📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Muitos dos efeitos cardioprotetores da CoQ10 envolvem seus efeitos antioxidantes e capacidade de produzir ATP, por isso vários estudos apoiam o uso de CoQ10 para a saúde do coração
  • Em comparação com aquelas que não tomaram, pessoas que tomaram CoQ10 também tiveram menos probabilidade de sofrer um ataque cardíaco não fatal ou fatal durante 12 meses
  • Com a gravidade da insuficiência cardíaca correlacionada com a gravidade da deficiência de CoQ10, níveis baixos de CoQ10 estão associados a um risco aumentado de insuficiência cardíaca
  • A PCR, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e a IL-6, medidas de inflamação generalizada, pode ser reduzida com a suplementação com CoQ10 durante oito a 12 semanas
  • A suplementação com CoQ10 ou sua forma reduzida de ubiquinol é útil em alguns casos, porque aos 65 anos, seu corpo normalmente produz apenas metade da quantidade que produzia aos 25

🩺Por Dr. Mercola

Como é um antioxidante solúvel em gordura, a coenzima Q10 (CoQ10) é utilizada pelo seu corpo para produção de energia. Os níveis mais elevados estão no coração, fígado e rins, embora seja encontrada em quase todas as células do corpo. O trifosfato de adenosina (ATP) é um composto envolvido no armazenamento de energia das células e na síntese de ácidos nucleicos e a CoQ10 desempenha um papel na produção desse composto.

Para que a energia dos carboidratos e gorduras seja convertida em ATP, que é a forma de utilização de energia pelas células, a CoQ10 deve estar presente na membrana mitocondrial interna. Em alimentos como carne bovina alimentada com capim, sardinha e arenque, os humanos podem sintetizar CoQ10 e consumi-la através da dieta, porque ela é membro da família das ubiquinonas. 25% dos níveis plasmáticos de CoQ10, estima-se que seja encontrada na dieta. 

Podem interferir na produção de CoQ10, levando à deficiência de CoQ10 coisas como: alterações genéticas no metabolismo, dieta inadequada, estresse oxidativo, condições crônicas, certos medicamentos e envelhecimento. Já que a CoQ10 é um fator-chave na saúde do coração, se você não ingerir o suficiente deste importante composto, a saúde do seu coração poderá ser prejudicada. Na verdade, níveis baixos de CoQ10 foram encontradas em 75% dos pacientes com doença cardíaca isquêmica.

O papel da CoQ10 na saúde do coração

Uma abordagem abrangente que envolva dieta saudável, movimentos diários e controle do estresse são necessários para prevenir doenças cardíacas. Portanto, não deve ser considerado uma panaceia para a prevenção de doenças cardíacas, tomar qualquer suplemento por si só, incluindo CoQ10. Dito isto, a saúde do coração é a reivindicação da fama da CoQ10.

Uma grande variação de condições parecem ter raízes na disfunção mitocondrial, incluindo doenças do coração. A CoQ10 se concentra nas células cardíacas, que possuem cerca de 5.000 mitocôndrias por células. 

Para que se possa comparar, apenas de 3% a 8% do volume de mitocôndrias se encontram no tecido muscular esquelético enquanto, no tecido cardíaco, elas constituem 35%. Para determinar quais micronutrientes são melhores para o seu coração, pesquisadores da Brown University conduziram um estudo. Quantifica o impacto dos micronutrientes nos resultados cardiovasculares, eles revelaram um mapa baseado em evidências.

Dos 27 micronutrientes, três ficaram em primeiro lugar: gorduras ômega-3, ácido fólico e CoQ10. Conforme o estudo do Journal of the American College of Cardiology, a CoQ10 diminuiu os eventos de mortalidade por todas as causas. Seus efeitos antioxidantes e capacidade de produzir ATP envolvem os efeitos cardioprotetores da CoQ10. Vários estudos apoiam o uso de CoQ10 para a saúde cardíaca, incluindo as seguintes condições:

  1. Ataque cardíaco — Ao mesmo tempo que diminui a probabilidade de morrer de doença cardíaca, tomar CoQ10 diariamente dentro de três dias após um ataque cardíaco reduz o risco de um ataque cardíaco subsequente e dor no peito. A probabilidade de sofrer um ataque cardíaco não fatal ou fatal durante 12 meses, em comparação com aquelas que não tomaram a CoQ10 foi menor também.

