A obesidade e o sobrepeso são grandes preocupações para as sociedades, principalmente de países desenvolvidos, como os EUA, e em desenvolvimento, como o Brasil, onde a população acima do peso ultrapassa metade da população total do pais.
As consequências, nem sempre presentes no curto prazo, são avassaladoras para o indivíduo: diminuição da qualidade de vida devido a mobilidade, aumento da suscetibilidade ao câncer e doenças crônicas, dificuldade na realização de tarefas do dia a dia e risco aumentado de doenças metabólicas.
As doenças relacionadas ao sobrepeso e a obesidade nem sempre estão presentes nos pacientes, mas vão se desenvolvendo com o passar do tempo, isso é, conforme anos se passam com a situação e condição instalada.
Não é da noite para o dia que uma doença se instala, e não é da noite para o dia que ocorre o ganho de peso, é algo que ocorre ao longo de anos.
Defender a obesidade é defender uma doença, e apesar de eu já ter conversado aqui inúmeras vezes com vocês sobre a questão da estética —e de não julgamos um corpo com obesidade pelo fato de ter a doença, mas vendo um ser humano possivelmente saudável ali, e com respeito—, afinal o peso não é o único determinante para o surgimento ou não de uma doença, sigo firme ao lado da ciência em difundir as informações relevantes quanto ao sobrepeso e à obesidade e, obviamente, os riscos ao indivíduo e os desafios de políticas públicas para a manutenção dos tratamentos conforme a população adoece.
Ao longo do tempo em que se estuda e aplicam-se estratégias para essa luta contra a obesidade em uma população, novos tratamento surgem, novas modas, novos desafios, e, sim, novos produtos.
A cirurgia bariátrica e metabólica é uma saída viável, segura e amplamente defendida pela classe médica para que haja uma saída para os pacientes que se enquadram em situações especificas: já tentaram emagrecer de forma convencional, possuem IMC acima de 40, possuem alguma doença associada —como diabetes, hipercolesterolemia ou hipertensão.
Mas ela não é a solução definitiva, e um dos maiores desafios é quanto a mudança de hábitos dos pacientes, que, antes da cirurgia, possuíam um distúrbio alimentar —ou não— impedindo o controle sobre a própria saciedade.
Ou então, após a cirurgia, com o passar dos anos têm dificuldade no controle de compulsão alimentar, por exemplo, sem mudanças de hábitos, e também com a mesma dificuldade no controle de saciedade e fome.
Com essa cortina frente a luz que é a possível solução para o controle da obesidade, aumentou-se também a venda de medicamentos com o apelo da saciedade, ou seja, reduzem a fome, reduzem o esvaziamento gástrico e mantêm os pacientes saciados por mais tempo.
Resultado do uso inadequado e amplamente difundido desses medicamentos: pacientes com depressão, ansiedade, distúrbios de sono, humor, desnutrição, disbiose e outras condições.
Agora, com o poder da tecnologia, uma luz menos provável se acendeu, mas com o mesmo princípio: uma capsula que vibra no estômago ao ser ingerida e que, com a vibração, estimula os mesmos centros de produção do neurotransmissor leptina, responsável pela saciedade no nível cerebral.
Como funciona? Nos testes, realizados em animais, a ingestão de alimentos foi reduzida em 40%. Conforme divulgado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a capsula ingerível deve ser consumida minutos antes de uma refeição, conforme ela vibra no estômago, induz o cérebro a pensar que é hora de parar de comer.
Quem está de dieta sabe que um grande aliado para não se sentir com fome o tempo todo (observação: fome física, fome fisiológica mesmo, em que o estômago se encontra vazio e o seu cérebro envia sinais físicos para que você comece a comer, como por exemplo dor de cabeça, fraqueza, salivação) é manter-se hidratado, pois líquidos também são capazes de estimular o estômago a avisar o cérebro que está cheio.
Essa alegação se equivale a cápsula, que ao vibrar, estimula os sensores de estiramento, dando a impressão que o estômago está distendido, ou seja, cheio.
“Para quem quer perder peso ou controlar o apetite, pode ser tomado antes de cada refeição”, diz Shriya Srinivasan PhD ’20, ex-aluno de pós-graduação e pós-doutorado do MIT, que agora é professor assistente de bioengenharia na Universidade de Harvard.
“Isso poderia ser realmente interessante, pois forneceria uma opção que poderia minimizar os efeitos colaterais que vemos com outros tratamentos farmacológicos existentes.”
“Quando o estômago fica distendido, células especializadas chamadas mecanorreceptores sentem esse alongamento e enviam sinais ao cérebro através do nervo vago. Como resultado, o cérebro estimula a produção de insulina, bem como de hormônios como peptídeo C, Pyy e GLP-1. Todos esses hormônios trabalham juntos para ajudar as pessoas a digerir os alimentos, sentir-se saciadas e parar de comer. Ao mesmo tempo, os níveis de grelina, um hormônio que promove a fome, diminuem.” (adaptado da reportagem original do MIT).
Com certeza é uma possibilidade incrível a ser implementada com segurança aos humanos, e esperamos ansiosos para que os estudos avancem.
Fonte: uol