Sophia @princesinhamt
Tecnologia

Como o Wi-Fi pode ser usado para detectar pessoas através de paredes

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Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, usaram as ondas eletromagnéticas geradas por um roteador de wi-fi para detectar e mapear os movimentos de corpos humanos atrås de paredes. 

Jå existem algumas técnicas óbvias para estimar a posiçÔes de pessoas: cùmeras e radares são os melhores exemplos. Mas cùmeras, evidentemente, são fåceis de se obstruir, além de dependerem de boas condiçÔes de iluminação. Jå radares são caros demais para o contexto doméstico (certamente não dão uma boa babå eletrÎnica) e consomem muita energia.

Pensando nisso, Jiaqi Geng, em seu mestrado na ĂĄrea de CiĂȘncia em RobĂłtica, combinou duas tĂ©cnicas jĂĄ disponĂ­veis para criar um novo sistema, que nĂŁo depende de luz, enxerga atravĂ©s de objetos e seria barato e acessĂ­vel. 

“Para resolver esses problemas, nos inspiramos em recentes modelos de aprendizagem profunda e propomos uma arquitetura de rede neural que pode realizar estimativas de poses a partir de wi-fi. Nosso algoritmo Ă© capaz de estimar pose usando apenas sinal wi-fi em cenĂĄrios com oclusĂŁo e mĂșltiplas pessoas”, ele escreve em seu artigo.

O sinal de wi-fi que usamos todos os dias (e que provavelmente estĂĄ alimentando seu dispositivo enquanto vocĂȘ lĂȘ este texto) consistem em ondas de rĂĄdio, que transmitem informaçÔes entre o seu aparelho e o roteador em duas frequĂȘncia: 2,4 gigahertz ou de 5 gigahertz.

Cada uma Ă© melhor em uma tarefa diferente. Os 2,4 GHz tĂȘm maior ĂĄrea de cobertura, mas transmitem informaçÔes mais lentamente, enquanto os 5 GHz sĂŁo o contrĂĄrio: menos cobertura, mais rapidez. 

O que os radares tradicionais fazem nĂŁo Ă© muito diferente: tambĂ©m envolve emitir uma onda eletromagnĂ©tica em uma frequĂȘncia especĂ­fica. Quando essa onda atinge um objeto, ela Ă© refletida, e parte dela volta para o radar. Esse sinal, entĂŁo, Ă© processado por um computador que calcula a distĂąncia do alvo.

O problema Ă© que esses aparelhos “dependem de campos eletromagnĂ©ticos adicionais de alta frequĂȘncia e alta largura de banda, que necessitam de tecnologia especializada nĂŁo disponĂ­vel ao pĂșblico em geral”, diz o artigo. Afinal, claro, nĂŁo Ă© brincadeira detectar um aviĂŁo. 

A inovação trazida na pesquisa de Geng e colegas Ă© que eles nĂŁo sĂł usam ondas com frequĂȘncias diferentes das de radares tradicionais, como tambĂ©m mapeiam a forma das pessoas, e nĂŁo sĂł sua localização aproximada. O roteador vira um radar tamanho pocket, com alcance limitado, mas alta definição. 

A cereja no bolo dependeu de uma outra tecnologia, também pré-existente. O DensePose é uma ferramenta da Meta que mapeia os pixels de uma imagem 2D e a transforma em uma representação 3D da superfície do corpo humano.

Os pesquisadores usaram o wi-fi como um sinal comum de radar. Essas informaçÔes foram parar em uma rede neural (um tipo de arquitetura de inteligĂȘncia artificial) treinada por eles, que mapeia a fase e a amplitude das ondas eletromagnĂ©ticas a as traduz no contorno dos corpos. Depois, eles pegam esses dados e alimentam o DensePose.

Os resultados completos estĂŁo disponĂ­veis no artigo.

Imagens de comparaçÔes usando imagens sincronizadas e sinais de WiFi.
Na esquerda, as poses estimadas visualmente; na direita, com uso apenas do sinal e wi-fi. (Jiaqi Geng/Reprodução)

Nem tudo sĂŁo flores. Por mais impressionantes que os mapeamentos sejam, os pesquisadores admitiram algumas falhas. Quando as poses eram muito diferentes das utilizadas para treinar a IA, o modelo errava bastante.

AlĂ©m disso, quando trĂȘs ou mais pessoas estavam na mesma captura, o modelo tinha dificuldade em dar detalhes de cada uma delas. “Acreditamos que ambos os problemas podem ser resolvidos atravĂ©s da obtenção de dados de treinamento mais abrangentes”, eles escrevem no artigo.

Exemplos de falhas de trĂȘs ou mais objetos simultĂąneos.
Nem todos os testes deram certo. O sistema teve dificuldade em estimar a pose de trĂȘs ou mais objetos simultĂąneos, por exemplo. (Jiaqi Geng/Reprodução)

Segundo os pesquisadores, sem a necessidade de tĂ©cnicas avançadas e caras, mais pessoas terĂŁo acesso a tecnologias de monitoramento. “Acreditamos que os sinais wi-fi podem servir como um substituto onipresente para detecção humana em certos casos”, escrevem em seu artigo.

A iluminação e a oclusĂŁo tĂȘm pouco efeito nas soluçÔes baseadas em wi-fi usadas para monitoramento interno. AlĂ©m disso, (
) o equipamento necessĂĄrio pode ser adquirido a um preço razoĂĄvel.”

É claro que monitorar os moradores de uma casa atravĂ©s das paredes nĂŁo Ă© exatamente um show de privacidade (especialmente porque esse radar domĂ©stico, ao contrĂĄrio de uma cĂąmera, pode observar o banheiro, por exemplo). 

De qualquer forma, o bom uso do sistema vai depender das intençÔes dos humanos que o estĂŁo utilizando. Ainda vai demorar um pouco atĂ© que vocĂȘ possa transformar seu roteador em um radar, mas quando isso acontecer, essa serĂĄ uma tecnologia Ăștil para monitorar idosos e bebĂȘs, por exemplo.  

Fonte: abril

Sobre o autor

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FĂĄbio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo