O papa Francisco proclamou 14 novos santos, neste domingo, 20, durante missa na Praça de São Pedro, no Vaticano. Entre eles, está o padre italiano José Allamano, fundador da congregação dos Missionários da Consolata, que foi canonizado por causa de um milagre operado na Amazônia.
O milagre atribuído à intercessão de Allamano ocorreu em uma parte da floresta localizada em Roraima. Um indígena da etnia ianomâmi identificado como Sorino caçava com um grupo armado de arco e flechas quando foi ferido por uma onça-pintada.
O animal atacou por trás e arrancou parte do couro cabeludo do indígena, o que abriu seu crânio. Os caçadores que estavam com ele tentaram socorrê-lo, mas, por causa da gravidade dos ferimentos, pediram ajuda às freiras que viviam no local. As religiosas, então, decidiram levá-lo ao hospital, mas não sem passarem por relutância.
A irmã Felicita Muthoni, nascida no Quênia, contou à agência de notícias francesa RFI que houve resistência por parte do povo ianomâmi sobre o transporte ao hospital. “Os pajés me diziam que, se Sorino morresse fora da aldeia, não encontraria nunca mais seus antepassados”, disse, embora tenha conseguido persuadi-los. “No final, conseguimos convencê-los de que havia chances de ele sobreviver.”
Sorino foi transportado para o Hospital de Boa Vista, na capital de . As religiosas pediram sua recuperação ao fundador do instituto, o padre Allamano. Sorino recuperou a saúde em poucos meses e hoje vive, sem sequelas, em sua comunidade.
O colombiano Mario Santacruz, médico neurocirurgião que trabalha há muitos anos na unidade de saúde, recordou que a situação era gravíssima. “Fizemos a operação, mas ele perdeu grande parte do cérebro no lobo frontal, parietal, temporal e parte do occipital”, explicou à reportagem.
Para o médico, não há explicação científica para a recuperação de Sorino. “Considerando a perda da substância cerebral, ele teria um déficit muito grande com danos motores, paralisia e problemas intelectuais.”
Indagado pela RFI sobre acreditar em milagre, o neurocirurgião respondeu que, apesar de ter família católica, se dedicava apenas a razões científicas, mas isso mudou. “Depois desse caso, comecei a acreditar que milagre existe.”
Papa aprova canonização de Carlo Acutis, o primeiro santo millenial
O jovem Carlo Acutis é um dos beatos na fila para serem canonizados pelo papa Francisco. O primeiro santo millenial nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, na Inglaterra, mas passou toda sua vida na Itália. Os millennials são aqueles que nasceram entre 1980 e 1995.
Ele morreu em 2006, aos 15 anos, por causa de uma leucemia. Conhecido por suas habilidades de informática, o adolecente criava sites para promover a fé cristã. Além de propagar a fé cristã, Carlo Acutis tocava saxofone, jogava futebol, cuidava de animais e filmava curtas-metragens humorísticas.
No fim de maio, o papa Francisco reconheceu um milagre atribuído a Carlo Acutis. Segundo o , trata-se de uma cura alcançada por uma jovem conhecida como Valéria. Natural de Costa Rica e estudante universitária em Florença, na Itália, Valéria caiu de bicicleta, em julho de 2022, e entrou em coma irreversível.
A mãe de Valéria teria ido ao túmulo de Carlo Acutis, para clamar pela vida da filha. Horas depois, recebeu um telefonema do hospital que informava da melhora de sua filha. Antonia Salzano, mãe de Carlo Acutis, descreveu-o como um “sinal de esperança”, que demonstra que a santidade é possível nos dias de hoje. “Assim como Carlo, você também pode tornar-se santo”, disse ela à CNN.
“No entanto, com todos os meios de comunicação e tecnologias, às vezes parece que a santidade é algo do passado”, mas Salzano destaca que “a santidade também é algo presente neste tempo moderno”.
Fonte: revistaoeste