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Encontro de acessibilidade: debatendo legislação e trabalho no Brasil

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A segunda parte do 1º Encontro de Acessibilidade e Inclusão do Poder Judiciário de Mato Grosso, realizado na  quinta-feira (30 de novembro) no auditório Gervásio Leite, na sede do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, trouxe temas importantes sobre a realidade de pessoas com deficiência, no âmbito arquitetônico, educacional, legal e trabalhista.

O tema da arquitetura com acessibilidade foi abordado pela arquiteta Edilene Dias, que trabalha com projetos de urbanismo e acessibilidade em Cuiabá. A palestrante abordou conceitos de acessibilidade que se referem a questões de construções de equipamentos acessíveis de forma correta e adequada.

“Nós, técnicos, temos essa responsabilidade de construir e de fazer com que não haja barreiras para que as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida consigam se locomover de forma independente. Assumir ser acessível é um compromisso e um desafio, em que precisamos estar juntos para conseguir atingi-los”, afirmou.

Edilene destacou que o cuidado com a acessibilidade se destina a pessoas com deficiências de natureza física, mental, intelectual ou sensorial e vai muito além: também atende pessoas que utilizam cadeira de rodas para locomoção, idosos, pessoas com mobilidade reduzida permanente ou temporária, gestantes, pessoas obesas e pessoas com nanismo.

A arquiteta também apresentou e explicou normas e leis brasileiras que ditam as diretrizes de acessibilidade para edificações e que asseguram direitos de acessibilidade à população.

A palestra “Se um pode, todos podem”, conduzida pelo adolescente Gabriel Bertin, de apenas 12 anos, encantou todo o público, com a desenvoltura e carisma do garoto, que é autista e mora em São Paulo.

Gabriel contou um pouco da sua história, apresentou vídeos e fotos de sua infância, analisando seu comportamento, sintomas e o diagnóstico, que veio aos 3 anos de idade.

“Meus pais ficavam domingos inteiros em bibliotecas procurando livros para me ajudar no desenvolvimento, além disso, me colocaram nas terapias, fonoaudióloga, psicóloga e terapeuta ocupacional. Eles trabalhavam questões sensoriais, criaram uma sala de brinquedos, com base em atividades sugeridas pela literatura”, relatou.

Ele contou como foram e são suas vivências na escola, na igreja, no grupo de aventureiros e desbravadores (semelhante aos escoteiros), na prática de esportes, na música, em casa, com o irmão, com os amigos, em festas e diversos ambientes.

“Muitas coisas são possíveis, mas não é fácil. Precisamos treinar, dar a previsibilidade, conversamos, ajudamos. Essa possibilidade de se superar é muito legal, mas depende de muito trabalho”, disse a mãe de Gabriel, Carla Bertin, que proferiu palestra na sequência.

“Os direitos do autista ao longo da vida” foi o tema da palestra da mãe de Gabriel, que é contabilista, advogada, especialista em intervenção precoce no autismo e especialista em inclusão de pessoas com deficiência.

Carla compartilhou com o público no TJMT todas as características do autismo do filho notadas pela família desde o início da infância, incluindo atitudes que ele tinha, padrões de comportamento, como foi feita a anamnese, o que a família fez até chegar ao diagnóstico e o prognóstico, celebrando o grande avanço nesses nove anos de tratamento do autismo.

“É essencial que as pessoas entendam, que o Poder Judiciário entenda o que é autismo, porque as pessoas autistas estão em todos os lugares e se a gente não entender, a gente nunca vai respeitar”, defende.

Carla falou de todas as leis que garantem direitos às pessoas com transtorno do espectro autista, falou sobre prerrogativas médicas, tratamentos adequados, direitos do paciente na saúde suplementar, normas regulamentadoras da Agência Nacional de Saúde, além de direitos na área da educação.

Gabriel tem um canal no YouTube chamado AutismoGames, onde ele produz conteúdos sobre jogos de vídeo game e sua mãe pode ser contatada pelas páginas @autismolegal nas redes sociais ou pelo site www.autismolegal.com.br

Trabalho – A última palestra do evento abordou o tema “emprego apoiado”, conduzido pelas psicólogas Thalia Marostica e Brunah Rockenbach, do Instituto Mato-grossense de Análise do Comportamento (Imac).

Elas falaram sobre os benefícios da psicologia para pacientes com autismo sob o olhar organizacional, tendo a inclusão sob uma perspectiva de comportamentos nos ambientes cotidianos.

Thalia trouxe dados que apontam que 8,9% da população brasileira é composta por pessoas com deficiência. Destas, apenas 29,2% estão inseridas no mercado de trabalho e a renda média é de R$ 1.860,00. Uma pesquisa realizada em São Paulo mostra que 49% das pessoas com deficiência nunca tiveram uma oportunidade de trabalho.

 

Integração e inclusão como objetivos para a inserção de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho também foi debatido no painel, destacando a importância de dar todo o suporte necessário para que a pessoa tenha autonomia no cargo que vai exercer.

“Nós vamos adaptar o ambiente para que ele receba a pessoa e não adaptar a pessoa ao ambiente. Mapear o ambiente é importante para eliminar as barreiras e para que essa pessoa consiga se desenvolver dentro do ambiente de trabalho”, destacou Thalia.

A psicóloga também apresentou as características de um local de trabalho diversificado e inclusivo, que pode obter maior crescimento de receita, maior disponibilidade para inovar e maior capacidade de recrutar um conjunto diversificado de talentos.

“Temos estudos que mostram que empresas que possuem grupos heterogêneos com olhares diferentes obtêm melhores resultados. Então já sabemos que o conjunto de pessoas com olhares diferentes consegue resolver problemas de um jeito muito mais rápido e eficaz”, disse Brunah.

O encontro foi encerrado pela presidente da Comissão de Acessibilidade do Poder Judiciário, desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho.

O evento foi transmitido no YouTube do Tribunal de Justiça com tradução em libras.

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Fonte: Assessoria da Prefeitura

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