Para evitar a incidência de um problema médico, foi de 34 para prevenir um ataque cardíaco não fatal e 60 para prevenir um ataque cardíaco fatal, o número necessário para tratar, ou NNT, que descreve quantas pessoas têm que tomar um determinado medicamento.

Os pesquisadores no Cereus escreveram: “Os médicos devem considerar a adição da coenzima Q10 ao regime de tratamento de pacientes de alto risco de enfarte do miocárdio”. “… A qualidade de vida desses pacientes melhorará ao usar a coenzima Q10 como suplemento.”

  1. Insuficiência cardíaca — Na insuficiência cardíaca o coração cão consegue bombear sangue o suficiente para o corpo, e a suplementação com CoQ10 pode melhorar essa insuficiência. Com a gravidade da insuficiência cardíaca correlacionada com a gravidade da deficiência de CoQ10, níveis baixos de CoQ10 estão associados a um risco aumentado de insuficiência cardíaca. 

De acordo com um estudo publicado no Cochrane Database of Systematic Reviews: “Dados emergentes sugerem que os efeitos nocivos das espécies reativas de oxigênio aumentam em pessoas com insuficiência cardíaca, e a coenzima Q10 pode ajudar a reduzir esses efeitos tóxicos devido à sua atividade antioxidante”. Além disso, o potencial da CoQ10 para melhorar a insuficiência cardíacas também foi destacada pelos cientistas do estudo Cureus:

“A coenzima Q10 melhora o tempo de caminhada de 6 minutos em pacientes com insuficiência cardíaca… o suplemento de coenzima Q10 reduz o risco de todas as causas de morte, agravamento da insuficiência cardíaca, e morte cardiovascular… A coenzima Q10 reduz a internação na insuficiência cardíaca e reduz os episódios de edema pulmonar na insuficiência cardíaca.”

  1. Fibrilação atrial (Afib) — A eliminação de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a redução do estresse oxidativo são uma parte essencial para manter o coração funcionando normalmente, inclusive ajudando a evitar Afib, um ritmo cardíaco anormal, muitas vezes rápido, que ocorre quando os átrios, as câmaras superiores do coração, batem fora de sincronia com os ventrículos, as câmaras inferiores do coração. Em pessoas com insuficiência cardíaca é um sintoma normal da doença. 

Cento e dois pacientes com Afib foram divididos em dois grupos, em um estudo. Um grupo recebeu um suplemento de CoQ10, enquanto o outro recebeu um placebo. 12 pessoas no grupo placebo tiveram episódios de Afib em comparação com apenas 3 pessoas no grupo CoQ10, após um ano de suplementação. Também teve uma queda considerável no grupo CoQ10 um marcador conhecido de estresse oxidativo chamado malondialdeído.

  1. Pressão arterial — Dilatando os vasos sanguíneos e reduzindo a pressão arterial, a CoQ10 atua diretamente no endotélio. Também diminuem com a CoQ10 a aldosterona, hormônio que faz você reter água e sal. Fazendo com que a pressão arterial diminua, com a diminuição da aldosterona, o excesso de sal e água é expulso pelos rins.

A suplementação de CoQ10 diminuiu significativamente a pressão arterial sistólica, bem como a pressão arterial diastólica, embora a diastólica não tenha sido estatisticamente significativa, numa revisão sistemática e meta-análise de 17 ensaios.

 5.  AVC — Estresse oxidativo, inflamação sistêmica e danos às células nervosas demonstram ter um papel importante na ocorrência de AVC. Em pacientes tratados com estatinas após sofrerem um acidente vascular cerebral (as estatinas reduzem os níveis de CoQ10 em seu corpo), a pesquisa sugere que a suplementação com CoQ10 pode reduzir lesões isquêmicas e melhorar os resultados.

6. Menor inflamação — Quando sua PCR está elevada, sugere que você tem um risco aumentado de doença cardíaca, a proteína C reativa (PCR) que é um marcador de inflamação. Descobriu-se que a suplementação de CoQ10 reduz significativamente os níveis de PCR circulante, conforme explicam os pesquisadores:

“O nível de mediadores inflamatórios na população em geral e propõe que a suplementação diária de 300–400 mg de CoQ10 mostra uma inibição superior de fatores inflamatórios, conforme evidências fornecidas por esta meta-análise.”

