptomoedas, com metaverso, com machine learning e muitos outros, digamos, “milagres tecnológicos” que estão em alta no momento.
Neste ano, a narrativa dominante foi a inteligência artificial. Confesso que, no início, pensei: “lá vem aquela visão derrotista, dizendo que iremos perder espaço para as máquinas, que todos os seres humanos serão substituíveis”. Mas não. Já em uma das primeiras palestras do palco principal, Thomas Wolf, da Hugging Face, e Zach Seward, do The New York Times, discorreram sobre qual será a verdadeira aplicabilidade da IA em nossas vidas.
Aqui, um exemplo marcante: a geladeira de antigamente armazenava alimentos. A de hoje sugere receitas com base no que há dentro dela. A do futuro (que já está virando a esquina em termos de tecnologia, mas não de acessibilidade, claro) contará com um nutricionista artificial que poderá sugerir melhorias na sua alimentação.
E isso substitui o profissional de nutrição? Claro que não. A base do conhecimento das máquinas advém do nosso conhecimento, por meio de teses ou pesquisas. E aqui surge mais uma possibilidade: quem disse que a “nutri” não pode ser a do mundo real, apenas combinada com programação para estar mais presente no seu dia a dia?
Não foram dois ou três talks que trouxeram essa visão. Por vários momentos, vi exemplos de que nada impede que você, artista, designer, psicólogo ou médico, programe sua própria inteligência para ajudar a estar mais próximo das pessoas, facilitando o seu trabalho. A tecnologia deve servir às pessoas. E, antes de mais nada, precisamos pensar no que as pessoas querem ou precisam.
Por fim, o que é o Web Summit? O Web Summit é um evento de tecnologia. Um dos maiores do mundo. Mas ele não se limita a isso. Ele consegue trazer, em quase duas dezenas de palcos e áreas de apresentação, a aplicabilidade das inovações. Enquanto um grande guru fala sobre o futuro, ali, bem ao lado, há uma startup em uma bancada de 70 centímetros que já desenhou esse futuro. As palestras são curtas. Então, muitas vezes, não há como se aprofundar no tema.
Portanto, se a missão do Web Summit é inspirar pessoas a conhecerem melhor o mundo de oportunidades que a tecnologia pode trazer para nós, ele cumpre isso com louvor. Depois de ver e ouvir o guru, basta sair da cadeira da plenária e ir atrás de algum jovem de 20 e poucos anos que já pensou em como resolver o problema ou a oportunidade que o talk do guru trouxe.
Dicas para aproveitar bem o Web Summit (contando com os erros que eu cometi):
- Não tente acompanhar todos os talks e palestras. São 5 pavilhões com 16 palcos no total. Todos simultâneos. Vai doer tirar algo da agenda? Vai, mas tire e aproveite melhor o evento.
- Rode por toda a exposição das startups. Selecione os temas que fazem sentido para você e leia todas as descrições. Nas que chamarem a sua atenção, peça um pitch.
- Dias antes do evento, você será incluído em uma série de grupos de WhatsApp. No meu caso, fui adicionado ao grupo global da indústria de eventos, no grupo das startups do Brasil e no de marketing. O intuito não é acompanhar tudo o que acontece ali. No grupo do Brasil era impossível. Mas cutuque as pessoas, diga quem você é e o que você procura de inovação, solução ou oportunidade. Alguém irá responder.
- Conecte-se. O app oficial do evento é muito bom para isso. Ele permite conexões, agendar reuniões, chat e muitas outras facilidades.
Que essas dicas possam servir para você que, no ano que vem (quem sabe), pode querer se aventurar em um dos maiores encontros de tecnologia do mundo.
Fonte: gazzconecta