Para aumentar o nível de alerta e concentração, o café é a primeira bebida que vem à mente, certo? Mas ele não é a única com ação estimulante. Chás, sucos naturais e até água podem otimizar o funcionamento do cérebro.
Dependendo da combinação de vegetais e ervas, essas bebidas auxiliam a memória e têm papel na prevenção de doenças. Muitas das misturas são ricas em vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes que colaboram no funcionamento do cérebro e reduzem danos nos neurônios, por exemplo.
De acordo com Alice Cristina Coca Mendes, nutricionista da UBS Jardim Paranapanema, gerenciada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, o cérebro consome cerca de 60% da energia total consumida e necessita de nutrientes para fazer a transmissão química por meio de neurotransmissores, como triptofano, que faz parte da produção de serotonina; glutamina, que atua na produção de ácido gama-aminobutírico (GABA); e colina para fazer acetilcolina.
“Esses nutrientes, juntamente com vitaminas do complexo B, zinco, selênio, magnésio, ácido fólico, são encontrados em alimentos, suplementos e compostos bioativos, e são essenciais para o bom funcionamento cerebral e emocional. O cérebro faz transmissão elétrica com uma corrente de baixa amperagem e uma baixa voltagem, para isso é necessário magnésio, sódio, potássio e outros micronutrientes”, diz Mendes.
Bebidas fermentadas, como iogurtes naturais, kombucha e vinho, e a inclusão de especiarias, como canela e cúrcuma, nas preparações de sucos e chás são também indicações para elevar o potencial do cérebro e neurônios. No caso do vinho, por ser alcóolico, há um comprometimento das funções neurológicas, de acordo com as quantidades. Assim, o aconselhamento médico é essencial para definir a dose e a frequência para que sejam preservados os seus benefícios.
A seguir, veja bebidas que otimizam o funcionamento cerebral.
Água
A água é item fundamental para o desempenho cerebral, favorecendo o foco e a cognição, além de estar relacionada ao bom funcionamento do organismo, com capacidade de mediar reações bioquímicas no interior e entre as células.
Ela é indispensável para o cérebro, que precisa estar hidratado para desenvolver suas funções. Há estudos que mostram que o consumo de água chega a aumentar o desempenho cognitivo em até 20%. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia)
Café
A cafeína é um estimulante, melhora o nível de atenção e concentração, mas não a função cognitiva em si. “A quantidade recomendada é entre duas e três xícaras por dia (ou um ou dois expressos), segundo Durval Ribas Filho.
Estudos ainda preliminares buscam evidências de que a cafeína teria uma capacidade neuro protetora em relação a doenças como Parkinson e Alzheimer, de acordo com Marcos Eugenio Ramalho Bezerra, neurologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), ligado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
O cuidado deve ser com o efeito rebote, especialmente em pessoas que têm quadros de ansiedade ou desatenção atenuada, que estão propensas a piorar com o uso de estimulantes.
Ainda em relação à cafeína, é possível desenvolver dependência, que exige doses maiores e leva a sintomas de abstinência, como cefaleia, tremores e outros efeitos.
E aposte no café com leite. “Ao se adicionar leite ao café, introduz-se uma quantidade de fenilalanina na dieta, que é um aminoácido encontrado no leite. O cérebro precisa de fenilalanina para produzir dopamina —um neurotransmissor responsável pelo comportamento motivado por recompensa, por exemplo”, esclarece o médico da Abran.
Chocolate quente
À base de cacau, que é rico em flavonoides —compostos ativos que têm ação direta nas células, inclusive as cerebrais—, o chocolate quente vai além da sensação de conforto e sabor.
A presença do ferro atua na proteção dos neurônios e nas substâncias químicas relativas ao humor.
Contribui para aumentar a atenção e agilidade ao processar as informações e memorização.
Ao prepará-lo, prefira o com maior teor de cacau, a partir de 70%. Quanto mais amargo, melhores são os benefícios para a saúde. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia)
Sucos
De frutas cítricas, como laranja, limão, abacaxi, acerola, morango e caju, que apresentam alta concentração de vitamina C e diversos tipos de flavonoides, estimulam a memória e o aprendizado.
A vitamina C tem papel significativo nas funções cerebrais e sua deficiência está associada ao comprometimento cognitivo, depressão e confusão mental.
Os de frutas vermelhas, como mirtilo, framboesa, amora e morango, ricas em antioxidantes, podem proteger o cérebro de danos e auxiliar na saúde da memória.
O suco de beterraba, raiz tuberosa rica em antioxidantes e que protege contra os radicais livres, possui nitratos que relaxam os vasos sanguíneos e atuam na redução da pressão alta, fator de risco para derrame e demência. “Quando existe um benefício cardiovascular, melhora-se, potencialmente, a saúde cerebral”, afirma o neurologista do HC-UFPE.
Sucos de vegetais verde-escuros, como couve, espinafre, agrião, rúcula e escarola, contêm vitamina E, carotenoides e flavonoides, nutrientes que ajudam a proteger contra demência e declínio cognitivo. Esses vegetais são também fontes de folato (vitamina B9), importante na formação de glóbulos vermelhos, que participam de funções neurológicas, cognitivas e na produção de neurotransmissores.
Chá verde
Assim como no café, a presença da cafeína no chá verde ajuda a deixar as pessoas mais alertas. Além disso, melhora a fixação e a atenção.
De acordo com um (]*rel=”)noopener(“[^>]*>)estudo publicado em 2017 no periódico Phytomedicine, os efeitos do chá verde não são atribuídos a uma única substância da bebida, pois os efeitos benéficos na cognição são observados sob a influência combinada da cafeína e da l-teanina, enquanto a administração separada de qualquer uma delas apresenta um impacto menor.
O consumo contínuo favorece a memória de curto prazo, a atenção às atividades diárias e reduz o risco de declínio cognitivo.
A recomendação para os chás, de modo geral, é que sejam tomados com orientação e cautela, pois existem efeitos colaterais.
Fontes: Alice Cristina Coca Mendes, nutricionista da UBS Jardim Paranapanema, gerenciada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo; Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Marcos Eugenio Ramalho Bezerra, neurologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), ligado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda