O nome já é muito fofo: Cucuron. Uma das teorias diz que, ao conquistá-la, Júlio César teria perguntado “cur currunt” (por que estão correndo?) ao ver os habitantes correndo. Outra, menos divertida, aponta para a raiz “kuk” que, em uma língua celta ancestral, quer dizer “pico”. Seja como for, essa pequena joia de menos de dois mil habitantes conquistou meu coração. A palavra ficou ecoando na minha cabeça por dias… Cucuron, Cucuron… Aposto que você se lembrará dela na sua próxima viagem para a Provence, no Sul da França.
A 35 km de Aix-en-Provence, Cucuron fica na base do monte Luberon, o pedacinho mais idílico da Provence, rodeada por várias outras cidadezinhas que parecem cenário de filme, a exemplo de Ménerbes, Lourmarin e Bonnieux. Em meio a tantas beldades mais famosas, esse povoado low profile cativa justamente por não ser tão perfeitinho. A pintura dos edifícios nem sempre está intacta. A fonte tem um pouquinho de limo. Há pouquíssimas lojas. Mas é isso: ao invés de essências de lavanda e souvenires à venda, os sobrados em tons pastel abrigam gente de carne e osso, que estende roupa na janela, vai à feira com uma cesta de palha e vive aquela vida tão idealizada nos livros do escritor britânico Peter Mayle.
A tal da feira, aliás, rola às terças-feiras pela manhã, em torno do lugar que torna Cucuron diferente de todas as suas “irmãs” provençais: um dique cercado por plátanos centenários. Entre a sombra e a água, o lugar funciona como uma espécie de oásis, principalmente no verão. Cercado de restaurantes, esse cantinho especialíssimo também é endereço do La Petite Maison, um restaurante estrelado pelo Michelin surpreendentemente acessível para os padrões locais – o menu degustação em seis etapas custa € 100. Peter Mayle, aliás, era fã do lugar.
O que mais fazer em Cucuron? Flanar por suas pracinhas, vielas, igrejas, escadinhas e becos com mais de mil anos de história. Perca-se pelas ruas de traçado medieval até encontrar o banquinho sob uma oliveira secular de onde se avista os Alpes ao longe. Sente-se e aprecie. A passos largos, dá pra conhecer tudo em cinco minutos. Mas… cur currunt?
Fonte: viagemeturismo