O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, viajou para Mossoró neste domingo, 18, para acompanhar as investigações e as buscas pelos dois detentos que escaparam da penitenciária de segurança máxima que fica na cidade.
Em entrevista coletiva, Lewandowski afirmou que não é possível afirmar ainda se houve participação de agentes penitenciários na fuga, contrariando uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sugeriu tal hipótese.
“Enquanto as investigações não terminarem, seja no âmbito administrativo seja policial, não podemos afirmar que houve conivência”, disse o ministro. “Mas todas as hipóteses estão sendo investigadas.”
Mais cedo, em visita a Etiópia, Lula comentou o caso e sugeriu a possibilidade de os detentos terem tido ajuda para escapar do presídio. “Estamos à procura dos presos, esperamos encontrá-los, e, obviamente, queremos saber como é que esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu”, disse o presidente. “Só faltaram contratar uma escavadeira. Não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro.”
É a primeira vez na história do país que criminosos conseguem escapar de um presidio federal de segurança máxima. Esse tipo de prisão existe no Brasil desde 2006, e há cinco ao todo espalhadas pelo Brasil, contando com a de Mossoró.
Lewandowski afirmou também que não há prazo para o fim das buscas pelos dois detentos. Segundo o ministro, os inquéritos que investigam a possível conivência de agentes têm um prazo de 30 dias para a conclusão, mas com a possibilidade de serem prorrogados por mais um período.
“Enquanto estamos apurando, as correções estão sendo feitas”, disse Lewandowski. “As possíveis falhas já estão corrigidas, de maneira que o presídio de Mossoró voltou a ser absolutamente seguro e apto a custodiar os detentos que lá se encontram.”
Os dois fugitivos são identificados como Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça. Ambos possuem ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), de acordo com informações preliminares. O grupo domina as operações criminosas no Acre, onde a dupla estava presa até setembro do ano passado.
Na última sexta, a dupla chegou a invadir uma casa e fazer uma família de refém por algumas horas. Sem o uso da violência, os criminosos roubaram celulares, comida e saíram da residência, que fica a uma distância de 3 quilômetros da penitenciária.
De acordo com o ministro, a área onde os detentos se encontram é “rural e extensa” e apresenta obstáculos que dificultam a captura, como grutas e estradas vicinais. Até a ocorrência de uma chuva teria atrapalhado os trabalhos de captura previstos para este domingo.
O ministro também comentou as falhas estruturais. “Essas falhas estruturais, que são antigas, porque os presídios foram construídos de 2006 em diante, podem existir em alguns lugares”, explicou. “Aqui foram corrigidas imediatamente. Estamos avaliando se essas falhas se repetem em outros presídios.”
Na sequencia, André Garcia, secretário de políticas penais, afirmou que “não há fragilidade”. “Foi um caso pontual que não vai se repetir”, disse.
. Na quinta-feira 15, Lewandowski disse que Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento escaparam da cadeia depois de escalar uma luminária, chegar ao teto e acessar o setor onde é feita a manutenção do presídio.
Deste local, os bandidos teriam pegado ferramentas que estavam sendo utilizadas em uma obra na prisão. Como o local reformado estava protegido apenas por um tapume de metal, os criminosos encontraram uma brecha, saíram e cortaram o alambrado com um alicate recolhido na obra.
Lewandowski destacou também a união de diferentes forças policiais para encontrar os criminosos, como a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar (PM) do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará e Paraíba. Há ainda policiais penais federais, que recebem o auxílio de drones e helicópteros.
“Temos cerca de 250 policiais em cada um dos turnos, diurno e noturno”, disse Lewandowski. “Portanto, temos 500 policiais trabalhando na recaptura dos dois fugitivos.”
Revista , com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste