O advogado Fabio Wajngarten, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, destacou a importância do pragmatismo para a direita alcançar a vitória nas eleições de 2026. Ele compartilhou suas impressões em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, nesta segunda-feira, 4.
Wajngarten foi um dos primeiros apoiadores de Bolsonaro a defender que a direita não lançasse candidato próprio e apoiasse Ricardo Nunes (MDB), prefeito reeleito, na eleição municipal em São Paulo.
Segundo Wajngarten, o sucesso da coligação na reeleição de Nunes é uma “fórmula de sucesso” que deve ser avaliada e potencialmente repetida em futuras disputas, caso as condições políticas permitam.
Wajngarten enfatizou que o objetivo central é unir as forças de direita e centro-direita para vencer as , que ele considera “retrógradas, antidemocráticas e inconsequentes”.
“Feio é perder eleição”, disse Wajngarten. “Em 2026, não podemos perder a eleição presidencial nem as disputas pelos governos estaduais e pelo Congresso Nacional. O Brasil não pode continuar sob o comando de forças de esquerda, retrógradas, antidemocráticas e inconsequentes.”
Em 2026, segundo ele, não haverá espaço para divisões no campo da direita. Ao ser interpelado sobre o papel do PSD, partido presidido por Gilberto Kassab e com três ministérios no governo Lula, Wajngarten ressaltou que o PSD se difere dos demais partidos do centrão por atuar de maneira ativa na gestão petista.
Ele também comentou a atuação de , governador de São Paulo, e a relação com Kassab. Para Wajngarten, a escolha de aliados e composições governamentais é prerrogativa de Tarcísio, que “é o dono da caneta”, ao recordar que o governador foi eleito com apoio de Bolsonaro.
Os resultados das recentes eleições municipais foram um ponto de destaque. Embora o Partido Liberal (PL) não tenha alcançado a meta de mil prefeituras, Wajngarten considerou a performance positiva, que chegou a 517 prefeituras, em especial vitórias em quatro capitais e um total de 19,9 milhões de votos para prefeito.
Ele atribuiu as dificuldades enfrentadas pelo PL à restrição legal que impediu Bolsonaro de se comunicar diretamente com Valdemar Costa Neto, presidente do partido. “Tenho certeza de que, sem essa restrição legal, o partido teria chegado a mil prefeitos”, afirmou.
Com relação a 2026, Wajngarten destacou que Bolsonaro, inelegível no momento, permanece como o principal nome da direita para a disputa presidencial. Ele acredita que Bolsonaro recuperará sua elegibilidade e que outros nomes, como Ronaldo Caiado, ratinho Junior e o próprio Tarcísio, não devem “queimar a largada” porque o concorrente está desclassificado.
“O candidato à Presidência da República para 2026 é o presidente Bolsonaro”, afirmou Wajngarten. “Não há outro nome no campo da direita e da centro-direita. Até lá, ele irá recuperar sua elegibilidade, um direito de todo cidadão. Não é justo condená-lo por ter realizado uma reunião oficial com embaixadores. Entendo também que outras lideranças, como os governadores citados, têm o direito de almejar isso, mas não se pode queimar a largada porque o concorrente está desclassificado.
A respeito de figuras emergentes, como Pablo Marçal, Wajngarten fez críticas duras e afirmou que “dancinhas e likes não elegem ninguém”. Para ele, a campanha de Marçal foi marcada por “inverdades” e “uso abusivo e ilegal das redes sociais”. E sugeriu que o candidato estaria mais adequado a um quadro de televisão.
“Dancinhas e likes não elegem ninguém”, observou. “É preciso muito mais: é preciso ter conteúdo, seriedade e respeito à inteligência do eleitor. A população não tolera mentirosos. A mentira pode persistir minutos, horas, dias, mas sempre é derrotada pela verdade. A campanha dele foi marcada por inverdades e animadores de auditório, com uso abusivo e ilegal das redes sociais. Seria melhor para ele participar de um quadro na TV no sábado à noite.”
Ao analisar a evolução de Bolsonaro depois de quase dois anos afastado do Palácio do Planalto, Wajngarten apontou uma mudança de postura do ex-presidente e afirmou que ele está mais maduro e em constante diálogo com públicos diferentes, como antigos críticos de sua gestão.
Segundo ele, Bolsonaro tem se mostrado mais comedido em suas falas e receptivo às orientações de sua defesa. Em uma possível volta à Presidência, Wajngarten acredita que Bolsonaro optará por um grupo de assessores “mais sênior, experiente e político” e manterá uma relação diferente com a imprensa.
Wajngarten também ressaltou a importância da eleição para o Senado em 2026, com o objetivo de ampliar a bancada do PL e de partidos aliados. Ele mencionou nomes fortes da direita, como Eduardo Bolsonaro, flávio bolsonaro, Michelle Bolsonaro e Filipe Barros, como potenciais candidatos ao Senado.
Por fim, ao falar sobre a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados, ele elogiou a decisão de Arthur Lira em apoiar Hugo Motta, ao enfatizar que o processo de sucessão foi discutido com Bolsonaro.
Segundo Wajngarten, a criação da Comissão Especial para discutir a anistia aos condenados do 8 de janeiro ajudou a reduzir tensões eleitorais e possibilitou mais tempo para uma proposta sólida.
Fonte: revistaoeste