📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Pesquisadores canadenses identificaram um papel protetor que a vitamina K desempenha contra a diabetes, após pesquisas anteriores envolvendo a vitamina K no desenvolvimento da doença. A diabetes foi a sétima principal causa de morte em 2017 e os custos totais com saúde foram de US$ 327 (R$1.610,05) bilhões em 2019
  • Os pesquisadores encontraram a vitamina K em grandes quantidades nas células beta onde a insulina é produzida e descobriram que ela desempenha um papel importante na manutenção do cálcio, evitando distúrbios na secreção de insulina
  • A vitamina K é uma vitamina solúvel em gordura e importante para diminuir a resposta inflamatória, o metabolismo ósseo, prevenir a mineralização do sistema arterial e prevenir ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica e câncer
  • Outros fatores importantes no desenvolvimento da diabetes incluem a ingestão de carboidratos, adoçantes artificiais, óleos de sementes e estatinas. Abordar esses fatores, bem como aumentar o consumo de gordura ômega-3 e garantir que você não seja deficiente em vitamina C e magnésio também pode ajudar a prevenir a diabetes

🩺Por Dr. Mercola

Em um artigo de maio de 2023, pesquisadores canadenses anunciaram que haviam identificado um papel protetor que a vitamina K desempenha contra a diabetes. Em 2019, a diabetes foi a sétima causa de morte, doença que afetou cerca de 37,3 milhões de pessoas em 2019.

Como a diabetes afeta a saúde pública

Segundo o CDC, o número total de casos existentes de diabetes aumentou de 2001 a 2020 e tendências semelhantes foram observadas quando a população foi examinada por grupo étnico, nível educacional, raça, idade e sexo. O CDC ainda dividiu os dados pela porcentagem de adultos com diabetes diagnosticado em cada estado.

Quando esta tabela é comparada com os dados de 2021 de adultos obesos, é evidente que muitos dos estados com maior número de adultos obesos também apresentam porcentagens mais altas de adultos com diabetes diagnosticado.

Em 2017, estimou-se que o custo total de assistência médica para pessoas diagnosticadas com diabetes foi de US$ 327 (R$ 1.610,05) bilhões. O custo direto total em 2017 foi de $ 237 (R$1.166,92) bilhões, que aumentou muito de $ 188 (R$ 925,58) bilhões em 2012. Em 2018, a diabetes foi responsável por 8,25 milhões de altas hospitalares, 17 milhões de atendimentos de emergência e 62.012 pessoas com doença renal terminal.

Um dos sinais característicos da diabetes é o elevado nível de açúcar no sangue, que pode ocorrer por diversos motivos. Por exemplo, o pâncreas pode não produzir insulina suficiente, que é o hormônio que ajuda a glicose a passar da corrente sanguínea para as células para ser utilizada como energia. As células também podem se tornar resistentes à insulina, um fator de risco significativo para o qual é o excesso de carboidratos e açúcares adicionados. Eles aumentam o seu nível de insulina e sua resistência.

Açúcar e carboidrato podem causar uma resposta hormonal, que altera o metabolismo, sendo a principal causa de ganho de peso. Em essência, esses dados apoiam a afirmação de que você não pode fazer exercícios além de sua dieta e, portanto, seu risco de diabetes tipo 2. Segundo o CDC, a porcentagem média diária de ingestão de carboidratos para homens e mulheres é de 45,9% e 47,4%.

As atuais Diretrizes Dietéticas para Americanos, 2020-2025, listam o limite superior de carboidratos em 65%, embora os limites tenham sido baseados em dados de quase 20 anos atrás. Segundo as diretrizes de 2020, as “Estimativas são baseadas nos Requisitos Estimados de Energia (EER) definidos pelo Instituto de Medicina. Fonte … 2005.”

Vitamina K e gama carboxilação protegem a produção de insulina

Os cientistas sabem que a vitamina K é necessária para a gama-carboxilação dos ácidos glutâmicos que ocorre nas células e afeta a secreção de proteínas. Estudos clínicos anteriores também implicaram a vitamina K no desenvolvimento da diabetes, mas o mecanismo subjacente ainda não está claro.

