📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Entre mulheres e homens, os sintomas de ataque cardíaco podem variar significativamente
  • Como os sintomas mais comuns, tanto homens como mulheres relatam aperto ou dor no peito na chegada ao hospital
  • Incluindo náuseas, vômitos, tonturas e medo da morte, as mulheres são mais propensas do que os homens a esses sintomas atípicos
  • Nos dias e semanas que antecedem um ataque cardíaco, as mulheres apresentam mais sintomas prodrômicos incluindo fadiga incomum, distúrbios do sono, ansiedade e falta de ar, quando comparado com os homens
  • Possivelmente porque as mulheres tendem a apresentar sintomas mais variados e únicos e os médicos podem ter menos probabilidade de suspeitar de um ataque cardíaco em mulheres, os ataques cardíacos femininos têm maior probabilidade de serem mal diagnosticados

🩺Por Dr. Mercola

Com 17,9 milhões de vidas perdidas todos os anos como resultado, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo. Entre eles, ataques cardíacos ou derrames são a causa de 4 a cada 5. Embora os sinais podem variar significativamente entre homens e mulheres, conhecer os sintomas de um ataque cardíaco é importante para que você possa obter atendimento médico de emergência sem demora.

Enquanto os homens tendem a apresentar sinais mais clássicos, incluindo dor no peito, as mulheres são mais propensas a apresentar sintomas atípicos de ataque cardíaco, como fadiga e náusea. Talvez seja por isso que as mulheres apresentam uma taxa de mortalidade maior num ano após sofrerem um ataque cardíaco, embora a incidência de ataque cardíaco seja maior nos homens do que nas mulheres.

As mulheres têm mais sintomas incomuns de ataque cardíaco do que os homens?

Uma revisão sistemática de 74 estudos que examinaram as diferenças nos sintomas de ataque cardíaco entre mulheres e homens foi conduzida por Pesquisadores da Nova Southeastern University, na Flórida. Com mulheres e homens relatando dor no peito e aperto ou pressão no peito como os sintomas mais comuns na chegada ao hospital, algumas semelhanças foram observadas na pesquisa, publicada no Cureus.

Como o sintoma número 1 os homens relataram dor no peito 13% a 15% mais frequentemente do que as mulheres, e também eram mais propensos a sentir pontadas, suor e sensação de queimação. Incluem dor no peito, braço ou mandíbula com sensação de peso, aperto ou esmagamento, os outros sintomas típicos relatados por ambos os sexos. A mulheres, no entanto, eram mais propensas a apresentar sintomas atípicos como:

  • Náusea
  • Vômito
  • Tontura
  • Medo da morte

A localização da dor também diferiu, com as mulheres sentindo, juntamente com a parte superior das costas, braço esquerdo, ombro esquerdo, mão esquerda e abdômen, dor no pescoço e mandíbula com mais frequência. As mulheres também apresentavam mais sintomas e em maior variedade. Enquanto as mulheres com 75 anos ou mais tiveram 17% mais sintomas, as mulheres com idades entre 18 e 55 anos tiveram 10% mais sintomas durante um ataque cardíaco, em comparação com os homens.

As mulheres costumam apresentar sintomas semanas ou dias antes do infarto ocorrer

Algumas pessoas apresentam sintomas de ataque cardíaco dias ou semanas antes. Os sintomas podem começar a surgir até um ano antes, em alguns casos. Ocorrem com mais frequência em mulheres do que em homens, os conhecidos sintomas podrômicos, e em ondem de prevalência são eles:

  • Sensação anormal de cansaço 
  • Perturbações do sono
  • Ansiedade
  • Falta de ar
  • Dores no peito, braço e costas

Com mais de 50% das mulheres apresentando alterações do sono quatro semanas após um ataque cardíaco, em comparação com 32% dos homens, os distúrbios de sono são particularmente comuns. Um ataque cardíaco que ocorre sem doença arterial coronariana obstrutiva, ou seja, ataque cardíaco não obstrutivo, pode ser a razão pela qual as mulheres podem apresentar mais sintomas prodrômicos.

Os pesquisadores explicaram que “isso ocorre porque os sintomas prodrômicos não devem ocorrer semanas e meses antes da formação aguda de um trombo”, e observando que esses sintomas ocorrem com grande frequência em mulheres que sofrem ataques do coração, eles talvez não devam mais ser descritos como “incomuns”. Por exemplo:

“Uma vez que as mulheres apresentam mais frequentemente um sintoma atípico, o próprio termo ‘atípico’ poderia ser alterado, porque sintomaticamente, as mulheres apresentam mais frequentemente dor no peito quando têm um enfarte do miocárdio, mas apresentam frequentemente sintomas ‘atípicos’.”

