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Economia

Americanas: Executivos criaram balanço falso para aumentar lucro, aponta investigação

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Executivos da criaram duas versões dos balanços financeiros da empresa: uma verdadeira, chamada de “A vida como ela é”, e outra fictícia, em que os lucros eram inflacionados. O programa Fantástico, da Rede Globo, divulgou a informação neste domingo, 30.

O Fantástico encontrou na Europa o ex-CEO do Grupo Americanas, Miguel Gutierrez, acusado de liderar o esquema que manipulou os resultados financeiros do grupo, que entrou com pedido de recuperação judicial no ano passado. Ele estava em Madri, na Espanha, e acabou preso no dia seguinte.

A investigação da Polícia Federal (PF) revelou que as contas da empresa foram inflacionadas sob a gestão de Gutierrez por mais de uma década. Por ser uma empresa de capital aberto, a Americanas tinha obrigação de publicar seus balanços financeiros periodicamente.

No início de 2023, a empresa anunciou que a dívida com credores estava perto de R$ 43 bilhões, com um rombo de R$ 25 bilhões causado pelas operações fraudulentas. Essas operações resultaram em ganhos milionários para os executivos.

A fraude chamou atenção da PF, que iniciou uma investigação, com apoio do Ministério Público Federal. Os investigados incluem Anna Christina Ramos Saicali, considerada braço direito de Gutierrez, José Timotheo de Barros e Marcio Cruz.

Além deles, mais 11 executivos estavam envolvidos, entre eles Flavia Carneiro, responsável pela controladoria, e Marcelo da Silva Nunes, ex-diretor financeiro da companhia. Ambos fizeram delação premiada no fim do ano passado. Eles detalharam como a diretoria escondia os números reais e inflava os resultados. Os envolvidos utilizaram conversas, planilhas e parte da contabilidade como provas.

Diretor da Americanas exigia fraude, diz PF

Trocas de mensagens entre Flavia e Carlos Padilha, diretor operacional, mostraram que a falta de aproveitamento de oportunidades de fraude era vista como “provocação” a Gutierrez.

“Você enviou o resultado onde faltam R$ 340 mil para o 9,1% de ebitda virar 9,2%”, escreveu Padilha. “Se minha conta está certa, parece quase uma provocação ao Miguel. Tem espaço para chegar a 9,2%?”

As fraudes tornaram-se tão comuns que a diretoria criou duas Americanas: a real, com problemas financeiros e prejuízos, e a fictícia, com lucros inflacionados. Para manter as contas fictícias no azul, inventavam verbas de fornecedores, forjavam empréstimos e operações com cartão de crédito.

Os principais acionistas — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — não são alvo da investigação. Depois de descobrir as fraudes, investiram R$ 5 bilhões na recuperação judicial da empresa e prometeram injetar outros R$ 7 bilhões.

Nesta semana, a PF cumpriu 15 mandados de busca e apreensão na casa de ex-diretores. A Justiça ainda determinou a prisão de Miguel Gutierrez e Anna Saicali.

O Fantástico localizou o ex-CEO da Americanas na última quinta-feira, 27. Ao tocar o interfone, a resposta foi de que ele não morava lá. No entanto, a Interpol fez um acordo com ele e o prendeu na sexta-feira 28. No sábado 29, . Não retornará ao Brasil, mas deverá se apresentar à Justiça espanhola a cada duas semanas.

Anna Saicali, que viajou para Portugal em 15 de junho, decidiu se entregar à Justiça. Ela foi conduzida pela Interpol até o Aeroporto de Lisboa neste domingo, 30, e será acompanhada pela Polícia Federal ao desembarcar no Brasil. O mandado de prisão contra ela foi suspenso pela Justiça brasileira.

O que dizem os acusados

Em nota, a defesa de Miguel Gutierrez informou que ele está em sua residência, em Madri, e compareceu espontaneamente à polícia para prestar esclarecimentos. Disse também que, depois de acesso aos autos do processo, poderá exercer sua defesa. Os advogados reintegraram que ele “jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude, e vem colaborando com as autoridades”, a quem “manifesta sua absoluta confiança”.

A defesa de José Timotheo de Barros afirmou que ele “jamais praticou qualquer ato contrário aos interesses da companhia” e “seguiu à risca as instruções de seus superiores”. Criticou a “generalização da acusação” e a “espetacularização da operação policial”, e disse estar à disposição para “prestar esclarecimentos às autoridades que tenham imparcialidade”.

Fonte: revistaoeste

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