As denúncias de assédio sexual que levaram à demissão do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, não são um caso isolado no governo federal.
Entre janeiro e agosto deste ano, a recebeu 554 denúncias de assédio sexual por servidores federais, o que representa uma média de dois casos por dia.
As queixas são registradas nas ouvidorias dos órgãos federais. Os auditores da CGU reúnem e monitoram essas denúncias em um sistema especializado. As vítimas podem denunciar casos em ministérios, autarquias e universidades federais. Para garantir a proteção dos denunciantes, a CGU mantém os nomes envolvidos em sigilo.
Os dados da CGU mostram um aumento nas denúncias de assédio sexual durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2023, foram 920 casos — um aumento significativo, em relação aos 531 casos de 2022. Em 2021, sob a Presidência de Jair Bolsonaro (PL), o número de denúncias foi de 178.
Os auditores da CGU avaliam e classificam as denúncias como assédio sexual e, quando necessário, inserem provas adicionais antes de encaminhar os casos ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal.
Em 2024, a maioria das denúncias está relacionada a órgãos do Ministério da Saúde e a universidades federais. A CGU e o Palácio do Planalto não se pronunciaram sobre o aumento dos registros.
Nesta sexta-feira, 6, Silvio Almeida foi demitido logo depois da divulgação das denúncias de assédio sexual feitas pela organização Me Too Brasil. No entanto, o sistema oficial do governo não registrou essas alegações. Almeida nega as acusações, classificando-as como “ilações absurdas”.
Em nota, ele prometeu provar sua inocência.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim”, disse o ex-ministro. “Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.”
Entre as supostas vítimas de Almeida está a ministra da Igualdade Racial, . Durante uma reunião com outros ministros no Palácio do Planalto, a ministra confirmou que o ex-ministro dos Direitos Humanos a assediou.
Fonte: revistaoeste