Após quase quatro anos de espera, God of War: Ragnarok, a continuação do game de 2018, chegará para PlayStation 5 e PlayStation 4. Com a responsabilidade de continuar os acontecimentos vistos em seu antecessor, o jogo chega com muita responsabilidade e expectativa ao seu redor.
Eu já joguei o game e, nesta análise, vou detalhar todos os aspectos possíveis de God of War Ragnarok, sem prejudicar a experiência de quem quer chegar na história zerado de spoilers. Vale ressaltar que, por se tratar de uma sequência, o texto contará, é claro, com spoilers do jogo anterior.
Em time que está ganhando, não se mexe
O God of War de 2018 foi uma revolução da franquia e que acertou em praticamente todas as novidades que trouxe. O novo game, Ragnarok, não muda nada nas mecânicas que formam a essência daquela aventura. Contudo, este fato passa longe de ser um defeito, uma vez que a jogabilidade já era primorosa.
Isso quer dizer que Ragnarok não traz nenhuma novidade? Não. Apenas quer dizer que o público deve jogar o game ciente de que a revolução da franquia já foi feita. Há inovações sutis na fórmula, principalmente na exploração vertical dos cenários e no personagem de Atreus. Enquanto, com seu pai, o personagem também se tornou mais ativo no combate, passando, em alguns casos, a peitar adversários por conta própria.
O filho de Kratos, que já era peça importante no primeiro, agora é praticamente protagonista ao lado do pai. Em Ragnarok, você irá experimentar momentos consideráveis de jogatina na pele de Atreus. O que implica em um desenvolvimento maior dele, longe da figura imponente de Kratos. E o jogo sabe aproveitar disso, com momentos que brincam até mesmo com o humor, como quando ele tenta arrebentar um baú no soco, assim como o pai faz.
E são nestes trechos em que vemos as maiores mudanças no que tange o combate, uma vez que Atreus é consideravelmente mais fraco que Kratos e utiliza armas diferentes. Além disso, o jovem chega também com uma árvore de habilidade própria, que ajuda a diversificar o combate dele, que ainda é baseado em arquearia, além de um sistema de transformações que estão interligados à jornada do personagem.
No combate, Kratos possui, desde o início do jogo, as Lâminas do Caos. Na prática, a gameplay recebe um certo frescor, uma vez que resgatam detalhes dos jogos originais na árvore de habilidades. Outro quesito que também foi adicionado ao combate com as armas, é um uso mais profundo dos elementos. Com as Lâminas, existe um controle maior do fogo ao se utilizar o botão triângulo. O mesmo vale para o Machado, mas com gelo. Existe o novo, mas a essência ainda é o que já foi visto.
Entretanto, na exploração do ambiente, as Lâminas do Caos trouxeram uma inovação boa ao permitir uma verticalização maior dos cenários. É possível escalar mais lugares ao utilizar a arma como gancho. Outro retorno, com pequenas novidades que refrescam Ragnarok, são os puzzles. Alguns dos sistemas vistos no primeiro game se mantém, enquanto outros são adicionados.
História primorosa e acelerada [possíveis spoilers]
Graças ao trabalho bem feito da Sony Santa Monica em 2018, Ragnarok consegue ter espaço para expandir o universo nórdico de God of War e apresentar várias ramificações da história, além de personagens lendários.
Com a passagem de alguns anos, acompanhamos as consequências das ações e descobertas de Kratos e Atreus no primeiro game. Ou seja, Freya quer vingança pela morte de Baldur, Thor quer sangue pelo seu orgulho ferido na morte de seus dois filhos e Atreus quer respostas para a descoberta de quem realmente é. Permeando tudo isto, começamos já no Fimbulwinter, o grande inverno que precede o Ragnarok, que é uma sequência de eventos catastróficos, incluindo uma batalha gigante entre deuses, que culminará no fim do mundo.
Assim, você não precisa nem mesmo de uma hora do game para já mergulhar em uma história completamente acelerada. Para se ter ideia, em cerca de quarenta minutos do jogo, você já entra em uma porradaria franca contra Thor, em uma batalha que mostra os tons épicos que God of War: Ragnarok terá.
Sem entrar em tantos detalhes para não comprometer a experiência do leitor, é possível pontuar que as histórias da mitologia nórdica prendem a atenção do jogador. Os atores principais da narrativa que se discorre são, em sua maioria, extremamente interessantes e bem construídos.
Aspectos técnicos casam com história bem contada
Assim como o antecessor, God of War: Ragnarok acontece em uma simulação de um take só, ou seja uma câmera sem cortes. Ainda que seja uma escolha que, por si só, entregue uma boa estética, em Ragnarok, este recurso é utilizado para aprofundar ainda mais naquele mundo.
O que isso quer dizer? Por não possuir cortes, até as “viagens rápidas” são realizadas com algum tipo de movimentação pelos ambientes. Entretanto, isso não é tedioso em nenhum momento, uma vez que o diálogo dos personagens são muito bem escritos e completamente críveis. Dessa forma, o recurso funciona para entregar um resultado visualmente bonito, mas que ajuda na imersão e apego aos detalhes daquela narrativa.
Falando um pouco mais dos visuais. Assim como os recursos de gameplay, os gráficos não receberam nenhuma melhoria significativa. E, novamente, isso se dá simplesmente por méritos de God of War (2018), que já era extremamente belo. Outro detalhe que deve ser levado em conta é o fato de que Ragnarok ainda é um jogo cross-gen, ou seja, irá sair também para a geração passada.
God of War: Ragnarok te convence da platina [possíveis spoilers]
Por fim, God of War: Ragnarok é realmente uma bela experiência, uma vez que possui um fator presente em poucos jogos, que é a motivação natural em fazer tudo possível no game. Existem colecionáveis e missões secundárias, como a grande maioria dos jogos, mas, em Ragnarok, a mitologia do mundo te convence a ficar por ali e completar o jogo, no sentido literal da palavra.
God of War: Ragnarok chega com expectativas altíssimas do público e com um sarrafo no alto, colocado pelo seu antecessor. Entretanto, se a pressão era grande, Kratos e Atreus mostraram do que são capazes e conseguiram fechar o ciclo nórdico da franquia de forma magistral. Além disso, sem aprofundamentos, Ragnarok consegue deixar várias portas abertas para um futuro da marca God of War.
Em um ano de Elden Ring, God of War: Ragnarok mostrou que a disputa pelas premiações do The Game Awards podem não estar tão garantidas quanto muitos achavam.
God of War: Ragnarok chega em 9 de novembro para PS4 e PS5.
Esta análise foi realizada em um PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Sony.
Fonte: terra.com.br/gameon