A produção de soja e milho tem ganhado espaço sobre áreas de pastagens degradadas nos municípios do Vale do Araguaia, em Mato Grosso. A região é considerada uma nova fronteira agrícola do estado. Contudo, da porteira pra fora, tanto a infraestrutura quanto a logística não conseguem acompanhar a expansão da produção, gerando transtornos e prejuízos no campo.
Os desafios de quem investe na agricultura na região do Vale do Araguaia são o tema do episódio 104 do Patrulheiro Agro.
O agricultor de Bom Jesus do Araguaia, Claudemir Müller pontua que a região é ótima para investir, pois conta com “terra boa e clima favorável”, mas a falta de armazéns e caminhões, além de impedir ainda mais a expansão da agricultura, trazem prejuízos.
“Nos ajudaria em uns 50%, porque evitaria jogar o grão em cima de rodas e parir em um trecho de 150, 160 quilômetros, que vai totalizar 300 quilômetros entre ida e volta. Até um caminhão voltar aqui você fica à mercê esperando. No primeiro ano que eu cheguei aqui perdemos por volta de 20% da lavoura devido à chuva, logística e falta de caminhão”, diz o produtor, que nesta safra 2023/24 deve plantar cerca de 700 hectares de soja.
Expansão de lavoura é pensada com cautela
Bom Jesus do Araguaia, conforme o secretário de Agricultura, Sílvio Maria Dantas, possui entre 150 mil e 180 mil hectares de área destinadas para a agricultura. Ele comenta que há condições para que a extensão chegue a 250 mil, 300 mil hectares.
“[É] área já consolidada, sem derrubar nenhuma árvore. O município é novo, está começando agora. Então, os nossos produtores, inclusive os pequenos agricultores, tem que tirar a sua produção e levar a 150 quilômetros até Querência, Água Boa ou Ribeirão Cascalheira. Está faltando armazém para nós estruturarmos o nosso produtor e dar condições aos pequenos produtores, porque eles têm uma perda muito grande por saca de soja devido a distância que tem que se deslocar”.
No município de Alto Boa Vista, segundo o gerente da Grespan Agro, Vasconcelo Ascoli, agricultores chegaram a ameaçar deixar a atividade em decorrência às dificuldades enfrentadas na última colheita da soja.
“Parte da produção da fazenda ficou comprometida na lavoura devido ao excesso de chuva e caminhão ficar sete, oito dias na fila esperando para descarregar depois de ter andado 200 quilômetros da lavoura até a unidade armazenadora”.
A Fazendão Agronegócios é a única empresa armazenadora que recebe produtos de terceiros na região. A estrutura tem capacidade estática para estocar aproximadamente 320 mil sacas de grãos. O volume é considerado insuficiente para atender a demanda que tem se intensificado ano a ano.
O gerente de originação da Fazendão Agronegócios, Eduardo Vieira Barcelos Júnior, comenta que o armazém que possuem contemplava 15 mil hectares de toda a região.
“Hoje, a gente acredita em 40 mil hectares. Esse ano nós trabalhamos no fio da navalha. Não foi fácil atender a contento. Agora a outra alternativa que está tendo é o silo bolsa. Ele virou uma grande realidade aqui, porque por mais que a gente queira atender, se esforce, tem um limite que já não dá mais pela quantidade de produtores que está vindo de fora”.
Na avaliação de Eduardo teria que haver outras empresas na região e mais armazéns na propriedade para atender a demanda.
“Eu tenho muita esperança nesta região. Hoje, as pessoas estão despertando para isso. Precisamos de ajuda. Se não fosse assim, uma situação que não tivesse um retorno, tudo bem. Mas, um lugar como esse aqui, produtivo, clima excelente, um local totalmente propício compensa você apostar”.
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Fonte: canalrural