Muitos apontam os carros a combustão como os grandes vilões do meio ambiente. Mas será isso realmente um fato ou apenas uma mistificação? Acompanhe o que dizem especialistas sobre este tema.
Serão os carros a combustão os grandes vilões do meio ambiente?
O aquecimento global e as mudanças climáticas são realidades preocupantes, que podem ser observadas cada vez mais claramente no dia a dia do nosso planeta.
No dia 20 de março, foi lançado o Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e entre as conclusões de cientistas, está o fato de que o aquecimento global induzido pela humanidade desencadeou mudanças no clima do planeta.
A última década foi a mais quente do que qualquer período nos últimos 125 mil anos. Além disso, o nível do mar aumentou mais rápido do que qualquer século, nos últimos três mil anos.
Neste cenário, a poluição emitida pelos carros a combustão é um dos problemas que merece destaque, já que de acordo com o “Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo”, lançado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente, estes são responsáveis por 72,6% da emissão de gases do efeito estufa.
“Hoje, carros têm catalisadores cerâmicos que convertem gases tóxicos em não tóxicos, mas ainda não controlam as partículas poluentes.
Porém, já é possível encontrar no mercado um sistema de tratamento cerâmico que faz com que não sejam jogadas partículas de carbono não queimadas para o meio ambiente.
Assim, a tendência é que com as movimentações de órgãos que buscam a sustentabilidade, inovações como essa ganhem força em todas as regiões do mundo”, explica Gabriel Amadei, gerente de Vendas para Plataformas Automotivas da Corning na América Latina.
A empresa é uma das líderes mundiais em inovação da ciência de materiais, e desenvolve produtos para as áreas de comunicações ópticas, eletrônicos móveis de consumo, tecnologias para displays, automóveis e ciências da vida.
Biólogo, com certificação em sustentabilidade empresarial pela Universittá Bocconi, da Itália, Luiz Henrique Terhorst afirma que os carros particulares são grandes vilões na poluição e na emissão de carbono nas cidades.
“Os carros correspondem a 72,6% da emissão de gases do efeito estufa (GEE) em São Paulo.
Como são essas emissões que agravam o aquecimento global, é evidente que o problema precisa ser endereçado. As políticas públicas em torno da mobilidade sustentável estão embrionárias e com dificuldade na implementação das legislações.
Muitas passam por legislações mais transversais, como o Estatuto das Cidades, Lei da Mobilidade Urbana, Normas de Acessibilidade, etc. Assim, recai muito sobre a iniciativa privada (indivíduos e empresas) assumir o protagonismo nessas temáticas”, diz Terhorst.
O cientista é CEO e fundador da Carbon Free, startup que trabalha com certificação de créditos de carbono.
Poluição afeta de forma direta a vida das pessoas
A poluição do ar também impacta negativamente a saúde das pessoas.
Segundo Larissa Cau, pneumologista, imunologista e membro da Doctoralia, maior plataforma de agendamentos de consultas do mundo, os poluentes do ar interno e externo prejudicam o crescimento dos pulmões das crianças e aumentam o risco de infecções respiratórias.
“Em muitas cidades, as crianças enfrentam poluição do ar interna por combustíveis usados para cozinhar e aquecer, bem como poluição externa por veículos”, diz.
A especialista aponta que, embora a poluição do ar seja bem conhecida por ser prejudicial ao pulmão e às vias aéreas, também pode danificar outros órgãos do corpo.
“Estima-se que cerca de 500 mil mortes por câncer de pulmão, 1,6 milhão de mortes por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 19% de todas as mortes cardiovasculares e 21% dos óbitos por acidente vascular cerebral (AVC), podem ser atribuídos à poluição do ar”, afirma a médica.
Cau ressalta que a poluição também pode afetar o sistema imunológico, ou seja, está associada à rinite alérgica, sensibilização alérgica, doença atópica e ocular e à autoimunidade.
“No trato respiratório, os principais sintomas e doenças relacionadas são tosse, catarro, dificuldade em respirar e hiperresponsividade brônquica; exacerbações de muitas condições respiratórias; desenvolvimento pulmonar reduzido; transformação da asma em doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); diminuição do desempenho no exercício; diminuição das medições espirométricas (função pulmonar), além de doenças pulmonares intersticiais crônicas”, enumera.
Além disso, o doutor Alexandre Naime, parceiro da Medictalks, plataforma digital de acesso gratuito com conteúdos feitos por médicos, e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a consequência de problemas pulmonares constantes decorrentes de um ar sujo, pode ser outras doenças ainda mais graves.
“Quem vive em cidades muito poluídas durante décadas pode enfrentar problemas. A poluição do ar pode causar doenças pulmonares inflamatórias nos seres humanos e isso acaba fazendo com que fiquem mais suscetíveis à infecções”, ressalta Naime.
São por razões relacionadas à saúde da população e preservação do meio ambiente, que instituições têm procurado novas soluções para mudar o cenário global. É esperado que a indústria automobilística siga cada vez mais esse movimento que envolve todos os setores da economia.
“Cada vez mais a sociedade precisa ter consciência de que não dá mais para ignorar os problemas ambientais, principalmente nos grandes centros urbanos”, alerta o gerente de Vendas para Plataformas Automotivas da Corning na América Latina.
Com conteúdo do Piar Group.
Fonte: garagem360.com.br