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Educação

FOMO: a ansiedade social por trás do uso excessivo das redes sociais

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Grupo do Whatsapp Cuiabá

Se você tem dificuldade em ficar mais do que 10 minutos sem checar suas redes sociais e se sente muito ansioso(a) quando está longe do celular, talvez você tenha FOMO. A sigla vem do inglês “fear of missing out” – isto é, “medo de ficar de fora” em português.

Em resumo, trata-se da necessidade de saber o que os outros estão fazendo online. A FOMO gera muita ansiedade pela sensação de receio de estar perdendo algum acontecimento, além de aumentar o sentimento de inveja.

Em seguida, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, fala mais sobre o assunto e dá dicas de como identificar e de como lidar com a situação. Continue lendo!

O que significa FOMO?

ilustração de mulher com dois celulares, símbolos de notificações e a sigla FOMO
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

Como vimos anteriormente, a sigla FOMO vem de “fear of missing out” e significa o medo de perder algo, de ficar de fora. Um termo relativamente novo para um sentimento tão antigo.

Esse termo foi cunhado pelo estrategista Dan Herman para descrever a sensação de estar perdendo acontecimentos importantes.

Contudo, se popularizou por causa de um artigo no jornal estudantil da Harvard Business School, escrito em 2004 pelo estudante de administração Patrick McGinnis. O texto se tornou uma referência na área e, de lá pra cá, o termo vem se popularizando e sendo mais estudado.

Uma situação cada vez mais grave

Atualmente, nos sentimos cada vez mais obrigados a estar conectados, o que, por consequência, afeta nossa vida offline. Quando se trata de redes sociais, essa síndrome pode se intensificar mais ainda.

Vivemos uma grande explosão de transtornos ansiosos desde o início da pandemia. O brasileiro já é considerado pelos dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) o povo mais ansioso do mundo, e as redes sociais têm um papel importante para contribuir para esse número.

ilustração de mulher triste na janela olhando para o celular, FOMO na pandemia
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

As redes nos transmitem a falsa sensação de que a vida do outro está sendo vivida e aproveitada ao máximo. Enquanto isso, somos meros espectadores dos acontecimentos. Nesse sentido, o Instagram é tido como a mais nociva delas, contribuindo não só para ansiedade, como também para depressão, má qualidade do sono e distúrbios alimentares.

Por isso, pessoas que desenvolvem FOMO estão sempre atualizando suas redes sociais, como Instagram, Facebook e Twitter. Às vezes, até mesmo de madrugada. Aliás, é muito comum darem uma simples checada no horário do almoço, em um encontro entre amigos ou no momento de ócio.

Como diagnosticar FOMO?

Se você ficou na dúvida, responda a essas questões:

Se a resposta for sim para a maioria delas, provavelmente você já deve ter tido algum episódio de FOMO.

ilustração de mulher olhando notificação no smartphone, como dignosticar FOMO
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

Quantas pessoas têm FOMO?

De acordo com uma pesquisa de 2012 feita pela agência de publicidade J. Walter Thompson, sete em cada dez millennials (pessoas que nasceram entre 1981 e 1996) já sentiram FOMO.

Naquela época, apenas 8% dos entrevistados conheciam o termo, mas se identificaram com a sensação após a explicação da sigla. Quatro em cada dez admitem que o sentimento é frequente.

Hoje, a síndrome não reflete somente o medo de perder eventos sociais ou acontecimentos importantes. Além disso, o FOMO também tem reflexos no mercado financeiro, tem sido usado como estratégia de marketing e pode até explicar o vício em videogames.

mulher na mesa de trabalho olhando para a tela do celular, quantas pessoas têm FOMO
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

Em geral, esse medo de ficar de fora aparece mais ao fim do dia e nos finais de semana. Isso acontece por ser o momento em que as pessoas costumam sair, e também é quando mais acessamos as redes sociais para nos distrair.

