Com o Natal se aproximando, muitas famílias já começam a se organizar para a ceia. Entre pratos diferentes para preparar, é fácil acabar com uma lista enorme de afazeres e pouco tempo para focar em cada uma das tarefas de maneira efetiva.
Mas uma das etapas que nunca deve ser negligenciada é a descongelação das carnes. O preparo correto garante que o alimento não só mantenha textura e sabor, mas também que esteja adequado para o consumo.
Muitas vezes, sem perceber, adotamos práticas que comprometem a qualidade e a segurança dos alimentos que serão servidos à mesa.
A seguir, buscamos abordar as perguntas mais comuns relacionadas ao descongelamento de carnes, descrevendo os métodos corretos e destacando precauções essenciais.
O jeito certo de descongelar as carnes
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o descongelamento deve ser feito de forma lenta, em condições de refrigeração a uma temperatura inferior a 5ºC.
O descongelamento de alimentos nunca deve ser feito à temperatura ambiente. A parte exterior aquece mais rápido que a interior, o que incentiva o crescimento de bactérias. Para manter uma temperatura fria constante, use a geladeira. Cynthia Aidar, supervisora do serviço de nutrição e dietética do Hospital Moriah
De acordo com a nutricionista, na geladeira o alimento é mantido a uma temperatura segura durante o descongelamento.
“Dentro do refrigerador, o alimento vai descongelar e ficar na temperatura da geladeira, que é, no máximo, 4°C ou 5°C. E nessa temperatura não há multiplicação dos patógenos nem produção de toxinas.”
Se a ideia for cozinhar, grelhar ou fritar logo em seguida, os alimentos também podem ser descongelados no micro-ondas (com diferenças entre as carnes, que abordaremos logo mais), em recipientes de vidro ou plástico adequado.
“Os equipamentos de micro-ondas possuem uma função de descongelamento que permite ajustar a potência e o tempo pré-determinados para cada tipo de carne. O importante na hora de usar é conferir a quantidade de carne, pois com isso o micro-ondas definirá o tempo necessário para o descongelamento”, indica Cynthia Aidar.
Já descongelar os alimentos direto no forno pode colocar em risco a saúde por permitir o crescimento de microrganismos e produção de toxinas nocivas à saúde, já que o descongelamento não ocorre de forma regular.
De acordo com Aidar, a passagem de calor em forno convencional é lenta, deixando o centro da carne a uma temperatura propícia ao crescimento microbiano. Durante o cozimento, nenhum ponto da carne deve estar congelado, pois isso pode impedir que alcance a temperatura de 70°C necessária para eliminar microrganismos patogênicos como Salmonella, E.coli e Listeria.
Apenas alimentos com instruções específicas do fabricante podem ser descongelados diretamente durante o cozimento. Katielle Jacinto, nutricionista do São Joaquim Hospital e Maternidade e da Unimed Franca
A Anvisa também alerta que os alimentos submetidos ao descongelamento devem ser mantidos sob refrigeração se não forem imediatamente utilizados, não podendo ser recongelados.
Descongelar com água corrente é seguro?
Descongelar as carnes com água corrente é considerado um método menos seguro do que os citados anteriormente. De acordo com Marcella Garcez, médica nutróloga, professora e diretora do Departamento de Fitoterápicos e Nutracêuticos da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), alguns riscos são o contato da água de descongelamento ou do alimento com outras comidas, possibilitando contaminação cruzada e descongelamento uniforme.
Diferenças no processo de descongelamento entre carnes vermelhas, aves e peixes
“A carne bovina, suína e aves ou outros produtos congelados, após o descongelamento, devem ser armazenados sob refrigeração de até 4ºC e consumidos em 48 horas”, diz Katielle Jacinto.
Segundo ela, os pescados são uma exceção, com o tempo mais curto: devem ser preparados e consumidos em no máximo 24 horas.
Cuidado com os recipientes
Durante o processo de descongelamento, é fundamental utilizar recipientes adequados por razões relacionadas à segurança alimentar e à qualidade dos alimentos.
“Armazenar as carnes em recipientes apropriados durante o descongelamento previne o contato direto com outros alimentos, reduzindo o risco de contaminação cruzada. Além disso, o uso desses recipientes auxilia no controle da temperatura, o que é essencial para evitar o rápido crescimento de bactérias”, descreve a nutróloga Marcella Garcez.
De acordo com a médica, a prática de armazenar carne em recipientes durante o descongelamento também evita que os sucos da carne escorram para outros alimentos, resultando em menos desperdício.
“O descongelamento realizado de maneira controlada e lenta contribui para preservar a textura, o sabor e a umidade das carnes. Além disso, o uso de recipientes facilita a limpeza e a organização na cozinha, proporcionando um ambiente mais eficiente durante o preparo dos alimentos.”
Riscos de descongelar errado
O descongelamento inadequado de carnes pode levar à contaminação, que leva ao risco microbiológico, ou seja, risco de contrair certas doenças.
Durante o processo de descongelamento, a temperatura da carne aumenta gradualmente, permitindo que as bactérias presentes se multipliquem.
“A temperatura ambiente é uma faixa de temperatura na qual as bactérias podem se multiplicar rapidamente, especialmente nas superfícies externas da carne, enquanto o centro ainda está congelado, por isso não se deve descongelar carnes à temperatura ambiente ou em água corrente ou em recipientes com água sobre a pia ou bancadas”, alerta Cynthia Aidar.
Alguns sinais de que a carne pode ter sido descongelada inadequadamente e não está mais segura para o consumo:
Cheiro ruim ou atípico para aquele alimento.
Cor esverdeada, que caracteriza proliferação de bactérias.
Cor amarronzada, que indica carne ficou exposta a uma temperatura inadequada.
“Em todos os casos, a recomendação é o descarte desses alimentos, pois estão impróprios para o consumo”, afirma Aidar.
Fonte: uol