Dois outros marcadores de inflamação são o peptídeo natriurético tipo pro b N-terminal (NT-proBNP), e a gama-glutamil transferase (GGT), que é um marcador precoce de insuficiência cardíaca.

O ubiquinol, a versão reduzida da CoQ10 (também conhecida como ubiquinona) possui associação com esses dois marcadores. Esses dois marcadores são reduzidos, e os genes associados com eles são infrarregulados quando o ubiquinol é suplementado.

Não apenas a PCR, mas também o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e a IL-6; medidas adicionais de inflamação generalizadas podem ser reduzidas significativamente com a suplementação com 60 miligramas (mg) a 500 mg de CoQ10 por oito a 12 semanas. E os pesquisadores sugeriram que ele “pode ser promissor no tratamento da disfunção vascular relacionada à idade”, já que se descobriu também que o ubiquinol melhora a função vascular em adultos mais velhos.

Dois fatores causadores da deficiência de CoQ10 são o envelhecimento e as estatinas

Aos 25, anos de idade, a produção de CoQ10 atinge seu pico e começa a decair. Além do envelhecimento, as estatinas para baixar o colesterol também são conhecidas por esgotar a CoQ10. E aos 65 anos, seu corpo normalmente produz apenas metade da quantidade que produzia aos 25 anos.

As estatinas reduzem o colesterol bloqueando a HMG coenzima A redutase no fígado. Ela torna a depleção provável, esta é a mesma enzima que produz CoQ10. A deficiência de CoQ10 pode ser responsável pelos efeitos colaterais relacionados ao controle muscular, frequentemente atribuídos a medicamentos que contenham estatinas.

A diminuição da CoQ10 entre pacientes usuários de estatinas está relacionada à diminuição do LDL, que, por sua vez, é o principal transportador de CoQ10 na circulação, como foi sugerido.

Também podem reduzir os níveis de CoQ10, assim como os derivados do ácido fíbrico para o colesterol, como o gemfibrozil (Lopid), além das estatinas, os betabloqueadores para hipertensão e os antidepressivos tricíclicos.

A suplementação pode ser necessária para manter os níveis de CoQ10 altos o suficiente para uma saúde ideal, dependendo da sua idade e estado de saúde. Para os idosos, o uso do ubiquinol é mais recomendado, pois ele é absorvido na hora. Já os jovens conseguem fazer um melhor uso da suplementação de CoQ10.

Você PRECISA tomar pelo menos de 100 a 200mg de ubiquinol ou CoQ10 por dia, ou mais se tiver tomando estatina, lembre-se. Para determinar a dosagem ideal você deve conversar com seu médico. No entanto, você precisa ingerir mais se estiver mais doente.

A dose sugerida é de 60 a 1.200 mg por dia se estiver doente ou tiver problemas de saúde subjacentes, ou de 30 mg a 100 mg por dia se você estiver saudável. Você pode aumentar a dosagem para 200 ou 300 mg ao dia, caso esteja sob muito estresse, faça muitos exercícios físicos ou tenha uma vida extremamente agitada.

CoQ10 pode melhorar sua saúde geral

Com alguns estudos sugerindo que pode aumentar a expectativa de vida em modelos animais, não é apenas a saúde do seu coração que se beneficia da CoQ10. O nutriente também é útil para doenças relacionadas à idade. Também foram relatados redução do declínio da fertilidade masculina e benefícios na fertilidade de mulheres mais velhas. Também pode ajudar a aliviar as enxaquecas e interromper a progressão da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA).

Em casos de lesão renal aguda devido à sepse, medicamentos como anti-inflamatórios não esteroides e outras causas, a CoQ10 também protege os rins e pode ser útil. Resumindo, como afirma uma revisão do Journal of Pharmacy & BioAllied Sciences, então, se você é mais velho e acha que não está obtendo o suficiente apenas com a dieta, este é um suplemento que você pode querer considerar que “a CoQ10 é essencial para a saúde de praticamente todos os tecidos e órgãos humanos”.