O ex-procurador da RepĂșblica e ex-deputado federal Deltan Dallagnol fez uma anĂĄlise jurĂdica e encontrou um âpadrĂŁo apavoranteâ na sĂ©rie de decisĂ”es do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que impuseram censura a dezenas de perfis conservadores nas redes sociais.
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âDepois de ler o relatĂłrio sobre os ataques Ă liberdade de expressĂŁo no Brasil, uma anĂĄlise jurĂdica inicial revela um padrĂŁo apavorante nas decisĂ”es do ministro Alexandre de Moraesâ, escreveu Dallagnol, em sua conta no Twitter/X.
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As decisĂ”es de Moraes constam de um relatĂłrio de 541 pĂĄginas divulgado na quarta-feira 17 por uma comissĂŁo da CĂąmara dos Deputados dos Estados Unidos que analisa as denĂșncias dos Twitter Files Brasil, feitas hĂĄ duas semanas pelo jornalista Michael Shellenberger com base em documentos franqueados por Elon Musk, o dono da plataforma.
Dallagnol constatou que em vĂĄrias decisĂ”es Moraes mandou retirar do ar o perfil todo, e nĂŁo apenas uma publicação especĂfica, que supostamente contivesse desinformação ou notĂcia falsa. AlĂ©m disso, o ministro parece ter agido de ofĂcio â sem provocação das partes ou da Procuradoria-Geral da RepĂșblica â para censurar perfis.
Nesses casos, avalia Dallagnol, o ministro parece ter atendido a pedido da Assessoria Especial de Enfrentamento Ă Desinformação do TSE (AEED/TSE), âĂłrgĂŁo obscuro criado em 2019 para âcombater a desinformaçãoââ, lembra o ex-procurador.
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âNa prĂĄtica, esse ĂłrgĂŁo aparentemente monitorou a internet e as redes sociais para identificar qualquer postagem crĂtica ao TSE, aos seus ministros e ao processo eleitoral, peticionando diretamente ao ministro na sequĂȘncia, ao que Moraes expedia decisĂ”es de ofĂcioâ, escreveu Dallagnol.
Em seguida, o ex-procurador questiona a legalidade da AEED/TSE para exercer essa função. âNĂŁo estĂĄ claro qual Ă© a legitimidade legal da AEED/TSE para peticionar perante o STF, e nĂŁo me recordo de nenhuma lei que dĂȘ poder postulatĂłrio (de pedir em juĂzo) a esse ĂłrgĂŁo.â
Ele citou o caso do influenciador Bruno Monteiro Aiub, o Monark, no qual âMoraes decidiu de ofĂcioâ. âQue legitimidade tem a AEED/TSE para peticionar em um inquĂ©rito criminal no Supremo? Ela nĂŁo foi criada para combater desinformação apenas no processo eleitoral?â, interpelou Dallagnol.
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O ex-procurador segue com os questionamentos: âĂ preciso saber: Moraes enviava apenas o ofĂcio ao X ou tambĂ©m a decisĂŁo na Ăntegra? O X nĂŁo era parte dos processos, mas como terceiro interessado, tinha direito a recorrer caso acreditasse que as ordens eram ilegais?â
Para Dallagnol, uma das ilegalidades Ă© a afronta ao artigo 19 do Marco Civil da Internet, que nĂŁo permite derrubar perfis, mas apenas o conteĂșdo falso.
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Mas nĂŁo era isso o que ocorria. As decisĂ”es de Moraes, agora tornadas pĂșblicas, eram para a derrubada completa do perfil. âOs ofĂcios tambĂ©m parecem conter apenas os links dos perfis das contas, corroborando que as ordens eram para derrubar a conta inteira, o que consta inclusive no texto dos ofĂciosâ, explicou Dallagnol. âIsso tambĂ©m viola o parĂĄgrafo 1Âș do art. 19 do Marco Civil da Internet, que prevĂȘ que âA ordem judicial de que trata o caput deverĂĄ conter, sob pena de nulidade, identificação clara e especĂfica do conteĂșdo apontado como infringente, que permita a localização inequĂvoca do materialâ.â
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Na postagem, o ex-procurador diz que os documentos revelados pelo Congresso dos EUA tornam claras decisĂ”es atĂ© agora sigilosas que foram âsistematicamente abusivas contra cidadĂŁos brasileirosâ que âsofreram um grave regime de censura prĂ©via e violação aberta e declarada de direitos fundamentais em nome da âdefesa da democraciaââ.
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O ex-deputado finaliza a postagem com pedido de uma reação do Senado. âDiante de tudo isso, o nosso Congresso Nacional, em especial os nossos senadores, vĂŁo continuar calados, submissos e servis, abaixando a cabeça contra quem tĂȘm o dever de fiscalizar e de controlar no exercĂcio do poder?â, conclui.
Fonte: revistaoeste