Em Diamantina, norte de Minas Gerais, a casa de número 241 na ladeira da Rua São Francisco está camuflada entre as outras do Centro Histórico. A construção colonial de pau a pique com telhas de barro, paredes brancas e janelas com molduras coloridas passaria despercebida não fosse a pequena placa em sua parede que revela que ali está a Casa de Juscelino.
A típica moradia do interior de Minas Gerais foi conservada para abrigar um pequeno museu sobre o ex-presidente do Brasil. Embora não tenha nascido no local, foi onde Juscelino Kubitschek viveu dos 3 aos 19 anos.
JK nasceu em um sobrado na Rua Direita em 1902, e se mudou para a Rua São Francisco em 1905, quando seu pai faleceu de tuberculose. Os cômodos da casa-museu tem fotos da infância, quadros e documentos que contam a vida de Juscelino, além de reproduzirem o cotidiano de sua família com móveis e objetos pessoais.
O acervo faz um sobrevoo pela vida do político e por não ter muitos itens em exposição, o passeio leva menos de uma hora.
A jornada dentro da casa pode ser feita de forma cronológica. Começando pelo primeiro quarto à esquerda, há reproduções da certidão de nascimento e do registro de batismo de JK, assim como fotos antigas da cidade.
No cômodo à direita da entrada, conhecemos um lado de JK anterior à política. A batina envidraçada relembra o período seminarista do ex-presidente: em 1914, o menino de 12 anos foi enviado ao seminário, onde concluiu o curso de humanidades, mas largou o sacerdócio aos 15 por sentir que não possuía vocação.
A sala tem itens interessantes como boletins – com notas baixas, diga-se – e a ata de sua formatura no primário, em dezembro de 1913.
Seguindo o corredor, onde estão quadros de lugares importantes de Diamantina, como a Rua da Quitanda, chega-se em uma grande sala com documentos que contam a história dos pais de JK, Júlia Kubitschek e João César de Oliveira. Essa sala dá acesso aos dois cômodos mais interessantes da casa: o quarto do ex-presidente e a cozinha.
O quarto de JK é simples, com uma cama ao lado de uma cadeira de madeira feita pelo seu bisavô e uma escrivaninha. O marceneiro Jan Nepomusky Kubitschek, apelidado de João Alemão, também construiu o armário sem pregos que está no cômodo ao lado.
Acima da cama do pequeno quarto, há um trecho dos escritos do ex-presidente em que ele lembra do espaço: “meu quarto era acanhado. Não comportava mais que a cama, uma minúscula mesa, feita em caixote, com a respectiva cadeira arranjada não sei onde”.
Um fogão a lenha vermelho, panelas de barro, pilão e colheres de pau recriam a cozinha do ex-presidente. Seu prato favorito está gravado em um quadro na parede: a receita de “Xico Angú”, com galinha com quiabo, foi escrita pela cozinheira Maria Stella Libanio Christo, mãe de Frei Betto.
Antes de se envolver com a política, JK era médico. Nos fundos da casa, o anexo chamado de Júlia Kubitschek tem uma réplica do primeiro consultório onde o ex-presidente atendeu pacientes após conquistar o diploma na Faculdade de Medicina da UFMG, em Belo Horizonte. É possível ver um antigo jaleco branco e aparelhos médicos, como um equipamento de eletrocardiograma.
Ao lado do consultório, está uma biblioteca com livros doados por Sarah Kubitschek, ex-primeira dama, e um retrato de JK feito por Di Cavalcanti em 1952.
Para acessar o consultório e a biblioteca, é preciso passar por um pequeno quintal chamado de Praça Seresteiro Boanerges Meira, onde a família de JK plantou uma jabuticabeira, mas hoje resta apenas um tronco que foi envernizado para não apodrecer.
Subindo ou descendo a ladeira em frente à casa, a história continua. No fim da Rua São Francisco, a bela Praça JK tem uma estátua do ex-presidente, perto da Igreja São Francisco de Assis. Já seguindo o caminho inverso até o Largo Dom João, você encontra a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, ao lado do seminário onde Juscelino estudou.
Serviço
Casa de Juscelino
Quando? De terça-feira a sábado, das 8h às 17h, e aos domingos, das 8h às 13h.
Quanto? R$ 20.
Onde? Rua São Francisco, 241 – Diamantina, Minas Gerais.
Fonte: viagemeturismo