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Estigma: o problema do desvalor à vida humana

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Estigma é uma palavra que se encontra em nossos dicionários como “algo que é considerado indigno, desonroso”. Trata-se de um termo de origem grega, proveniente de “stígmata”, uma marca ou cicatriz feita no corpo. Do ponto de vista sociológico diz respeito a uma característica percebida em alguém ou num grupo de pessoas como negativa na visão de outros indivíduos ou grupos de indivíduos.

Marcos Estevão fala sobre estigma – descompromisso com a vida humana

Baseado nesse entendimento, estigma leva a um dos mais tristes sentimentos da humanidade: a discriminação, que existe desde os primórdios, quando as pessoas perceberam diferenças entre elas, em relação a aspectos raciais e religiosos, orientação de gênero, enfermidades físicas, com possível risco de contágio, alterações comportamentais, ou seja, tudo que esteja em desacordo com seus conceitos ou despertando seus receios.

A luta contra o estigma é tão antiga, quanto sua existência. Convive com o homem o estigma e a luta contra ele, que permanece atual e parece ser futura, talvez eterna. É claro que hoje em dia há mais respeito e tolerância com a diversidade do que havia no passado, mas a verdade é que ainda existe.

🎧 Ouça abaixo entrevista de Marcos Estevão à Morena FM sobre o tema:

Na saúde o estigma está presente em doenças físicas, principalmente as infectocontagiosas, como o HIV, a hanseníase e outras, assim como nas doenças mentais. E é sobre estas que vamos tecer alguns comentários, reportando-nos um pouco ao estigma que existe em relação ao doente mental, que desde a antiguidade sofre inúmeras definições depreciativas e injustas, que partem de um simples alienado mental, jogado à própria sorte, banido dos relacionamentos sociais; passando pelo endemoninhado, que albergava em seu corpo figuras satânicas, que mereciam o ostracismo e até mesmo a morte na fogueira.

Hoje o doente mental ainda recebe muitas vezes a alcunha de mal-educado, preguiçoso, marginal, visto como alguém capaz de tudo, até mesmo de matar. Observa-se que os erros em relação ao conceito de doença mental e de doente mental vêm ocorrendo através do tempo e permanecem no momento atual, compartilhados por muitos seres humanos que, apesar de terem o desenvolvimento da racionalidade, não conseguem usá-la, seja por ignorância ou por má fé.

A discriminação está presente em qualquer lugar, seja na área urbana ou rural, na escola, no trabalho, nas relações sociais e até mesmo dentro de casa, mas é na busca e na manutenção de vínculo empregatício que se encontra, provavelmente, o maior desafio para todos aqueles que têm uma doença mental. É no trabalho que, muitas vezes, são tratados como se não conseguissem executar suas tarefas a contento, ou necessitassem de frequentes dispensas do serviço, ou ainda como se pudessem tornar-se agressivos, com risco aos colegas de trabalho ou ao ambiente profissional.

Como dissemos antes, isso hoje ocorre bem menos do que em épocas passadas, mas ainda sua ocorrência é maior do que se espera na era atual, em que há maior facilidade de informação e consequente maior aquisição de conhecimento. Quando acontece, é por puro desconhecimento de que a doença mental é como qualquer outra enfermidade, com controle médico eficaz e vida normal na maioria dos casos, exatamente naqueles que buscam ou que já estão no campo de trabalho.

Discriminar o doente mental é sentenciá-lo ao agravamento de seu quadro patológico; é não permitir que ele tenha a possibilidade de mostrar seu potencial de serviço, que pode ser melhor que muitos outros profissionais; em última análise, é agir sem empatia e sem compromisso com a vida humana.

Fonte: primeirapagina

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