A tradição de comer peixe na Sexta-feira Santa vem do calendário litúrgico na Igreja Católica. De acordo com o professor de catequese, Elvio Resende, neste dia, que lembra a Paixão de Cristo, os católicos são convidados a abster-se de carne vermelha.
No entanto, esse comportamento não é adotado apenas nesta sexta-feira, mas em todas as sextas durante o período da quaresma. O peixe foi adotado por ser uma refeição leve e de digestão rápida. “Logo estamos com fome de novo, e esse é o objetivo do jejum: fazermos uma pequena penitência em razão da morte de Jesus“, explica ele.
Resende ensina ainda que o jejum tem um sentido pedagógico, como forma de disciplinarmos nossas vontades e nossas paixões e oferecermos um pequeno sacrifício a Cristo.
Acabou que o comportamento que, antes adotado apenas pelos católicos se tornou tradição e mesmo os não católicos têm o costume de comer peixe na Sexta-feira Santa.
Com a inserção deste comportamento, surgiram os pratos considerados tradicionais, como bacalhau e outros peixes.
Entretanto, apesar do que o feriado sugere, para os católicos, a Sexta-feira Santa não é um dia festivo, uma dia para um banquete, ao contrário, é um dia de recolhimento, de reflexão, de jejum e oração, afinal a celebração litúrgica faz referência à cruz de cristo.
Inclusive, o preceito religioso da Sexta-Feira Santa orienta a fazer apenas uma refeição completa. Nas demais, é preciso comer de forma mais contida, com pequenas porções, apenas para manter o mínimo suficiente para que os fieis não passem mal, com dores de cabeça e pressão baixa.
“O objetivo do jejum não é sofrimento. O ideal, neste dia, é fazer um café da manhã bem simples e escolher uma das refeições (almoço ou jantar) para fazer de forma mais completa. Se escolher o jantar, o almoço também deve ser bem simples e a refeição noturna mais elabora, porém sem exageros e, vice-versa”, explicou ele.
Elvio Resende, que também é chefe em formação sugere como cardápio para uma das refeições de sexta-feira, um filé de tilápia com molho de alcaparras e uma salada de batata. Mas, ele lembra que devem ser consumidas porções pequenas de comida, apenas para suprir a necessidade do corpo, pois o propósito não é um banquete.
Conceito Católico
Padre Renan da Silva Cunha explica que a prática do jejum vem desde o antigo testamento, e era adotada sempre que algo importante ia acontecer, como antes de tomar uma decisão e, foi por isso que Jesus foi para o deserto e jejuou por 40 dias, antes de começar sua vida pública.
“A partir de Cristo, a igreja adotou o jejum como forma de penitência e de se unir a Jesus, porém, a abstinência não era apenas de carnes, mas também de peixes, ovos e laticínios”, explica o padre.
Depois, com a mudança no ritmo de vida e as pessoas com mais afazeres, a igreja flexibilizou o consumo destes itens que antes eram retirados das refeições, mantendo apenas a abstinência de carnes vermelhas, frango e suíno.
A Páscoa
Para os católicos, o dia festivo na verdade, é o Domingo de Páscoa, que lembra a ressurreição de Jesus, ou seja, os cristãos estão felizes porque o Cristo venceu a morte e ressuscitou.
“Aí sim, é dia de festa e de um almoço farto”, finalizou ele.
Fonte: primeirapagina