A Comissão de Auditoria Interna do Instituto de Biologia da (Unicamp) apontou um desvio de mais de R$ 3 milhões em verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) destinadas a docentes e pesquisadores.
A auditoria identificou irregularidades nos auxílios financeiros de 29 profissionais do Instituto de Biologia, e a sindicância ainda está em andamento. As informações foram enviadas à Promotoria de Justiça Cível de Campinas, que iniciou um procedimento preparatório de inquérito civil sobre o devio. As informações são do jornal .
A direção do instituto descobriu a participação de Ligiane Marinho de Ávila, ex-funcionária da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp), no esquema de desvio de verba. Ligiane, de 36 anos, foi demitida por justa causa em 18 de janeiro. O caso foi divulgado pela Folha em 8 de fevereiro.
De acordo com a Promotoria, a lentidão das instituições pode facilitar que Ligiane dilapide os valores desviados, dificultando o ressarcimento. No dia 28, solicitou-se ao reitor da Unicamp uma cópia integral da sindicância instaurada.
A Promotoria também pediu ao presidente da Fapesp uma atualização sobre a Comissão de Apuração Preliminar e detalhes sobre as providências para restituir o desvio de verba. O prazo para resposta é de 30 dias e termina nesta sexta-feira, 28.
A Fapesp afirmou que não possui estimativas dos valores desviados, aguardando as apurações da Unicamp, e que já existe um inquérito policial em curso.
“A Fapesp já pediu aos pesquisadores a prestação de contas do uso correto dos recursos ou sua devolução”, declarou. “Não há intenção da Fapesp em interromper os projetos. Mas, para isso, a regularidade dos processos tem que ser demonstrada.”
Atualmente, há 75 projetos de pesquisa em andamento no Instituto de Biologia com recursos da Fapesp, gerenciados por 36 pesquisadores. Conforme a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o caso está sob investigação do 7º DP de Campinas.
“A autoridade policial realizou oitivas com três suspeitos e prossegue com as diligências para esclarecer todos os fatos. Demais detalhes serão preservados para garantir autonomia policial”, afirmou a SSP.
O desvio foi descoberto quando a Fapesp identificou irregularidades na prestação de contas de um pesquisador. Ao solicitar esclarecimentos, constatou que o problema se repetia com outros pesquisadores da unidade.
Desde 2018, Ligiane era responsável pela prestação de contas dos pesquisadores. Ela foi contratada pela Funcamp há dez anos e atuava na Secretaria de Apoio ao Pesquisador do Instituto de Biologia.
Em abril de 2018, Ligiane abriu uma microempresa de manutenção e reparação de equipamentos e emitiu diversas notas frias em nome de sua empresa, desviando verbas da Fapesp.
“Além do fato em si, identificamos que a servidora incluía notas fiscais de sua empresa (e de duas outras) e recibos forjados nas prestações de contas de 28 de nossos docentes”, informou o comunicado da Coordenação do Instituto de Biologia encaminhado aos servidores.
A nota ainda esclareceu que a servidora realizava TEDs (transferência eletrônica disponível) com valores variáveis para sua própria conta” e que o “conjunto dessas ações levou ao desvio de uma soma vultosa”.
Fonte: revistaoeste