Lula debate com mexicanos: tentativa de reescrever o passado

Em evento com empresários brasileiros e mexicanos nesta segunda-feira, 30, o presidente disse ter sofrido “uma canalhice” há alguns anos. Sem referência direta, o petista fez menção ao período em que foi investigado e preso no âmbito da Operação Lava Jato. 

“Todo mundo achava que o Lula ia voltar muito nervoso para governar o Brasil pelo que tinha acontecido comigo, pela canalhice que fizeram comigo em um determinado tempo”, disse. “Quando voltei a presidir o país, eu voltei predestinado a deixar o passado de lado e não trabalhar com o fígado, mas com o coração e a cabeça.”

Lula disse ter retornado para o terceiro mandato com a perspectiva de “construir um futuro com base nas coisas boas que aconteceram no passado, sem levar em conta as coisas ruins que aconteceram”. 

Ainda durante o evento realizado no México, o chefe do Executivo brasileiro afirmou ter estabelecido prioridades para “reconstruir o país, que tinha sido semidestruído”. Entre elas, a aprovação do arcabouço fiscal e a reforma tributária. 

“Resolvemos fazer tudo isso para dar garantia não só aos empresários brasileiros, mas ao empresários estrangeiros”, declarou. “Essa reunião com empresários é na perspectiva de convencer os empresários, o máximo que o presidente da República pode fazer é abrir o portão. Nosso papel é abrir para que vocês possam conversar.”

Ao fim do discurso aos empresários mexicanos e brasileiros, Lula também falou sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que está parado há mais de duas décadas.

“Ainda este ano, se Deus quiser, vamos fechar o acordo Mercosul e União Europeia”, afirmou. “Está pronto, e o Brasil está pronto para assinar esse acordo, para ninguém nunca mais falar que é a América Latina que não quer. O mundo está precisando disso, a economia está um pouco atrofiada no mundo inteiro.”

O petista chegou ao México neste domingo, 29, para acompanhar a posse da nova presidente do país, Claudia Sheinbaum, que ocorre nesta terça-feira, 1º, no Palácio Legislativo de San Lázaro. 

A aliada de López Obrador, tem 61 anos e venceu a eleição com cerca de 60% dos votos, tornando-se a primeira mulher a comandar o país. Durante o evento, Lula disse ter achado “excepcional” a vitória de Sheinbaum no país.

“O jogo começa com uma jogadora extraordinária. O fato de vocês terem eleito uma mulher para presidir esse país é uma coisa excepcional, e ela está montando um governo que parece comprometido com as melhores práticas da democracia e da relação plural do México com o mundo e o Brasil”, afirmou.