Uma doença que, muitas vezes, pode ter sintomas silenciosos e afetar desde crianças a adultos: estamos falando do câncer, principal causa de morte entre crianças e adolescentes de 1 e 19 anos no Brasil, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Nesta semana, é celebrado o Dia Internacional da Luta contra o Câncer Infantil e, por isso, o Primeira Página te conta duas trajetórias de crianças mato-grossenses: da Ana Clara, de apenas 11 anos, e do Neto, de 15 anos, que seguem lutando para sentirem novamente o gosto de uma vida normal!
Ana Clara: a luta contra leucemia
Uma criança que sempre foi estudiosa mas que precisou, em 2023, interromper os estudos após ser diagnosticada com Leucemia – câncer que ocorre na formação das células sanguíneas.
Esse foi o início da trajetória da Ana Clara Sommerfeldt Silva, de 11 anos, na luta contra um câncer que já foi descoberto em estágio avançado.
Foi então que Ana Clara e a mãe, Mônica Sommerfeldt, precisaram deixar a cidade de Feliz Natal, a 518 km da Capital, para que a criança fosse internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HCanMT (Hospital do Câncer de Mato Grosso), em Cuiabá.
Em entrevista ao Primeira Página, Mônica disse que a descoberta da doença pegou a família de surpresa, já que Ana nunca havia apresentado algum problema de saúde.
Poucos dias antes de ser diagnosticada, Ana teve fortes dores de barriga e febre, único sintoma apresentado, segundo a família, quando o câncer já estava avançado.
Problema no fígado
Na Capital mato-grossense, mãe e filha estão em uma casa de amparo para pacientes oncológicos. A saudade que fica é da família, já que os outros quatro irmãos de Ana e o pai, que trabalha como borracheiro, precisaram ficar em Feliz Natal.
No momento, um quadro de gordura no fígado fez com que o tratamento da menina precisasse ser interrompido, há cerca de um mês.
Mônica explica que, agora, a filha precisa passar por consulta com uma especialista, para tratar o problema no fígado e possibilitar a retomada da quimioterapia.
Ajuda financeira
O Primeira Página contou a história de Ana Clara em novembro do ano passado. Mas, a família ainda precisa de ajuda!
É que a consulta pela qual a criança precisa passar é particular e custa em torno de R$ 500, valor que a família não tem em mãos.
Aguardar a consulta pelo SUS (Sistema Único de Saúde) pode demorar e o tempo é uma questão de extrema importância na vida da criança. Diante dessa situação, a família pede ajuda para custear a consulta e os exames de Ana Clara.
“Ainda estamos aqui, estamos na luta, é complicada a situação porque a doença ainda não terminou”, afirmou Mônica.
Além da ajuda com o tratamento, a família da paciente ainda precisa de auxílio para se manter na Capital, já que a casa de apoio onde estão não cobre todas as despesas pessoais de ambas.
“Moro em Feliz Natal há 23 anos, vivi minha vida toda lá, eu tenho cinco filhos e meu marido é o único que trabalha. Então, tem a família que ficou lá pra ele poder manter, e eu e ela aqui em Cuiabá, por isso pedi ajuda”, explicou a mãe da criança.
Para ajudar a família e continuar possibilitando o tratamento da Ana Clara, basta entrar em contato através deste WhatsApp.
O câncer
Leucemia é o câncer dos tecidos formadores de sangue, incluindo a medula óssea, que dificulta a capacidade do organismo de combater infecções.
Segundo o diagnóstico foram detectadas “91,9% de células blásticas linfóides B” no sangue da menina, que correspondem a LLA B (leucemia linfoide aguda tipo B), que afeta toda a medula óssea e, em muitos casos, pode se disseminar para outros órgãos do corpo.
Neto: tumor que deixou sequelas
Em 2017, o Godalberto Santi Neto, na época com 9 anos de idade, descobriu um tumor na cabeça.
Os sintomas começaram quando o menino não conseguia enxergar pessoas que estavam ao seu redor, perdendo a coordenação motora e tendo problemas até mesmo para conseguir brincar, como explicou a mãe dele, Franceline Arruda, ao Primeira Página.
Então, a família, que mora em Várzea Grande, decidiu procurar um especialista, que diagnosticou um Germinoma próximo aos nervos ópticos do garoto e a necessidade de uma cirurgia de urgência.
O diagnóstico foi um choque para a família, que já havia perdido uma filha – a irmã de Neto – há cerca de dois anos, vítima de um Osteossarcoma (tumor maligno ósseo).
Neto enfrentou cerca de nove meses de quimioterapias e, no fim, ficou com menos de 5% da capacidade de enxergar.
Agora, um tratamento na Tailândia, no Sudeste Asiático, é a esperança para o adolescente recuperar a visão. O procedimento é baseado na hidratação do nervo óptico com células tronco.
Família precisa de ajuda
Para conseguir fazer com que a esperança de voltar a enxergar seja uma realidade na vida do filho, os pais do Neto decidiram criar uma vakinha-online, para custear o tratamento na Tailândia.
Ao todo, a família precisa de R$ 150 mil, para pagar as despesas médicas e a hospedagem no exterior.
O Primeira Página também contou a história do Neto em setembro do ano passado e, de lá para cá, a família conseguiu apoio de terceiros.
Porém, a meta ainda não foi atingida e faltam cerca de R$ 55 mil para totalizar o valor do tratamento do Neto.
“Continua sendo muito difícil, porque, como eu sempre falo pra minha mãe, um dia eu já fui normal… um dia já tive uma vida, fui uma criança que andava de bicicleta, jogava bola. O que dói em mim é precisar das pessoas pra tudo…” contou o Neto ao Primeira Página.
Com as dificuldades de uma nova rotina por conta da perda da visão, o adolescente começou a fazer aulas de Braile – sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão.
A esperança
No fim desse caminho, o Neto deseja não precisar sequer do Braile, voltar para a escola e ainda dar o testemunho da trajetória dele na igreja que a família frequenta.
Para outras famílias que estejam enfrentando situações semelhantes, de luta infantil contra o câncer, a Luceline afirma a importância de não perder a fé e esperança!
“Primeiramente, jamais perder a fé a esperança, não estamos sozinhos, Deus está a todo momento segurando em nossas mãos. Lutar, porque não é fácil, uma criança diagnosticada na familia desestrutura completamente, mas há um propósito na vida de cada um”, disse a mãe do adolescente.
Quer ajudar nessa causa? Você pode doar pela vaquinha citada acima ou entrar em contato com a família através deste WhatsApp.
O tumor
Os tumores de células germinativas são mais frequentemente numa das duas regiões cerebrais: pineal ou supra-selar.
Além disso, respondem por cerca de 3 a 5% dos tumores cerebrais da infância, sendo diagnosticados com mais frequência em crianças e adultos jovens.
Normalmente, as crianças e jovens afetados tem até 90% de chance de cura, mas podem ter as funções hormonais afetadas e terem danos no nervo óptico, podendo causar até perda da visão, como no caso do Neto.
Dia Internacional
O Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil foi celebrado nessa quinta-feira (15), deixando um alerta sobre sinais e sintomas da doença em todo o mundo.
A data, criada em 2022, pela Childhood Cancer International, simboliza uma campanha global de conscientização sobre o câncer infantil e ainda é uma forma de expressar apoio às crianças e adolescentes vítimas da doença e suas famílias.
O câncer é a principal causa de morte entre entre crianças e adolescentes entre 1 e 19 anos no Brasil, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).
Fonte: primeirapagina