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Pais, atenção: Por que evitar papinhas industrializadas para bebês, por Mariana Varella

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As prateleiras dos supermercados estão repletas de opções de comidas industrializadas. Nas últimas décadas, aumentou o número de produtos para crianças com menos de dois anos, as chamadas papinhas para bebês.

Para atrair os adultos, com cada vez menos tempo de se dedicar à cozinha no dia a dia, os rótulos desses produtos prometem utilizar alimentos naturais e saudáveis.

Contudo, um estudo realizado nos Estados Unidos, provavelmente o país com mais opções de papinhas para bebês, mostrou que 60% dos 651 produtos destinados a bebês de seis meses a três anos analisados não preenchem as diretrizes nutricionais da OMS (Organização Mundial da Saúde) para bebês e crianças pequenas.

Segundo os pesquisadores, 70% dos produtos tinham menos proteína, e um quinto, mais sal do que o recomendado pela OMS.

Um quarto dos produtos continha açúcar adicionado ou oculto, e 44% dos alimentos para bebês e crianças pequenas excediam as recomendações da OMS para o consumo de açúcares totais por dia.

Quase a totalidade dos produtos utilizava ao menos uma estratégia de propaganda proibida pela OMS.

Outro problema é que muitos desses preparos são muito mais doces que os alimentos naturais, o que ensina as crianças a gostarem de alimentos superdoces.

A consistência também é um problema: crianças devem se acostumar com alimentos sólidos após os seis meses de idade, quando começa a introdução a alimentos, para treinar a mastigação. Além disso, acostumá-las a texturas e sabores diversos ajuda a diminuir o risco de aversão a determinados alimentos, comum em algumas crianças com restrições alimentares.

Brasil

Embora os dados sejam apenas dos Estados Unidos, os resultados interessam ao Brasil, já que muitos desses produtos também estão à venda no país.

Os resultados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, que ouviu 15 mil famílias de todo o país entre 2019 e 2020, mostram que as crianças pequenas brasileiras também consomem enormes quantidades de ultraprocessados.

De acordo com o Enani, a prevalência de consumo de produtos ultraprocessados entre crianças de seis a 23 meses de idade é de 80,5%.

Aproximadamente 25% das calorias consumidas por crianças com menos de cinco anos vêm dos ultraprocessados.

Entre as crianças com dois a cinco anos, esse número sobe para 30%.

“Esse consumo não tem efeito agudo, mas de médio e longo prazo. Uma criança com obesidade tem cerca de 80% de risco de se tornar um adulto obeso. O consumo desses produtos está associado ao aumento de doenças cardiovasculares, de obesidade infantil, câncer, à redução da amamentação e ao desmame precoce”, explica o Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

A SBP não recomenda que crianças com menos de dois anos de idade consumam ultraprocessados.

Açúcar

Em 2019, a OMS para a Europa lançou dois grandes estudos com produtos de alimentos industrializados para crianças no continente.

No primeiro, que analisou 7.995 alimentos e bebidas para bebês e crianças pequenas, metade dos produtos continha mais de 30% das calorias oriundas de açúcares, e cerca de um terço dos produtos tinha adição de açúcar ou outros produtos para adoçar.

Os açúcares livres incluem os monossacarídeos e os dissacarídeos adicionados aos alimentos e às bebidas pelo fabricante, pelo cozinheiro ou pelo consumidor, além dos açúcares naturalmente presentes no mel, nos xaropes, nos sucos de frutas e nos concentrados de sucos de frutas.

Os processos de industrialização de alimentos fazem com que as frutas liberem mais açúcar do que quando as consumimos in natura, o que torna os produtos industrializados ainda mais doces mesmo que não haja a adição de açúcar.

Além de conterem altas concentrações de açúcar livre, as papinhas e produtos para o consumo de bebês e crianças pequenas não trazem, em sua maioria, avisos a respeito, conforme orienta a OMS.

Guia Prático de Alimentação da Criança

A SBP lançou o Guia Prático de Alimentação da Criança de 0 a 5 anos (em pdf), em que recomenda o aleitamento materno como base da alimentação. O leite materno deve ser oferecido de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida e continuado pelo menos até o segundo ano ou mais, se possível.

Veja abaixo um esquema simplificado para a introdução de alimentos à alimentação de bebês:

Até o 6º mês: Leite materno exclusivo

6º a 24º mês: Leite materno complementado

6º mês: Frutas (amassadas ou raspadas)

6º mês: Primeira papa principal (almoço ou jantar)

7º a 8º mês: Segunda papa principal (almoço ou jantar)

9º a 11º mês: Gradativamente, passar para a refeição da família com ajuste da consistência

12º mês: Comida da família – observando a adequação dos alimentos consumidos pela família

Fonte: uol

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