Em uma sessão solene, a Câmara dos Deputados homenageou, nesta terça-feira, 26, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (Psol), morta em 2018, ao lado de seu motorista, Anderson Gomes.
A sessão ocorre dias depois de a Polícia Federal (PF) prender três suspeitos de serem os “autores intelectuais”, mandantes, do crime. Ao todo, demoraram seis anos para que o trio fosse descoberto e preso.
Entre os presos, está o deputado federal Chiquinho Brazão (ex-União Brasil-RJ),
O requerimento para realizar a sessão em homenagem a Marielle Franco é de autoria da deputada federal (Psol-RJ). Estiveram presentes na homenagem, a vereadora Luíza Erundina (Psol-SP), o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, deputados federais do Psol e membros da sociedade civil/organizações que lutam por justiça no caso Marielle.
A segunda secretária da Câmara dos Deputados, Maria do Rosário (PT-RS), foi quem presidiu a sessão, que começou com uma homenagem a Marielle Franco feita por um grupo de percussão.
“Todas as esferas do Estado brasileiro estavam no planejamento do crime, talvez o mais brutal, desde a redemocratização”, disse Talíria. “A bala que matou Marielle Franco foi uma bala do Estado. Esse mesmo Estado, representado por [então interventor federal no RJ] Braga Netto, que nomeou o chefe da Polícia Civil.”
A deputada ainda cobrou a cassação de Brazão, Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, falou por alguns instantes na sessão de forma virtual.
Agatha criticou a presença de entes do Estado no envolvimento da morte de Marielle e de Anderson. Além disso, ressaltou que o Estado “ainda deve muitas respostas” e que o Estado “mata”.
“A luta por justiça não pode parar, a luta por verdade não pode ser esquecida”, disse Agatha. “É uma dor tão profunda, é uma ferida que não vai cicatrizar. Me faltam palavras para descrever a raiva que sinto hoje, não sinto nenhum alívio e nenhuma paz.”
Além do deputado, foram presos ainda seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão; e o ex-chefe de Polícia Civil do Estado, delegado Rivaldo Barbosa. Os três negam participação no assassinato.
A audiência de custódia aconteceu diante do magistrado instrutor do gabinete do ministro, desembargador Airton Vieira, na Superintendência da PF no Rio. As prisões preventivas dos três acusados foram mantidas, e eles foram transferidos para o presídio federal, no Distrito Federal (DF).
Existe um planejamento para que os presos sejam separados nas próximas horas. Barbosa deverá permanecer na unidade penitenciária do DF, enquanto Chiquinho Brazão deverá ser transferido para o presídio federal de Campo Grande (MS), e seu irmnão para a unidade de Porto Velho (RO).
No entanto, as transferências ainda dependem de decisão judicial.
Segundo o Inquérito da PF, Marielle Franco, que era vereadora pelo Psol do Rio de Janeiro, foi assassinada por ser vista como um “obstáculo aos interesses” dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão.
A Operação Murder Inc. foi iniciada dias após a homologação da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como o executor dos assassinatos em 13 de março de 2018.
Fonte: revistaoeste