No cenário das eleições de 2024, o uso de recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário chamam atenção, especialmente em campanhas com baixa votação. Um exemplo disso é a candidatura de Chica Feitoza, de Floriano (PI), que obteve apenas oito votos, mas recebeu R$ 120 mil.
O caso, no entanto, não é único. Ao todo, 2.771 candidaturas receberam menos de cem sufrágios e arrecadaram mais de R$ 1 mil por voto em recursos públicos.
Apesar de as 26 unidades federativas ter tais ocorrências nas eleições, os Estados da Bahia (236), do Rio de Janeiro (162), e do Amazonas (156) concentram o maior número de casos semelhantes. Quando se fala em partidos, os que se destacam com essas candidaturas são PL, PSD e PP.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do PSD da Bahia e senador, Otto Alencar, disse desconhecer a existência de problemas. Da mesma forma, o diretório nacional do partido informou que segue a lei vigente e as determinações da Justiça Eleitoral, mas reafirmou é dever de cada candidatura a prestação de contas.
Candidatas como Kelly Gurjão (PL-AP) e Cláudia Bengaly (PP-RJ) também incorrem nesses exemplos de muito dinheiro recebido e poucos votos nas eleições. Nas redes sociais, há casos em que nem mesmo é possível localizar as campanhas on-line.
Fernando Neisser, especialista na área, explicou ao Estadão que tais práticas podem ser caracterizadas como uso irregular de recursos. Elas exigem maior atenção das autoridades competentes.
Outro caso que ilustra a questão é o de Flavinho Araújo (PSD-AM), que recebeu apenas dois votos enquanto utilizou R$ 150 mil do fundo eleitoral.
Em conjunto, os candidatos com casos localizados pela reportagem receberam R$ 54,7 milhões de verba pública. Na urna, esses quase 3 mil candidatos receberam pouco mais de 30 mil votos. Todos os exemplos são de candidaturas para vereador, e a maioria, cerca de 2 mil, é de mulheres.
Fonte: revistaoeste