Os gatilhos geram um processo retroalimentado, funcionando da seguinte forma: as redes sociais despertam o FOMO; então, você tenta aliviar o FOMO entrando nas redes sociais, só que ganha mais FOMO de presente.

Quais são os sintomas?

Esse tipo de comportamento pode trazer uma enorme insegurança na vida real. Por isso, devem ser observados se sentimentos de mau humor, ansiedade, desconforto ou estresse estão sendo mais comuns do que antes.

As pessoas utilizam a Internet para diversos fins. E, exatamente por esse motivo, os sintomas do FOMO se confundem com simples ações de quem utiliza as redes sociais diariamente, principalmente a trabalho.

ilustração de mulher usando as redes sociais enquanto trabalha
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

Mesmo assim, existem alguns sintomas que devem ser observados. Entre elas está o uso excessivo do smartphone, mesmo durante as refeições, dirigindo ou no trabalho.

Para além disso, nesse universo instagramável, há pessoas que ficam tão ansiosas ao postarem uma foto que esquecem de viver o momento presente.

Há casos de FOMO em que o sentimento de comparação e inveja são tão fortes a ponto de mexer com a autoestima da pessoa. As causas estão relacionadas ao descontrole no uso da tecnologia e a busca por uma realidade virtual que não existe.

Dessa forma, as pessoas começam a se cobrar a estarem por dentro de todos os assuntos e atender às expectativas alheias.

Essa cobrança por um estado de felicidade constante – que se dá pelas sequências de fotos sorridentes, corpos, pratos e viagens perfeitas – é muito prejudicial para nossa saúde mental e emocional. As pessoas anseiam não somente pela felicidade, mas também por uma felicidade fotogênica.

Como lidar FOMO?

Se você está passando por essa situação ou conhece alguém que tenha FOMO, saiba que é fundamental buscar um apoio psicológico. Mas existem simples ações que já podem amenizar os sintomas. São elas:

1) Entenda que as redes sociais não são a realidade

Faça uma análise sobre as coisas que você posta. Geralmente, são momentos felizes, ou seja, apenas uma parte do todo que é a sua vida. Com toda a certeza, outras pessoas fazem o mesmo.

É muito importante que você entenda que ninguém posta as dificuldades e os momentos ruins. Há uma seleção para que a vida pareça mais interessante, com direto a edição, recorte e filtro.

ilustração de perfil das redes sociais
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

2) Reduza o tempo de uso das redes sociais

Você sente que o uso do celular vem mudando suas relações sociais ou transformando as suas emoções?
Então, é hora de reduzir esse uso. Utilize ferramentas que te ajudem a calcular o tempo gasto online e/ou retire as notificações de aplicativos.

Enfim, aproveite o seu tempo livre para se desconectar e fazer algo novo. Aliás, que tal aproveitar esse momento de ócio para ler aquele livro que está há meses na sua estante?

ilustração de mulher olhando o tempo de uso do smartphone
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

3) Faça uma seleção dos perfis nas redes sociais

Outra opção para reduzir os sintomas de FOMO é escolher conscientemente os perfis que deseja acompanhar. Faça uma seleção das coisas que mais te interessam na Internet e evite acompanhar tudo de uma vez, para não causar mais ansiedade.

Busque mudar sua relação com o smartphone. Procure seguir perfis que agreguem na sua saúde emocional, que o coloquem em um estado mental positivo.

Faça um unfollow de páginas e perfis tóxicos que ditam regras de como sua vida deveria ser e foque mais em ser você mesmo.

E não esqueça: está tudo bem ficar por fora. É impossível dar conta de tudo que acontece no universo online, mas lembre-se de que, se você não estiver lá, estará presente em algum lugar muito mais interessante – o momento presente! Aproveite a vida real.

ilustração de unfollow nas redes sociais
Fonte: Canva. Montagem: Laís Rodrigues

Sobre a colunista

Camila Custódio
Fonte: Freepik (adaptada)

Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.

Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.

Fonte: fashionbubbles

Sobre o autor

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