A vitamina K é mais conhecida pelo papel que desempenha na coagulação do sangue. A reação de gama-carboxilação é essencial para o processo de coagulação do sangue e os cientistas suspeitam que esse processo também possa ter outras funções no corpo. Estudos anteriores mostram uma ligação entre uma menor ingestão de vitamina K e um risco aumentado de diabetes tipo 2.

Pesquisadores da Universidade de Montreal, determinaram pela primeira vez que a vitamina K estava presente em grandes quantidades nas células beta, onde a insulina é produzida e envolvida na gama-carboxilação. Então, com um modelo animal, eles identificaram o papel que a vitamina K desempenha na gama-carboxilação dentro das células beta e como a presença da vitamina K pode ajudar a proteger contra a diabetes. Julie Lacombe conduziu o trabalho de laboratório e comentou em um comunicado à imprensa:

“Nós conseguimos identificar uma nova proteína gama-carboxilada chamada ERGP. Nosso estudo mostra que essa proteína desempenha um papel importante na manutenção dos níveis fisiológicos de cálcio nas células beta, com o objetivo de evitar um distúrbio na secreção de insulina. Por fim, mostramos que a vitamina K através da gama-carboxilação é essencial para o ERGP desempenhar seu papel.”

Os pesquisadores apontam que essa é a primeira vez em 15 anos que uma nova proteína dependente de vitamina K foi identificada. Isso abre uma nova área de pesquisa no papel que a vitamina K desempenha no corpo, assim como novas aplicações terapêuticas para a diabetes.

Mais benefícios para a saúde da vitamina K

A vitamina K é solúvel em gordura, que pode influenciar muito a sua saúde. Seu organismo armazena pouca vitamina K, de modo que ela se esgota de maneira rápida, sem a ingestão regular através de alimentos. Diversos medicamentos comuns também podem esgotar os níveis de vitamina K, tornando ainda mais importante garantir o consumo adequado.

A vitamina K está envolvida em diversas funções corporais, incluindo o metabolismo ósseo e a prevenção da mineralização dos vasos sanguíneos. Isso significa que desempenha um papel importante na prevenção da osteoporose, doenças cardíacas e distúrbios hemorrágicos.

Há duas formas principais de vitamina K e diversos subtipos, o que podem trazer certas confusões. A diferença entre as vitaminas K1 e K2 foi estabelecida no estudo de Roterdã de 2004, que se concentrou no efeito que as vitaminas tinham na saúde do coração. Embora a vitamina K1 não tenha nenhum efeito real sobre doenças cardíacas, a vitamina K2 é importante para o sistema cardiovascular.

A vitamina K1 desempenha outras funções. Em um estudo de 2020, os pesquisadores descobriram que indivíduos mais velhos com baixos níveis de vitamina K1 tinham maior probabilidade de problemas de mobilidade e incapacidade do que aqueles apresentando níveis mais altos. Uma das razões pelas quais a vitamina K2 desempenha um papel importante na saúde dos ossos e do coração se dá pelas reações bioquímicas complexas envolvendo as enzimas da matriz gla-proteína e osteocalcina.

“Gla” significa ácido glutâmico, que se liga ao cálcio nas células da parede arterial e o remove do revestimento dos vasos sanguíneos. Em seguida, ajuda a facilitar a integração do cálcio na matriz óssea.

Os depósitos de cálcio nas artérias são responsáveis pela aterosclerose, chamada de endurecimento das artérias, que bloqueia o fluxo sanguíneo de maneira lenta. Essa é uma causa comum de ataques cardíacos, derrames e doenças vasculares periféricas. A vitamina K2 também ajuda a mover o cálcio para o esmalte dos dentes e desempenha um papel na prevenção da cárie dentária.

A vitamina K2 desempenha um papel na prevenção do câncer, conforme observado no estudo European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition de 2010. Pessoas com maior ingestão de vitamina K2 também apresentaram menor risco de câncer e mortalidade. Evidências também sugerem que a vitamina K2 pode reduzir o risco de linfoma não-Hodgkin em 45% em comparação com aqueles com menor ingestão de vitamina K2. Os pesquisadores atribuem esse papel à capacidade da vitamina de inibir as citocinas inflamatórias.

