Christinny dos Santos
Única News
Desde 2017, o registro de armas de fogo ativos no Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal aumentou 292% em Mato Grosso. Em 2023, o controle feito pela PF apontou que existem 78 mil armas cadastradas no estado. E, além delas, há ainda 43.081 registros vencidos e o total de armas de fogo de caçadores, atiradores e colecionadores (CAC) recadastradas — não cadastrados pela obsolescência no banco de dados utilizado pelo Exército — totalizando cerca de 121 mil armamentos.
Os dados foram sistematizados pelo 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Os números tiveram um começaram a crescer entre 2017 e 2019, quando saíram de 19.978 para 27.201. Mas tiveram seu maior salto de 2020 para 2021, intervalo em que os registros saltaram de 35.942 para 52.380, um aumento de 45,7%. O aumento ocorreu justamente no ano em que o então presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, publicou 4 decretos alterando outras modificações que já haviam sido feitas por ele mesmo na política de arma, em 2019.
Entre as alterações estavam o número de armamentos máximo por pessoa, que passou de quatro para seis; a autorização para carregar duas armas simultaneamente; além disso, o Exército também deixou de controlar a venda de projéteis, para armas até o calibre 12,7 mm, e acessórios.
Em Mato Grosso, 95,9%, ou seja, 58.729, das armas são registradas por homens. As mulheres detêm apenas 3,!% dos armamentos registrados no estado. O estudo aponta que os dados servem para mostrar como “apesar de haver um discurso de que a posse de armas de fogo aumentaria a segurança das mulheres, elas parecem não ter aderido a essa ideia”.
Além disso, ao analisar o perfil das mulheres vítimas de violência letal e feminicídio é possível notar o alto índice de assassinatos cometidos com uso de arma de fogo. Em 2023, 63,6% das mortes violentas e 23,9% dos feminicídios aconteceram com armas de fogo.
Conforme a Secretarias Estaduais de Segurança Pública foram apreendidas 3.340 munições e 2.072 armas e de pessoas que não tinha posse ou porte, em todo o estado. São 60 mil armas apreendidas a cada 100 mil habitantes.
Po fim, a análise conclui que, embora a crença de que armas de fogo proporcionam segurança pessoal é amplamente disseminada, especialmente entre homens, a realidade é mais complexa e, estatisticamente, aponta para o aumento do risco de violência, sobretudo doméstica, e acidentes.
“Assim, a conexão entre masculinidades frágeis e o uso de armas de fogo não apenas perpetuam estereótipos perigosos, mas também pode exacerbar a violência dentro dos lares, onde mulheres e crianças tendem a ser as principais vítimas, o que pode explicar por que mulheres não aderiram às armas de fogo”, conclui o estudo.
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Fonte: unicanews