O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso na cerimônia de assinatura de repactuação do Termo de Transação de Ajustamento de Conduta de Mariana (MG) para puxar a orelha de seus ministros. Também cobrou maior eficiência no trabalho do alto escalão.
Lula falava sobre a importância do novo acordo de Mariana, momento em que afirmou querer dizer “uma coisa” a seus ministros e ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.
“A nossa dor de cabeça começa agora”, afirmou. “Primeiro, porque esse projeto é para 20 anos, não é para 20 dias. Segundo, porque cada ministério que está envolvido em alguma área tem que apresentar projeto, porque não é o discurso que faz a obra acontecer, é a qualidade do projeto.”
Lula chegou a citar algumas áreas ao cobrar uma boa atuação de sua gestão. “Quem vai cuidar da saúde, dos indígenas, dos pescadores, e pela primeira vez colocamos R$ 1 bilhão só para cuidar das mulheres, que era algo que não existia neste país”, falou.
Nesse ponto específico, o petista cobrou uma atuação de “qualidade” dos ministros André de Paula (Pesca e Aquicultura), Nísia Trindade (Saúde), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Cida Gonçalves (Mulheres).
“Então, tem vários ministérios com vários compromissos”, prosseguiu. “E, se a gente não der conta do recado, daqui a 20 meses, aquilo que é festejado como uma conquista do maior acordo já feito vai ser começado a ser cobrado do governo como a pior coisa que já aconteceu.”
Durante seu discurso, o chefe de Estado ainda designou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, como “uma espécie de coordenador” do novo acordo de Mariana.
“Companheiros ministros que vão assumir a responsabilidade, é preciso que tenha projeto, com cabeça, ombro e membro. Para que a gente saiba o que vai acontecer a cada ano. Porque agora, se não for acontecer, a culpa é nossa”, acrescentou Lula.
Ainda durante a cerimônia, Lula falou que o novo acordo é uma oportunidade de as mineradoras tirarem a “lição” de como seria “muito mais barato ter evitado o que aconteceu”. O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), ocorreu em 2015.
“Neste país, é importante a gente mudar a cultura”, falou. “Tem uma cultura impregnada na sociedade brasileira que precisa ser mudada. Certamente, se um presidente da Vale resolvesse dizer para a diretoria que iria evitar que acontecesse o que aconteceu em Mariana, ele seria taxado de ‘irresponsável’, porque estava gastando dinheiro que não era necessário.”
O petista voltou a dizer que colocar dinheiro em políticas públicas de saúde e educação não é “gasto”, mas, sim, “investimento”. “É importante que essa lição fique desse acordo”, disse.
“Essa lição que as mineradoras estão tendo, de que ficaria muito mais barato ter evitado a desgraça, eu espero que sirva de lição para outras centenas de lixo que as empresas jogam em represas nem sempre tão bem preparadas ou tão bem modernas para evitar uma outra desgraça dessa”, acrescentou Lula.
Fonte: revistaoeste