O governode Cuba, do ditador Miguel Díaz-Canel, demitiu repentinamente os seus ministros da Economia e da Indústria Alimentar na sexta-feira 2, depois de receber críticas por causa de um plano de austeridade apresentado no mês passado. Entre outras determinações, o plano previa quintuplicar o preço da gasolina (aumento de 500%) no meio da mais grave crise econômica do país nas últimas décadas.
O jornal Granma, do Partido Comunista, informou, de forma genérica, que o ministro da Economia, Alejandro Gil foi “liberado de suas funções”. Ele também atuou como vice-primeiro-ministro e, nesta função, lançou uma reforma monetária fracassada, de acordo com o jornal El Nuevo Herald. A iniciativa, prossegue o jornal, estimulou a inflação desenfreada nos últimos dois anos. Manuel Santiago Sobrino Martínez, chefe do Ministério da Indústria Alimentar, também foi demitido.
“A mudança vem porque é necessária para Cuba”, disse ao jornal o ex-deputado Joe García, que está envolvido em esforços para apoiar empresários privados independentes em Cuba. “Eles têm de reestruturar a sua economia porque não há outra alternativa.”
Os setores mais afetados têm sido a agricultura e a produção de alimentos. Nos últimos anos, a produção de açúcar de Cuba caiu para o nível mais baixo em um século, a quantidade de alimentos distribuídos pelo governo foi reduzida. Têm sido cada vez mais comuns relatos de fome e desnutrição, diz o Herald. O país teve que importar a maior parte dos alimentos consumidos pela população.
Governo centralizado
De acordo com o Herald, a responsabilidade destes dois ministros deve ser relativizada. Isto porque, em função da natureza centralizada do governo cubano e da autoridade suprema do Partido Comunista, algumas decisões relacionadas com a produção alimentar e a economia em geral são tomadas aos mais altos níveis do governo e não nos ministérios.
Sob o comando destes dois ministros, no entanto, a economia e a produção alimentar da ilha estavam em queda livre, de acordo com o jornal.
Gil, 60 anos, engenheiro, foi promovido a vice-primeiro-ministro em 2019, durante o mandato de ministro. Foi o arquiteto de diversas políticas fracassadas, na opinião do jornal.
Entre elas estão a reforma monetária e as tentativas de controlar o preço do dólar vendido na rua. Ele também não obteve êxito com a imposição de restrições bancárias ao crescente setor privado.
O ex-ministro Gil prometeu uma recuperação econômica, mas o de Cuba encolheu 3% em 2023, sem conseguir se redimir das profundas contrações durante a pandemia e de um fraco desempenho em 2022.
Fonte: revistaoeste