Durante o período de 2018 até o primeiro semestre de 2024, os investimentos em agrotechs de inteligência artificial da América Latina atingiram US$ 221 milhões, de acordo com o relatório “IA no Agro”, produzido pelo Distrito. Globalmente, o mercado de IA no agronegócio foi estimado em US$ 1,1 bilhão em 2023 e deve alcançar US$ 4,7 bilhões até 2028, segundo levantamento da MarketsandMarkets.
Brasil e os desafios da IA no agronegócio
Com aplicações que abrangem desde o aprimoramento do cultivo até a otimização dos suprimentos, a IA se tornou uma ferramenta essencial para a transformação do setor agrícola, proporcionando melhorias na eficiência, sustentabilidade e produtividade. No Brasil, as agrotechs captaram investimentos de US$ 199 milhões em 35 rodadas nos últimos sete anos.
Apesar das soluções que a inteligência artificial traz para o mercado rural, a implementação da tecnologia ainda apresenta desafios, como a falta de infraestrutura e acessibilidade à internet. Segundo o IBGE, 72% dos estabelecimentos rurais no Brasil não têm acesso à internet.
“Além da barreira de conexão, as limitações de tecnologias avançadas no campo também estão relacionadas à dificuldade de aceitação e confiança dos agricultores em soluções baseadas em IA. Isso deve melhorar nos próximos anos, à medida que a IA se torna mais adotada pela sociedade”, explica Gustavo Araújo, CIO e cofundador do Distrito.
“Nesse cenário, é imprescindível o papel das empresas e agrotechs no incentivo e fomento de informações para os agricultores sobre o uso da IA como ferramenta vantajosa, auxiliando nos desafios climáticos e impulsionando a eficiência do plantio”, complementa Araújo.
Impactos da IA no agronegócio
A adoção da inteligência artificial é uma necessidade estratégica para garantir a competitividade a longo prazo no setor agrícola, aponta o relatório do Distrito. A tecnologia possibilita uma agricultura de precisão, o que pode reduzir o uso de insumos, melhorar a gestão dos recursos e aumentar a produtividade. Com a IA, é possível implantar a coleta de dados detalhados sobre a saúde das culturas e fenótipos das plantas, auxiliando na previsão de rendimentos das safras e na detecção precoce de pragas e doenças – áreas exploradas por muitas agrotechs no Brasil.
Outro fator são os equipamentos utilizados no campo guiados por IA, como robôs pulverizadores autônomos e tratores automatizados, que permitem a aplicação precisa dos produtos agrícolas, economizando recursos e promovendo uma agricultura mais sustentável. A combinação de tecnologias avançadas, como IA e Internet das Coisas (IoT), também se destaca no agronegócio, permitindo o monitoramento minucioso do solo e da água, auxiliando na detecção de estresse hídrico e otimização da irrigação.
Um exemplo dessa solução é o algoritmo de irrigação desenvolvido pela Agromakers, que tem a capacidade de reduzir em 30% a quantidade de água aplicada nas plantas. Na gestão de economia sustentável do setor agro, a tecnologia avançada está associada a soluções que promovem a identificação de vazamentos no fornecimento de água nas plantações, por meio de sensores alimentados por energia solar.
IA na pecuária e na cadeia de suprimentos
O uso da IA se estende por todas as áreas do agronegócio e atua também na otimização da produção pecuária e avícola, permitindo o controle dos sinais fisiológicos e comportamentais para melhorar a saúde dos animais. Um exemplo é a CowMed, startup que adota IA para acompanhar a saúde de vacas leiteiras, aumentando a produtividade em até 53 litros de leite por dia por animal monitorado.
Na cadeia de suprimentos, a IA promove a preservação e a alta qualidade de frutas e vegetais, produtos sensíveis às condições ambientais. Por meio de tecnologias como Gêmeos Digitais, são realizadas simulações do status de armazenamento e transporte, com o objetivo de minimizar perdas e garantir a entrega dos alimentos em bom estado, desde a colheita até a chegada ao consumidor final.
“As inovações tecnológicas no setor rural estão fortalecendo a confiança dos consumidores ao garantir a qualidade e autenticidade dos produtos agrícolas. Essas tecnologias também promovem práticas mais éticas e sustentáveis, o que destaca o potencial transformador da IA no agronegócio”, finaliza Gierun.
Fonte: gazzconecta