Diferenças na tolerância à dor, na carga aterosclerótica e na micro vasculatura podem estar envolvidas, embora não se saiba por que homens e mulheres podem apresentar sintomas de ataque cardíaco tão diferentes. Segundo o estudo:

“… Em todas as idades, as mulheres têm maior resistência da micro vasculatura quando têm um enfarte do miocárdio, menos carga aterosclerótica do que os homens, têm taxas mais elevadas de enfarte do miocárdio não relacionadas com ruptura ou erosão da placa. Embora isso não tenha sido estudado diretamente, foi proposto que esta diferença fisiológica é etiológica para a diferença entre homens e mulheres nos sintomas. E esta é uma área promissora de pesquisa.”

Ataques cardíacos em mulheres possuem maior probabilidade de serem mal diagnosticados?

Possivelmente porque as mulheres tendem a apresentar sintomas mais variados e únicos, os ataques cardíacos passam despercebidos com mais frequência em mulheres jovens do que em homens jovens. Os médicos podem fazer um diagnóstico incorreto, como as mulheres podem estar fora desse domínio familiar, argumentaram os pesquisadores na revista Circulation. Porque os médicos tendem a iniciar o processo de diagnóstico “reconhecendo intuitivamente os fenótipos de sintomas familiares”.

“Esta descoberta pode ter implicações importantes para o ensino e para a melhoria da capacidade dos médicos de reconhecer o diagnóstico de enfarte agudo do miocárdio em mulheres. Descobrimos que as mulheres tinham significativamente mais fenótipos de sintomas do que os homens, e os fenótipos de sintomas estavam distribuídos de forma diferente em mulheres e homens…”

De acordo com uma pesquisa publicada no BMJ Quality & Safety, cerca de 11% das vezes, as condições médicas são diagnosticadas incorretamente. Dependendo do tipo de problema médico e dos sintomas apresentados, a probabilidade de diagnóstico incorreto varia amplamente. As mulheres têm maior probabilidade de receber um diagnóstico errado – mesmo quando têm dor no peito, embora apenas cerca de 1,5% dos ataques cardíacos sejam mal diagnosticados.

Uma “disparidade de gênero” foi descrita em um estudo realizado no Hospital Clínico de Barcelona, Espanha, sendo a probabilidade de ataque cardíaco subestimada quando os médicos avaliam pela primeira vez a dor no peito nas mulheres. A autora do estudo, Dra. Gemma Martinez-Nadal, disse: “o ataque cardíaco tem sido tradicionalmente considerado uma doença masculina e tem sido pouco estudado, sub diagnosticado e subtratado em mulheres, que podem atribuir os sintomas ao estresse ou à ansiedade”.

E como as mulheres eram também menos propensas a suspeitar de ataque cardíaco, por consequência acabavam a esperar mais do que os homens para procurar ajuda médica, pelo menos 12 horas a mais. Conforme observado no estudo Cureus:

“Uma vez que as mulheres com enfarte do miocárdio são menos propensas a receber intervenções oportunas e baseadas em evidências após o início dos sintomas do enfarte do miocárdio, uma parte da maior carga de mortalidade nas mulheres pode ser devida à falta de reconhecimento destes sintomas atípicos por médicos e pacientes.

Podendo indicar uma possível falta de conhecimento na população em geral sobre os perigos do enfarte do miocárdio nas mulheres ou uma falta de conhecimento das diferenças na sintomatologia presente nas mulheres, as mulheres que sofrem de enfarte do miocárdio também tendem a comparecer ao hospital mais tarde após o início dos sintomas do que os homens.”

Dito isto, estima-se que 20% a 40% de todos os ataques cardíacos não causam sintomas ou passam despercebidos pelo paciente e pelos médicos, ou seja, são “silenciosos”. A probabilidade de um ataque cardíaco silencioso é maior entre os homens.

Dicas para proteger a saúde do seu coração

Não existe uma abordagem única quando se trata de suporte para saúde cardíaca. No entanto, são chave para a saúde cardíaca e geral, uma dieta saudável, exercícios, redução do estresse e conexões baseadas no coração – ou seja, relacionamentos fortes e positivos.

Embora tenha sido amplamente divulgado que o colesterol é o único e principal vilão, formador de placas que levam a doenças do coração, essa não é bem a verdade. Essas deficiências foram abordadas nas Diretrizes Dietéticas para Americanos 2015-2020 quando anunciaram que “o colesterol não é considerado um nutriente preocupante para o consumo excessivo”.

Embora as gorduras trans devam ser limitadas ou eliminadas, até hoje continuam aumentando as evidências de que não há ligação entre colesterol e doenças cardíacas. Embora nas diretrizes de 2020-2025, essa declaração não foi incluída e, em vez disso, as diretrizes recomendam que “o consumo de gordura trans e de colesterol na dieta seja o mais baixo possível”.

Por outro lado, a maior parte da alimentação e bebidas dos americanos vem de alimentos ultraprocessados, cerca de 61%, e isso está vinculado a doenças crônicas e cardiometabólicas. Pesquisadores da Brown University conduziram um estudo para determinar quais micronutrientes são melhores para o coração, encontrando gorduras ômega-3, ácido fólico e CoQ10 no topo da lista, embora os alimentos ultraprocessados sejam prejudiciais ao coração.

O estudo descobriu que, ao mesmo tempo que reduziram ataques cardíacos e eventos de doenças coronárias, as gorduras ômega-3 diminuíram a mortalidade por doenças cardiovasculares. C ácido fólico reduziu o risco de acidente vascular cerebral, conforme revelou o estudo do Journal of the American College of Cardiology. O determinante dietético mais importante da homocisteína é o ácido fólico, que é a versão sintética do folato, ou vitamina B9.

Na maioria dos pacientes com doença vascular são encontrados elevados números de homocisteína, ou (Hcy), que são um fator de risco para doença arterial coronariana. Comer alimentos ricos em ácido fólico natural, como aspargos, abacates, couves de Bruxelas, brócolis e espinafre, é a melhor maneira de aumentar seus níveis desse importante micronutriente. Conforme o estudo do Journal of the American College of Cardiology, a CoQ10 diminuiu os eventos de mortalidade por todas as causas.

O ubiquinol – a forma reduzida e rica em elétrons de CoQ10 que seu corpo produz naturalmente – desempenha um papel importante na cadeia de transporte de elétrons de suas mitocôndrias, onde facilita a conversão de substratos energéticos e oxigênio em energia biológica (trifosfato de adenosina, ou ATP). ) necessário às suas células para a vida, reparação e regeneração.

Incluindo doenças do coração, uma grande variação de condições parecem ter raízes na disfunção mitocondrial. Embora seja usada por todas as células do seu corpo, a CoQ10 é mais usada pelas células cardíacas. A CoQ10 se concentra nas células cardíacas, que possuem cerca de 5.000 mitocôndrias por células. 

Mantenha isso entre seu medicamentos para o caso de ataque cardíaco

Desde náuseas e fadiga até suores e dores fora do peito, preste muita atenção a quaisquer sintomas de saúde incomuns. Procure atendimento médico de emergência imediatamente se você acha que está apresentando sinais de ataque cardíaco, sejam eles comuns ou atípicos.

Também é uma atitude sábia manter o azul de metileno – a molécula-mãe da hidroxicloroquina e da cloroquina – e da melatonina à mão. Se você sobreviver, a lesão de reperfusão – onde a disfunção celular e a morte podem ser exacerbadas após a restauração do fluxo sanguíneo – é uma ameaça séria, embora o sintoma mais comum de doença cardíaca seja a morte súbita.

Poderá diminuir significativamente o dano tecidual que ocorre se você tomar azul de metileno. No entanto, você só precisa de uma pequena quantidade e não quer uma overdose, portanto a dosagem é importante. Discuti sugestões de dosagem em minha entrevista com Francisco Gonzalez-Lima, Ph.D., especialista em azul de metileno, e eu recomento o uso de uma micro colher para medir a quantidade apropriada.

Incluindo a prevenção e tratamento de demência, pós-AVC e outras lesões cerebrais, aprimoramento cognitivo e otimização geral de saúde se você já estiver saudável, doses baixas, de 0,5 miligramas (mg) a 1 mg por quilo de peso corporal, são recomendadas para tratamentos não agudos e de longo prazo.

A melatonina é o segundo composto que recomendo manter à mão – em dose sublingual de 10 mg. Se for tomado imediatamente após um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, ele limitará a lesão de reperfusão, porque é um poderoso antioxidante. O azul de metileno também deve ser administrado rapidamente, poucos minutos após o ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, e isso é muito importante. É essencial manter esses itens à mão, em seu kit de remédios de emergência, porque existe um limite de tempo crítico.