A Starliner, a problemática espaçonave da Boeing, deve retornar à Terra na noite desta sexta-feira (6). A nave voltará quase três meses depois do planejado e vazia, sem os dois tripulantes que foram levados para a Estação Espacial Internacional (ISS) há três meses.
A nave teve falhas em cinco dos 28 propulsores, e a Nasa afirma que não é seguro que os astronautas viajem nela. Para os astronautas que estavam a bordo, Suni Williams e Butch Wilmore, a missão, que era para ter durado oito dias de junho, já dura mais de 90.
No fim de agosto, a Nasa informou publicamente que priorizará a segurança dos astronautas e que eles só irão retornar em fevereiro de 2025, à bordo de uma nave da concorrente SpaceX, de Elon Musk.
Deve levar seis horas entre o desacoplamento da ISS e a liberação de um paraquedas, que fará com que a nave aterrisse suavemente no Novo México, nos Estados Unidos.
A partida utilizará uma manobra modificada para reduzir o estresse aplicado sobre os propulsores. Os engenheiros da Boeing também realizarão testes adicionais para tentar entender o que está causando o mau funcionamento. A espaçonave usará pulsos curtos de propulsor, o que deve diminuir o risco de repetir o superaquecimento que afetou o desempenho de alguns dos propulsores em junho.
Mesmo com os vazamentos de hélio que também ocorreram no sistema de propulsão há meses, os engenheiros da Boeing e da Nasa afirmam que ainda há hélio de sobra para o retorno. Caso precise ser adiado por razões climáticas ou técnicas, o retorno pode ser remarcado para os dias 10, 14 ou 18 de setembro.
É a terceira vez que um pouso do tipo é realizado com a Starliner, que já tinha ido ao espaço sem tripulação duas outras vezes. “Tivemos dois bons pousos com a Starliner até agora e esperamos outro na sexta-feira”, disse Steve Stich, gerente do programa de tripulação comercial da Nasa, durante uma coletiva de imprensa na quarta-feira (4).
Se a aterrissagem da Starliner ocorrer sem problemas, o próximo passo do programa permanece incerto. Embora o voo de junho com astronautas tenha sido planejado como a última etapa para empresa receber a certificação da Nasa, pode ser que a agência exija outro teste de voo com tripulação.
A Boeing já enfrentou desafios anteriores: a empresa teve de refazer um teste de voo sem tripulação depois que o primeiro lançamento da Starliner em dezembro de 2019 teve problemas técnicos quase imediatamente.
O custo adicional desses testes seria significativo para a Boeing, que já absorveu US$ 1,6 bilhão de despesas (aproximadamente R$ 8,92 bilhões) e só receberá o pagamento da Nasa após cumprir todos os marcos acordados no contrato de US$ 4,2 bilhões (aproximadamente R$ 23,4 bilhões de reais).
Fonte: abril