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Desvendando as psicopatologias emocionais decorrentes de experiências adversas

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As psicopatologias emocionais nos moldam e nos condicionam de infinitas formas como resultado de uma experiência adversa. Não somos entidades imutáveis, nem todos temos habilidades excepcionais em resiliência e gerenciamento de estresse. A vida dói e muitas vezes é cruel naqueles estágios em que a vulnerabilidade vence. Um exemplo disso é a infância.

São as crianças que mais desenvolvem distúrbios associados a eventos dolorosos, como abuso ou abandono. Além do mais, talvez muitos de nós apresentem sintomas ligados a eventos complicados que ainda não superamos. Saber identificar os sinais ajuda a agir e a se conscientizar de que uma mudança é necessária. Em seguida, vamos nos aprofundar em todos esses dados.

As emoções reprimidas nunca morrem. Elas estão enterradas vivas e virão à tona da pior maneira.

O que são psicopatologias emocionais?

As psicopatologias emocionais são os distúrbios psicológicos que as pessoas desenvolvem como consequência de um evento estressante de grande intensidade. Essas experiências podem ser específicas, como perder um ente querido. Existem também aquelas mantidas ao longo do tempo, por exemplo, lidar com uma família disfuncional em que o abuso é constante e dura anos.

Deve-se notar que essas dinâmicas são um eixo central da própria psicologia. Desde Sigmund Freud, essa ciência busca entender os mecanismos pelos quais a adversidade nos prejudica ou oferece ferramentas para sermos mais resilientes. No entanto, a primeira opção é mais provável do que a última.

A pesquisa compartilhada na revista Affective Science argumenta que experiências dolorosas alteram o funcionamento emocional de várias maneiras. Essas variações na percepção, na regulação e no gerenciamento corretos de nossos estados emocionais constroem a base dos distúrbios psicológicos.

Algo em que a ciência concorda é que as adversidades precoces têm grande impacto na população infanto-juvenil, pois quase sempre apresentam grandes problemas em seu correto desenvolvimento psicoemocional.

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Psicopatologias emocionais mais comuns após experiências dolorosas

Os efeitos da adversidade são muito diferentes de uma pessoa para outra. Frequentemente, dois indivíduos expostos à mesma experiência dramática reagem de maneiras diferentes. Isso significa que um evento doloroso nem sempre estabelece as bases das psicopatologias emocionais. Há um risco, não uma determinação.

Por que alguns reagem melhor a eventos estressantes? A ciência ainda está aprofundando a compreensão dos mecanismos de resiliência. Estudos como os publicados no American Journal of Medical Genetics indicam que pode haver um genoma específico capaz de tornar algumas pessoas mais resistentes.

No entanto, mais pesquisas são necessárias para chegar a dados mais conclusivos. Vejamos, no entanto, quais são os transtornos psicológicos comuns que se desenvolvem como resultado dessas experiências difíceis e ameaçadoras para o bem-estar e a segurança.

Em média, a negligência parental é a experiência que mais deixa psicopatologias emocionais no ser humano.

Ansiedade e desregulação emocional

A Universidad Mayor de Temuco, no Chile, fala sobre o papel da desregulação emocional como chave no progresso de boa parte das psicopatologias. Entendemos regulação emocional como a capacidade da pessoa de entender e controlar seus estados psicofisiológicos internos.

Quando um indivíduo é exposto a adversidades por muito tempo, seu sistema nervoso é alterado e a amígdala cerebral torna-se hiperativa. Isso se traduz em maior reatividade e desregulação emocional, além de aumentar aquela ansiedade desadaptativa que faz você perder o controle e que tanto desconforto causa.

Desordem depressiva

Os eventos dolorosos que o destino traz, de repente ou por um longo período, são um terreno fértil para transtornos de humor. A partir de uma pesquisa publicada na Summa Psicológica, afirma-se que a depressão está de certa forma associada às adversidades precoces.

Nesses anos da infância, somos mais vulneráveis a essas experiências. Dessa forma, é comum que o cérebro infantil sofra o impacto de experiências no nível anatômico. Regiões como o hipocampo e a amígdala alteram completamente seu funcionamento. Isso também nos tornará, na idade adulta, mais propensos a desenvolver psicopatologias emocionais.

