No verão, por causa do calor, muitas pessoas preferem comer algo leve, como uma saladinha com uma carne. E, seja por estar de férias e querer curtir o máximo fora de casa, seja por não ter tempo para ficar na cozinha com a rotina agitada, muita gente acaba optando por saladas prontas para o consumo.
Dados de 2020 do Brasil Food Trends mostram que 34% dos consumidores priorizam produtos minimamente processados, como são intitulados esses alimentos que foram submetidos a pequenas alterações.
Mas a conveniência desses alimentos não elimina a importância de considerar cuidadosamente a escolha dos mesmos. Além de se atentar à lista de ingredientes, para saber qual é a sua composição, o consumidor precisa averiguar se o produto realmente passou pelo processo de higienização.
“Embora sejam vendidas embaladas, algumas saladas são apenas pré-lavadas e por isso oferecem riscos à saúde caso não sejam higienizadas corretamente em casa”, observa a nutricionista Daniele Maffei, professora da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo).
Porém, Maffei recomenda cautela mesmo que a salada tenha sido higienizada. Ela é coautora de uma pesquisa, publicada em 2023 na revista Foods, que mostrou a presença de microrganismos causadores de infecções em saladas vendidas pré-higienizadas.
“As indústrias têm essa responsabilidade de colocar no mercado produtos com qualidade e segurança, mas falhas podem ocorrer em algum momento do processo de manipulação desse produto”, explica Maffei.
Por isso, embora o risco seja reduzido, a pesquisadora sugere que se o consumidor dessas saladas prontas estiver em um grupo de maior vulnerabilidade (como grávidas, idosos ou pessoas com a imunidade comprometida), é aconselhável intensificar a higienização desses produtos ao chegar em casa.
“Esse grupo é mais suscetível de adoecer em decorrência da presença de microrganismos causadores de doença que podem estar presentes na salada”, afirma a professora.
Como escolher?
De acordo com especialistas ouvidos por VivaBem, para diminuir os riscos, os consumidores devem optar por marcas que possuam selo de qualidade, que demonstra que a empresa foi auditada e segue boas práticas de fabricação. Outro quesito importante é escolher saladas que passaram por um processo de irradiação, que é o tipo de tratamento preconizado pela Organização Mundial de Saúde.
“Nesse processo, o alimento é submetido a uma dose controlada de irradiação ionizante e ocorre sua esterilização completa. Dessa forma, a vida útil do alimento também é estendida”, descreve Márcia Cristina Bueno, que é mestre em ciência dos alimentos pela Unesp.
Bueno também ressalta a importância de os consumidores preferirem saladas de composição única, ou seja, sem mescla de grupos alimentares, como verduras e legumes. “Um tubérculo é muito mais ativo em água, então ele vai se deteriorar muito mais rápido”, argumenta Bueno.
Atente-se também à data de validade e priorize aquelas que foram produzidas mais recentemente, pois isso garante maior frescor dos itens da salada.
O aspecto geral da salada também deve ser considerado. Folhas murchas ou amareladas indicam processo de deterioração. Observe se a embalagem está íntegra e se o armazenamento está sendo feito de forma correta, como consta na embalagem. Freezer cheio demais ou com gelo se formando nas extremidades demonstram que o refrigerador não está funcionando corretamente.
Como conservar em casa?
Em casa, para estender a durabilidade das saladas embaladas, é crucial armazená-las imediatamente na geladeira, mantendo a temperatura entre 0°C e 4°C. Certifique-se de que a embalagem está bem selada para evitar congelamento e consuma a salada rapidamente após abri-la.
Caso prefira, transfira a salada para recipientes herméticos, assegurando que o manuseio seja realizado de acordo com as melhores práticas de higiene. Além disso, esteja atento a sinais visuais de deterioração, como mudanças de cor ou odor. Embora as etapas do processamento possam modificar a estrutura dos vegetais, elas não afetam a qualidade nutricional dos ingredientes.
Como fazer a higienização correta de folhas, verduras e legumes:
Desfolhe as verduras (folha a folha) e faça a triagem dos legumes (um a um), desprezando partes estragadas.
Lave em água potável. Para produtos com casca, pode-se usar uma escovinha, desde que destinada exclusivamente para esta finalidade.
Deixe de molho em solução clorada a 200 a 250 ppm (partes por milhão) por 15 min e depois enxague. Essa solução clorada por ser feita utilizando produtos comerciais ou água sanitária (1 colher de sopa para cada 1 litro de água).
“Atente-se ao rótulo da água sanitária, que deve constar se o produto pode ser utilizado na sanitização de vegetais, pois ela não pode conter nenhum tipo de fragrância e deve estar na composição de 2 a 2,5 de cloro ativo”, destaca Maffei.
Retire o excesso de água (isso pode ser feito utilizando um utensílio centrifugador de secar salada ou papel absorvente).
Pique, descasque, cozinhe ou sirva, conforme o preparo planejado.
Fontes: Ana Paula Garcia, mestre em nutrição pela UFPR e coordenadora do curso de gastronomia da Uninter; Anderson S. Sant’Ana, professor do Departamento de Ciência de Alimentos e Nutrição da Unicamp; Daniele Fernanda Maffei, professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo) e pesquisadora do FoRC (Food Research Center); Márcia Cristina Bueno, mestre em ciência dos alimentos pela Unesp.
Fonte: uol