Danielle Soares de Moura, uma das netas e netos de Dona Eulália, relembrou, durante o velório da avó, infância ao lado dela. Danielle ajudava no preparo do bolo de arroz e destacou a celebração ainda em vida da avó, com os prêmios, moções e exposições fotográficas que foi tema. Dona Eulália morreu nesta segunda-feira (28), aos 90 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória depois de alguns dias internada, em Cuiabá, devido a problemas renais. Ícone da cuiabania, dona Eulália era uma personalidade conhecida e querida por todos os cuiabanos e famosa pelo bolo de arroz. Sepultamento ocorre ainda nesta terça-feira (29).
“A relação minha e de todos os netos eram iguais. Ela sempre tratava com muito carinho, afeto e atenção. Minha vó sempre prezou pela família unida. Na humildade dela, conseguiu trazer isso para gente. Então, sempre que podia, a gente estava perto dela. Todos os netos cresceram próximo dela, nessa realidade”, contou.
Danielle, ainda lembrou episódios da infância de quando a vó “colocava” os netos para socar o arroz para o preparo do bolo que a deixou conhecida.
“A gente colocava um tijolo perto do pilão para conseguir subir e socar. Todo mundo queria fazer parte. Todo mundo queria participar em alguma coisinha. Ela sempre deixou a gente participar”, lembrou. Danielle ainda contou que todos da família ajudaram no trabalho da loja que Dona Eulália abriu e mantém até os dias atuais no bairro Lixeira, na capital. Apenas os que preferiram morar fora não tiveram contato direto.
A neta Danielle ainda contou que nos últimos dias de vida, dona Eulália estava bem e que seus problemas de saúde eram os que ela já tratava como do coração e no joelho, que prejudicava a locomoção. Os filhos se revezavam para ficar com ela na casa onde mora que é também o tradicional local do “tchá cô bolo”.
Dona Eulália foi reconhecida em vida por sua contribuição à cultura cuiabana que a tornou símbolo da cuiabania. Seu trabalho a fez ser prestigiada com moções e prêmios, que conforme Danielle, enchiam o coração de dona Eulália de felicidade.
Era bonito ver o brilho no olhar dela
“Mais do que esse reconhecimento dela agora, em luto, o que nos alegra é saber que ela participou de tudo isso em vida. Moções, premiações, ela participou de muita coisa que encheu o coração dela de alegria por acreditar que ela uma mulher simples, humilde que não tinha uma formação, e conseguiu chegar onde chegou. Isso para ela era uma conquista”, frisou Danielle.
Dona Eulália foi premiada três vezes, sendo duas na categoria melhor bolinho de arroz e uma com melhor salgado, no prêmio Veja Comer e Beber, da revista Veja. Além de moções, ela já foi tema de exposição de fotos.
O governo de Mato Grosso e a Prefeitura de Cuiabá emitiram nota de pesar em razão da morte de Eulália, e repartições públicas decretaram luto de três dias.
Além disso, diversos políticos, páginas de Instagram, influenciadores digitais da capital, entre outras personalidades também lamentaram a morte de dona Eulália que deixa um vácuo na cultura cuiabana, mas um legado de resistência e sabedoria.
Fonte: hnt