Transtorno de estresse pós traumático

Abusos, agressões, desastres naturais, negligência dos pais, morte de entes queridos. A adversidade é multifacetada, mas se há uma ferida que ela deixa em boa parte dos casos, é o trauma. De fato, na consulta psicológica, são frequentes há anos pacientes que lidam com o transtorno de estresse pós-traumático e o esgotamento psicossocial que isso implica.

Um trauma não só altera a vida psicológica e social da pessoa, como também afeta a sua saúde. Distúrbios somáticos são comuns nesses casos.

Transtorno de personalidade borderline e psicopatologias emocionais

Uma condição psicológica complexa e de alto impacto é o transtorno de personalidade limítrofe (TPB). Conhecemos cada vez mais essa realidade clínica, o que sem dúvida nos permite aplicar melhores tratamentos e abordagens. A Universidade de Torino publicou recentemente um artigo interessante na revista Frontiers in Psychology.

O TPB tem uma relação íntima com os eventos traumáticos da infância. As experiências adversas que ocorrem nessa fase são dramáticas, especialmente nas mulheres. Isso explica por que essa entidade psiquiátrica é mais comum no sexo feminino. Além disso, é um distúrbio que altera completamente o plano emocional, conforme detalhado a seguir:

  • Crise de identidade.
  • Sentimentos crônicos de vazio.
  • O medo do abandono é constante.
  • Problemas para estabelecer relacionamentos de qualidade.
  • É comum que esses pacientes demonstrem grande impulsividade.
  • Aparecem frequentes oscilações de humor e grande instabilidade emocional.
  • Surgem comportamentos autodestrutivos, como automutilação e tentativas de suicídio.

Experimentar eventos dolorosos ou complicados aumenta o risco de muitas pessoas apresentarem comportamentos perigosos e vícios.

Comportamentos de evitação e vícios

Cada pessoa lida com a dor da forma que sabe e com os mecanismos de que dispõe, mas estes nem sempre são os mais saudáveis. Tanto que, se existe um fenômeno psicológico recorrente nas psicopatologias emocionais, são os vícios.

Pesquisas da Universidade de Minnesota apontam esse vínculo. Estresse e adversidades no início da vida aumentam a vulnerabilidade e o risco de derivar para algum tipo de vício. Estes são classificados nos seguintes tipos:

  • Vícios em substâncias: álcool, drogas, tabaco, etc.
  • Vícios comportamentais : jogos de azar, sexo, internet e compras, por exemplo.

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Tratamentos para distúrbios associados à adversidade

A abordagem das psicopatologias emocionais partirá sempre das necessidades do paciente e do seu quadro clínico particular. Embora todos esses distúrbios sejam desencadeados por eventos adversos, cada pessoa manifesta certas características e comportamentos. Isso fará com que se beneficie com mais de um tipo de terapia do que com outro. Vamos analisar as variantes mais significativas.

Terapia cognitiva comportamental

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) se concentra na identificação e mudança de pensamentos e comportamentos negativos ligados à experiência traumática. Esse modelo estabelece abordagens mentais mais saudáveis e oferece ferramentas eficazes para enfrentar as dificuldades. Essa técnica é útil em transtornos de ansiedade, traumas e depressões.

Terapia comportamental dialética

Esse é um modelo desenvolvido por Marsha M. Linehan para tratar o TPL (Transtorno de Personalidade Limítrofe), mas é usado com sucesso em outras configurações. A terapia comportamental dialética (TCD) é eficaz na abordagem de quaisquer problemas de regulação emocional, comportamentos autolesivos e suicidas e controle de impulsos.

Sua principal vantagem é a integração de diversos métodos, como TCC com elementos da filosofia budista, técnicas de aceitação e mindfulness.

A TCD é a mais adequada para tratar comportamentos emocionalmente desregulados que ocorrem com automutilação ou tentativas de suicídio.

Terapia de Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento dos Olho (EMDR)

Quando se trata de lidar com traumas psicológicos, a terapia EMDR é a mais interessante. Combina estimulação bilateral (como movimentos oculares) com exposição progressiva a memórias traumáticas. Esse mecanismo torna mais fácil processar e dessensibilizar, sessão a sessão, memórias dolorosas e seu impacto emocional.

Eecomendação final

Todos nós podemos passar por um evento complicado em algum momento. A vida não é um caminho em linha reta, a adversidade existe e faz parte do ser humano. Ter as melhores estratégias para lidar com isso é essencial.

Não hesitemos em pedir ajuda se precisarmos, existem profissionais especializados nessas áreas que nos dão ferramentas para a mudança.

Fonte: amenteemaravilhosa

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