A resposta inflamatória é fundamental em muitas doenças crônicas e doenças do envelhecimento. Pesquisas sugerem que tanto a vitamina K1 quanto a K2 possuem propriedades anti-inflamatórias. Em uma análise, os pesquisadores descobriram que a vitamina K ajuda a proteger contra condições crônicas de envelhecimento, doenças cardiovasculares e inflamações.

Outra pesquisa demonstrou uma redução na proteína C-reativa, um biomarcador comum utilizado para avaliar a inflamação em pacientes com artrite reumatoide. A vitamina K2 também pode desempenhar um papel na doença renal crônica. Um ensaio clínico demonstrou que 4 semanas de suplementação com vitamina K2 MK-7 reduziu muito a calcificação nos vasos sanguíneos dos participantes.

A vitamina K2 MK-7 também demonstrou benefícios em participantes com degeneração macular relacionada à idade. Em um artigo de 2012, os pesquisadores revelaram o papel da vitamina K2 como transportador de elétrons mitocondrial, o que ajuda a manter a produção normal de ATP na disfunção mitocondrial, como a encontrada na doença de Parkinson.

Múltiplos fatores contribuem para a diabetes

Estima-se que 96 milhões de adultos tenham sido diagnosticados com pré-diabetes em 2019. No entanto, isso pode ser apenas uma questão de semântica, já que muitos sofrem do que o falecido Dr. Joseph Kraft chama de “diabetes in situ.” Acredito que qualquer açúcar no sangue em jejum que mede mais de 90 sugere resistência à insulina e Kraft sugeriu que 8 em cada 10 americanos eram resistentes à insulina com base em dados de 14.384 pacientes.

Os riscos do pré-diabetes incluem excesso de peso e inatividade. Um fator que aumenta muito o risco de obesidade e, portanto, diabetes tipo 2, são os adoçantes artificiais. Um estudo realizado em animais de 2018, confirmou que os adoçantes artificiais aumentam o risco de obesidade e diabetes.

Outros estudos demonstraram que as mulheres que consomem adoçantes artificiais sentem mais fome e consomem mais alimentos do que as que ingerem bebidas açucaradas. Essa pesquisa mostrou que o corpo não é enganado por adoçantes artificiais, outra razão pela qual eles promovem, em vez de prevenir a obesidade.

Durante a pandemia de COVID-19, houve um aumento de 17% nas mortes de pessoas com diabetes. Durante a pandemia, 39,5% de todas as mortes relacionadas ao COVID ocorreram em pessoas com diabetes. A inatividade e uma má alimentação aumentaram a crise diabética durante a pandemia. As dietas que se concentram em alimentos ultraprocessados e calóricos estão na raiz do problema, pois são carregadas com óleos de sementes perigosos, chamados de maneira errônea como “óleos vegetais.”

No entanto, a American Diabetes Association continua a recomendar óleos de sementes como canola “como parte de uma dieta saudável e equilibrada.” Esses óleos são ricos em ácido linoléico ômega-6, que é a gordura mais comum na dieta americana. Uma mensagem importante é que o ácido linoleico não é digerido. Em vez disso, ele é armazenado enquanto a gordura saturada é queimada ou oxidada e utilizada. Isso ilustra a importância do tipo de gordura que você consome.

Os efeitos secundários de alguns medicamentos também podem aumentar o risco de desenvolver diabetes. Um dos mais importantes desses medicamentos são as estatinas. Esses são medicamentos para baixar o colesterol com um longo histórico de eventos adversos e efeitos colaterais que podem dobrar o risco de diabetes com o uso a longo prazo.

Garantir que seu quarto esteja todo escuro é uma maneira simples de diminuir o risco de doenças crônicas. Um estudo do mundo real em indivíduos de 63 a 84 anos descobriu que aqueles que foram expostos à luz durante o sono eram mais propensos a serem obesos e ter pressão alta ou diabetes.

Estratégias para reduzir seu risco ou reverter o elevado nível de açúcar no sangue

Ter uma alimentação equilibrada e saudável de frutas e vegetais frescos, cultivados de maneira orgânica e evitar adoçantes artificiais e todos os alimentos processados é a melhor maneira de controlar seus níveis de glicose. O tempo entre suas refeições também importa.

