Marvel Snap existe devido a Hearthstone: Heroes of Warcraft, por mais de um motivo. O novo Jogo de Cartas Colecionáveis (Collectible Card Game, ou CCG) entrou no radar não só por se basear no panteão de heróis e vilões da Marvel Comics, mas também devido ao estúdio Second Dinner, que desenvolveu o game, ser formado por um time de profissionais que trabalharam no título da Blizzard.
Seu selling point se baseia no calcanhar de Aquiles dos demais CCGs: partidas longas não são ideais para a experiência em dispositivos móveis, quando você está em movimento. Assim, Marvel Snap foca na agilidade dos confrontos.
Mais rápido que o Mercúrio, aquele mala
O desenvolvedor Ben Brode foi o líder do projeto e cabeça pensante de Hearthstone até 2018, quando saiu da Blizzard para fundar seu próprio estúdio, Second Dinner, onde acumula os cargos de CCO e CDO. Além dele, outros profissionais envolvidos no CCG baseado na franquia Warcraft também migraram para a nova desenvolvedora, a fim de criar games de forma mais livre.
Curiosamente, o curso tomado pela Second Dinner é muito similar ao da Player First Games, que agregou profissionais egressos da Riot, Santa Monica Studio, Disney e etc, estes responsáveis por MultiVersus, o divertido Smash-like que reúne os inúmeros personagens da Warner Bros. Discovery.
Da mesma forma, Marvel Snap é o título de estreia da Second Dinner, que assegurou de cara um contrato com uma das marcas mais valiosas da Disney, para criar um CCG que bate de frente com uma falha de conceito do gênero: a longa duração dos combates, que os tornam menos atraentes para a jogatina mobile.
É uma questão de como os jogos de cartas digitais são estruturados: em Hearthstone, os turnos dos jogadores são alternados, e cada um tem até 75 segundos para fazer sua jogada. Se por algum motivo (batalhas difíceis, trolls, etc.) ambos oponentes usarem todo o tempo a que têm direito na sua vez, um confronto de 9 rounds pode se estender por mais de 20 minutos.
Embora isso não pareça muito para quem está no PC, ou jogando no conforto de seu lar em um tablet, pense em quem está na rua, ou em um ônibus/trem/metrô a caminho do trabalho/escola/faculdade. Disponíveis para iOS e Android, jogos como Hearthstone, Magic the Gathering Arena, Pokémon TCG Online, GWENT: The Witcher Card Game, os dois Yu-Gi-Oh! (Duel Links e Master Duel), Shadow Era, e outros, fazem mais sentido em computadores.
Marvel Snap, por outro lado, foca no público mobile. Primeiro, os turnos dos jogadores são simultâneos; segundo, ambos tem até 40 segundos para terminar suas jogadas; terceiro, as partidas são limitadas a 6 rodadas. Com isso, cada batalha não dura mais do que 4 minutos.
Some a força dos personagens da Marvel Comics, e você tem um game com um apelo fortíssimo ao público que curte títulos simples e rápidos no celular, como Candy Crush e similares. Exatamente por isso, a curva de aprendizado é bem suave.
Marvel Snap, um F2P que não pega (muito) pesado
Ao rodar o game pela primeira vez, Marvel Snap guia o jogador através de um tutorial básico, que ensina como as partidas funcionam. O campo possui 3 áreas aleatórias, podem ou não conferir efeitos especiais, reveladas nos 3 primeiros turnos, uma por vez.
Para vencer, o jogador precisa colocar suas cartas nessas áreas, no que o poder de ataque é somado e deve superar o do oponente, em pelo menos duas áreas. Há cartas puramente de ataque, e algumas com efeitos disparados ao serem reveladas.
Cada carta de personagem possui um nível/custo, de 1 a 6 unidades de energia. Você possui 1 unidade no 1.º turno, 2 no 2.º e assim sucessivamente, o que significa que as cartas mais poderosas, com 6 de custo, só podem ser usadas no último turno, e são geralmente as responsáveis por decidir as partidas.
Segundo Ben Brode, alguns ajustes tiveram que ser feitos antes do lançamento, como modificar a carta do mutante mala-sem-alça Mercúrio, que possui custo 1, para sempre estar na sua mão na primeira jogada. Isso foi feito para garantir que o jogador jogue uma carta no início, se quiser.
Uma coisa interessante é não haver diferenças entre as variantes das cartas, que podem ter vários estilos de artes, de diversos desenhistas que costumam desenhar as HQs da Marvel, como Arthur Adams, J. Scott Campbell, Dan Hipp e vários outros.
Da mesma forma, o ato de evoluir as cartas não as deixam mais poderosas, mas serve para duas coisas: incrementar o visual (personagem salta para fora das bordas, efeito 3D, animação, etc.) e avançar na progressão de conta, que libera novas cartas e pools.
Conforme você joga e vence partidas, seu nível de coleção aumenta e vai liberando cartas mais poderosas, e conjuntos que liberar novas categorias de personagens. Os níveis progridem ad infinitum, e é possível seguir apenas jogando, ainda que a progressão demore.
Claro que por se tratar de um jogo free-to-play, há os elementos esperados de um GaaS (Jogo como um Serviço), como um Passe de Batalha, mas este apenas aumenta a velocidade da progressão, e mesmo as cartas exclusivas são liberadas no pool gratuito após 8 semanas. Da mesma forma, tudo o que está disponível na lojinha pode ser conseguido sem gastar, desde que você se dedique a jogar. Este nível de comprometimento pode afastar alguns jogadores, mas não se pode ter tudo na vida.
No mais, Marvel Snap tem suporte total a cross-play e cross-save, assim, você poderá jogar no seu celular ou tablet quando não estiver em casa, e continuar no PC quando possível.
Conclusão
Marvel Snap não é nenhuma revolução para os CCGs, mas traz ideias interessantes que mostram é possível fazer um dame do gênero totalmente voltado para a jogatina mobile, sem parecer forçado. Quem joga preferencialmente no PC não verá grandes novidades, mas aqueles que preferem seus iPhones e celulares Android saíram ganhando.
Claro que nem tudo é perfeito. O game exige comprometimento, e as músicas são bem genéricas, mas pesando os prós e contras, Marvel Snap é uma bem-vinda nova abordagem para os jogos de cartas, e quem sabe, estimule desenvolvedores a tornarem as batalhas de futuros CCGs menos arrastadas.
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Marvel Snap — Ficha Técnica
- Plataformas — iOS, Android e Windows (analisado no Android, via acesso antecipado cedido pela Nuverse);
- Desenvolvedora — Second Dinner;
- Distribuidora — Nuverse;
- Classificação Indicativa — 10 anos.
Pontos fortes:
- Intuitivo e fácil de dominar;
- Batalhas rápidas tornam o game ideal para mobile;
- É possível progredir sem gastar um centavo sequer.
Pontos fracos:
- Progressão é lenta e exige dedicação;
- Trilha sonora pouco inspirada.
Fonte: terra.com.br/gameon