Se a raiva for a protagonista dos seus divertidamentes, é melhor tomar cuidado. De acordo com uma nova pesquisa, um único momento de raiva, mesmo que só por alguns minutos, pode alterar o funcionamento dos seus vasos sanguíneos – e aumentar o risco de ataques cardíacos.
O estudo, coordenado pelo pesquisador Daichi Shimbo da Universidade de Columbia, foi publicado no Journal of the American Heart Association e mostra a relação entre fortes emoções e problemas cardíacos.
Isso não é algo inédito. Pesquisas anteriores, por exemplo, analisaram mais de 12 mil casos de infarto e concluíram que 15% dessas apresentaram algum tipo de raiva ou estresse emocional uma hora antes do começo dos sintomas.
O novo estudo mostrou ainda que nem precisa ficar com raiva durante muito tempo. Apenas oito minutos podem ser o suficiente para aumentar a probabilidade de ataques cardíacos.
Para chegar a essa conclusão, Shimbo e seus colegas analisaram cerca de 280 voluntários saudáveis por um longo período: entre agosto de 2013 até maio de 2017. Aleatoriamente, durante um período de 8 minutos, eles induziram os participantes a passar, por meio de lembranças, por uma dessas três emoções diferentes: raiva, ansiedade ou tristeza.
Durante esse tempo, os pesquisadores fizeram todo o tipo de análises laboratoriais. Ao analisar a pressão arterial, eles perceberam que os efeitos emocionais da raiva faziam com que os vasos sanguíneos tivessem uma queda na sua dilatação durante um período de 40 minutos. Esse efeito, entretanto, não ocorreu para os pacientes que passaram pela experiência da tristeza ou ansiedade.
A capacidade da dilatação dos vasos sanguíneos é um indicativo de saúde, e quanto menor a sua capacidade de dilatação, maior a probabilidade de ataques cardíacos.
Ao longo do dia, todo mundo passa por momentos de raiva várias vezes, e, dependendo do estilo de vida ou trabalho, isso acaba se repetindo durante as semanas. Mas os pesquisadores fazem um alerta: a recorrência dos efeitos decorrentes da raiva no corpo ao longo do tempo podem acarretar consequências irreversíveis para o sistema cardiovascular.
Em entrevista ao portal New Scientist, Glenn Levine, pesquisador da Baylor College of Medicine, no Texas, afirma que a pesquisa é mais um exemplo da influência que aspectos psicológicos exercem na saúde física do corpo.
“Embora nem todos os mecanismos sobre como os estados psicológicos impactam a saúde cardiovascular tenham sido elucidados, este estudo claramente nos aproxima um passo de definir tais mecanismos”, contou ele, que não esteve envolvido com o novo estudo.
Fonte: abril