Chega a São Paulo no Sesc Pinheiros a exposição “Um defeito de cor”, inspirada no livro homônimo da autora mineira Ana Maria Gonçalves lançado em 2006. Ao todo, 372 peças entre arte têxtil, fotografias, instalações, cartazes, pinturas e esculturas de autoria de artistas do Brasil, da África e das Américas interpretam o livro que venceu o prêmio Casa de las Américas e foi considerado um dos mais importantes clássicos da literatura afro-feminista e nacional. Tanto o livro quanto a exposição fazem um enfrentamento às lacunas e ao apagamento da história da população negra ao contar a jornada de uma mulher africana nascida no início do século 19, escravizada no Brasil, e sua busca por um filho perdido.
A exposições estreou no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) e depois seguiu para o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador. Dentre as novidades na exposição no Sesc Pinheiros estão os figurinos e croquis das fantasias da escola de samba Portela, assinados pelo artista e carnavalesco Antônio Gonzaga, que se inspirou no livro de Ana Maria para desenvolver o samba-enredo do Carnaval 2024. O desfile impulsionou a procura em livrarias físicas e digitais e elevou “Um defeito de cor” para a categoria de mais vendidos do Brasil. Além disso, estão em exibição, pela primeira vez, um “Retrato de Ana Maria”, quadro de Panmela Castro; “Bori – filha de Oxum”, do artista e babalorixá Moisés Patrício, e “romaria”, mural pintado por Emerson Rocha na entrada do Sesc Pinheiros. Durante a exposição também vão acontecer educativas divulgadas ao longo do período expositivo.
Dividida em dez núcleos não-lineares que se espelham nos dez capítulos do livro, a exposição não é cronológica nem explicativa. O objetivo é trazer uma visão do Brasil com momentos históricos e recortes sociais transmitidos por meio de uma produção intelectual e de imagem presentes na arte contemporânea. A mostra faz um mergulho na essência de temas como os levantes negros, o empreendedorismo, o protagonismo feminino, o culto aos ancestrais e a África Contemporânea. As obras reexaminam os caminhos da população afro-brasileira desde os tempos de escravidão até os dias atuais, e fazem uma interpretação dos conceitos apresentados no romance, principalmente as origens e as identidades africanas que constituem a população, das quais ainda pouco se sabe.
Sobre o livro “Um defeito de cor”
Escrito com base em uma detalhada pesquisa de documentos, o romance histórico acompanha a trajetória de Kehinde, mulher africana que, quando criança, é trazida ao Brasil como pessoa escravizada. Já adulta, consegue se alforriar e retornar ao seu país de origem. Anos mais tarde, ela viaja para o Rio de Janeiro em busca de um filho que fora vendido pelo pai da criança. Kehinde é inspirada em Luisa Mahin, revolucionária do período colonial do Brasil, símbolo da resistência negra do país, considerada heroína da Revolta dos Malês, o maior movimento de escravizados da história brasileira, ocorrido em Salvador em 1835. Estima-se que Luisa Mahin tenha nascido por volta de 1812, na região da Costa da Mina, e trazida e escravizada em Salvador. Ela é tida como mãe do abolicionista Luís Gama.
SERVIÇO
“Um Defeito de Cor”
Curadoria: Amanda Bonan, Ana Maria Gonçalves e Marcelo Campos
Visitação: de 25 de abril a 1º de dezembro de 2024
Horários: terça a sábado, das 10h30 às 21h; domingos e feriados, das 10h30 às 18h
Local: Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Grátis
Fonte: viagemeturismo