A alimentação com restrição de tempo (TRE) é uma intervenção simples, mas poderosa, para perda de peso. Ele imita os hábitos alimentares de nossos ancestrais e restaura seu organismo a um estado mais natural que permite que uma série de benefícios metabólicos ocorram. Se você está acima do peso ou obeso, recomendo limitar sua janela de alimentação para 6 a 8 horas por dia, em vez de mais de 12 horas que a maioria das pessoas faz.

Conforme mencionado, uma das estratégias mais importantes para reduzir o risco de diabetes ou reverter a doença é reduzir a ingestão de LA. Muitas pessoas experimentarão a perda de peso como um “efeito colateral” da redução da ingestão de LA. Considere reduzir o ácido linoleico (LA) para 2 ou 3 gramas por dia, um valor próximo do que nossos ancestrais costumavam consumir antes que todas essas condições crônicas de saúde, incluindo obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer, se espalhassem.

Para fazer isso, você precisará evitar quase todos os alimentos ultraprocessados, gordurosos e refeições de restaurantes, pois quase todos possuem óleos de sementes. Saber o que você está ingerindo e preparar a maior parte dos seus alimentos em casa é o jeito mais fácil de conseguir isso.

Além disso, esteja ciente de que, como os animais são alimentados com grãos ricos em ácido linoleico, ele também está escondido em alimentos “saudáveis” como frango e porco, o que torna essas carnes uma fonte importante que deve ser evitada. O azeite de oliva é outro alimento saudável que pode ser uma fonte oculta de ácido linoleico, pois no geral é cortado com óleos de sementes mais baratos. Em vez disso, utilize sebo, ghee ou manteiga para cozinhar. Ghee é melhor do que manteiga, pois tem um ponto de queima mais alto.

Outras estratégias

Diversas outras estratégias também podem ajudar a melhorar o controle do açúcar no sangue e proteger sua saúde geral. Uma delas é prestar atenção ao tipo de gordura em sua dieta.

Embora o ácido linoleico ômega-6 encontrado em óleos vegetais/sementes, nozes e sementes sejam prejudiciais nas quantidades consumidas pelos americanos, a maioria das pessoas não obtém ácidos graxos ômega-3 suficientes. As gorduras ômega-3 são encontradas em peixes gordurosos de água fria, como salmão selvagem do Alasca, anchovas, sardinhas, cavala e arenque.

É melhor evitar o salmão de viveiro, pois há um potencial exagerado de contaminação, incluindo poluição, doenças, toxicidade e qualidade nutricional inferior. A maioria dos peixes cultivados também são alimentados com milho e soja geneticamente modificados, que é uma dieta 100% antinatural para a vida marinha e carregada com gordura ômega-6 perigosa que é armazenada na carne, aumentando a ingestão de gordura ômega-6 pelos consumidores.

Um estudo de dezembro de 2020, mostrou que adultos com teste positivo para anticorpos de descarboxilase de ácido glutâmico (GAD65) podem reduzir muito o risco de diabetes tipo 1 com início na idade adulta comendo peixes gordurosos ricos em ômega-3. A diabetes tipo 1 é uma condição autoimune e os pesquisadores descobriram que aqueles que não consumiam peixe gordo tinham 2 vezes mais chances de desenvolver a doença.

Outras deficiências nutricionais associadas ao desenvolvimento de diabetes incluem vitamina C, vitamina D e magnésio. Com a vitamina C, um estudo mostrou que a suplementação pode ajudar a reduzir os níveis de glicose. Da mesma forma, outros estudos mostram que a suplementação de vitamina D pode ser uma aliada contra a diabetes.

O magnésio também é um nutriente muito negligenciado. A deficiência está associada com diabetes tipo 2 e doenças cardíacas e baixos níveis podem ser o maior preditor de doença cardíaca. A deficiência de magnésio está ligada a um maior risco de resistência à insulina, uma vez que prejudica a capacidade do corpo de regular o açúcar no sangue.

Em um estudo, os pré-diabéticos que tiveram a maior ingestão de magnésio, reduziram o risco de açúcar no sangue e problemas metabólicos em 71% em comparação com aqueles com a menor ingestão. Para agravar o problema, altos níveis séricos de insulina, que são comuns na resistência à insulina, levam a uma maior perda de magnésio.