A Embaixada de Israel em Brasília rebateu o comunicado do Ministério das Relações Exteriores sobre o suposto ataque israelense contra palestinos que aguardavam por ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Mais de cem civis morreram.
Em nota, a diplomacia israelense afirmou que a guerra do país “é travada contra o grupo terrorista Hamas” e que “continuará trabalhando para assegurar que a ajuda humanitária chegue aos civis inocentes”.
“O Estado de Israel arrisca a vida de seus próprios combatentes para garantir a segurança de civis e cumprir as diretrizes do Direito Internacional para evitar vítimas não-envolvidas”, afirma a nota da embaixada. “O mesmo não pode ser dito sobre o Hamas, que continuamente utiliza os civis de Gaza, seus próprios cidadãos, como escudos humanos em sua busca pela eliminação de todos os judeus.”
Na última quinta-feira, 29, o grupo terrorista Hamas acusou soldados israelenses de matarem ao menos cem pessoas que aguardavam caminhões de ajuda humanitária.
O governo de Israel nega que as tropas tenham atirado contra a multidão e diz que as pessoas foram pisoteadas ou atropeladas na aglomeração. .
Em comunicado divulgado nesta semana, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o governo de Benjamin Netanyahu “volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal”.
“Cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades”, salientou a diplomacia brasileira.
Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as ações militares israelenses ao extermínio de judeus durante o Holocausto. .
Integrantes do governo de Netanyahu, por sua vez, pediram que o petista peça desculpas pela declaração, o que não ocorreu até o momento.
Mesmo depois da gafe que abriu a crise diplomática, Lula reafirmou recentemente que a ação militar israelense na Faixa de Gaza é um genocídio e voltou a defender a criação de um Estado palestino.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, também condenou a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma “distorção imoral da história” e apelou a todos os líderes mundiais para que se juntem a ele na “condenação inequívoca de tais ações”.
Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Confederação Israelita do Brasil (Conib), por exemplo, classificou a afirmação como “distorção perversa da realidade, que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”.
A declaração de Lula motivou ainda um pedido de impeachment contra o presidente. Encabeçado por 134 parlamentares da oposição, o grupo sustenta que houve comprometimento da neutralidade do Brasil, depois das críticas feitas pelo chefe de Executivo sobre a conduta de Israel no conflito em Gaza.
O texto cita os elogios e os agradecimentos feitos pelo grupo terrorista Hamas ao governo brasileiro e diz que “nem mesmo nações que pregam a extinção do Estado de Israel foram capazes de proferir tamanha atrocidade”.
“A conduta do denunciado consiste na prática de ato de hostilidade contra o Estado de Israel, consistente em declarações de cunho antissemita, comprometendo a neutralidade do país”, diz o pedido de impeachment.
Fonte: revistaoeste