Silvio Almeida, ex-ministro dos direitos humanos, se manifestou na noite desta sexta-feira, 6, . A saída do governo ocorre em meio às denúncias de assédio sexual que pesam sobre o ex-ministro.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, seria uma das vítimas. Ela se manifestou depois da demissão do ex-ministro. “Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência”, disse. “Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi.”
. Em publicação nas redes sociais, ainda antes da demissão, o ex-ministro se manifestou sobre o assunto. “Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, disse.
Depois da demissão, o ex-ministro voltou a se manifestar. Em nota divulgada à imprensa, Silvio Almeida disse ter procurado Lula para pedir que o presidente o demitisse. O objetivo seria “conceder liberdade e isenção às apurações, que deverão ser realizadas com o rigor necessário e que possam respaldar e acolher toda e qualquer vítima de violência”. “Será uma oportunidade para que eu prove a minha inocência e me reconstrua”, disse.
De acordo com o portal Metrópoles,. Na ocasião, Silvio Almeida teria “passado a mão entre as pernas” da ministra. Além dos dois, participaram do encontro o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o diretor-presidente substituto da Anac, Tiago Pereira.
Mais cedo, Lula se reuniu com Anielle Franco e com Silvio Almeida, separadamente. Antes disso, conversou com o controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para tratar sobre as denúncias.
“Nesta sexta-feira, 6, em conversa com o presidente Lula, pedi para que ele me demitisse a fim de conceder liberdade e isenção às apurações, que deverão ser realizadas com o rigor necessário e que possam respaldar e acolher toda e qualquer vítima de violência. Será uma oportunidade para que eu prove a minha inocência e me reconstrua.
Ao longo de 1 ano e 8 meses à frente do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, reconstruímos a política de direitos humanos no Brasil. Acumulamos vitórias e conquistas durante essa jornada que jamais serão apagadas.
A luta histórica do povo brasileiro e sua libertação são maiores que as aspirações e necessidades individuais. As conquistas civilizatórias percebidas pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) correm risco de erosão imediata, o que me obriga a ir ao encontro das lutas pelas quais dediquei minha vida inteira.
Não colocarei em risco o progresso alcançado em defesa do povo invisibilizado, vítima de um massacre ininterrupto, pobre, favelado e à margem do processo civilizatório. A segurança e proteção da mulher, sua emancipação e a valorização das suas subjetividades são a força motriz e a potência reformadora e proeminente que o país precisa.
É preciso combater a violência sexual fortalecendo estratégias compromissadas com um amplo espectro de proteção às vítimas. Critérios de averiguação, meios e modos de apurações transparentes, submetidos à controle social e com efetiva participação do sistema de justiça serão a chave para efetivar políticas de proteção à violência estimulada por padrões heteronormativos.
Em razão da minha luta e dos compromissos que permeiam minha trajetória, declaro que incentivarei indistintamente a realização de criteriosas investigações. Os esforços empreendidos para que tenhamos um país mais justo e igualitário são frutos de lutas coletivas e não podem sucumbir a desejos individuais.
Sou o maior interessado em provar a minha inocência. Que os fatos sejam postos para que eu possa me defender dentro do processo legal.”
Fonte: revistaoeste