O circuito comercial de cinema pode ser um tanto cruel com produções que não têm grandes máquinas de marketing e divulgação nos bastidores. Isso, obviamente, não está relacionado à qualidade das obras, mas ao alcance das mesmas e às expectativas da audiência.
Entre muitas preciosidades que desembarcam nas telonas está um dos melhores filmes de 2024, responsável por não apenas cativar o público, mas também por trazer rios de lágrimas à tona. Exibido no Festival de Veneza, na Mostra de Cinema de São Paulo, no Festival do Rio e em outras festividades mundo afora, é um filme imperdível.
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O longa se passa durante o verão de 1996, no litoral de Alagoas. Tamara () está aproveitando suas últimas semanas na vila pesqueira onde mora antes de partir para estudar em Brasília. Um dia, ela ouve falar de uma adolescente apelidada de “Sem Coração” por causa de uma cicatriz que tem no peito. Ao longo do verão, Tamara sente uma atração crescente por essa menina misteriosa.
Durante seu período nas telonas, cerca de 10 semanas, Sem Coração foi exibido em 37 cinemas e 45 salas. Foi visto por 56.375 pessoas e, posteriormente, disponibilizado no streaming. A produção nasceu de um sonho antigo dos diretores e , a partir de um curta-metragem homônimo premiado no Festival de Cannes em 2014.
Um dos principais pontos de Sem Coração é apresentar de maneira natural como esses adolescentes lidam com as mudanças naturais da juventude. Com a proximidade de novos rumos que podem afastá-los desse mundo protegido e familiar do litoral alagoano, são apresentados diferentes arcos de desenvolvimento que pontuam a pluralidade de vivências brasileiras da década de 1990.
A escolha dos diretores em utilizar elementos surreais ao filme adicionam um ar envolvente de mistério a estes personagens. Da mesma forma que a chegada da puberdade e de novas experiências são experiências cheias de enigmas, essa aura é compartilhada com o público através de sonhos e questionamentos encabeçados pela ideia da menina “sem coração”.
Além disso, há também duas tramas que demonstram organicamente o despertar da sexualidade destes jovens. Ao representar a problemática em ser diferente na época, e ainda sob a pressão de não ser mais uma criança, as narrativas conseguem se dividir entre a crueza da sociedade diante do desejo de jovens LGBTQIAP+, mas preserva também a atmosfera fabular do encontro com o primeiro amor dentro dessa perspectiva queer.
Sem Coração está disponível na Netflix.
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Fonte: adorocinema