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Lula se encontra com primeira-ministra italiana, conhecida por suas críticas ao petista.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao Palácio Chigi nesta quarta-feira, 21, para sua reunião com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. O Itamaraty havia afirmado no início da semana que o encontro com a política de extrema direita não ocorreria por descompasso das agendas, mas a bilateral acabou confirmada na véspera.

“Por ocasião da visita oficial à Itália e ao Vaticano, de 20 a 22 de junho corrente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, na tarde do dia 21. A reunião comporá agenda de compromissos confirmados com o presidente Sergio Mattarella e o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, além da audiência com o papa Francisco, no Vaticano”, informou o Ministério das Relações Exteriores.

Quando o petista anunciou sua viagem via Twitter, ressaltou o desejo de reunir-se com o presidente do país, Mattarella, mas nada falou de Meloni.

“Há muitos anos não recebemos um presidente da Itália, e temos muitos italianos e descendentes aqui no Brasil. Precisamos reforçar as relações.”

O cargo de presidente italiano, contudo, tem caráter mais institucional do que político (embora esteja longe de ser decorativo).

A Itália é uma república parlamentarista desde 1946, e seu presidente tem a função de chefe de Estado, mas não de governo, papel que cabe ao presidente do Conselho dos Ministros, mais conhecido como primeiro-ministro. Quem ocupa a posição atualmente é Meloni, uma política com posições muito distantes das de Lula.

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Eleita no ano passado com uma coalizão ultranacionalista, ela lidera o partido de extrema direita Irmãos da Itália, que tem raízes no movimento neofascista italiano do pós-II Guerra. Suas inclinações políticas conversam com as do bolsonarismo, como a defesa ferrenha da “família tradicional”, ataques a direitos de minorias raciais e sociais e defesa de “valores cristãos”.

Meloni é também autora de uma série de críticas antigas ao presidente Lula, especialmente em relação ao caso do terrorista Cesare Battisti, condenado por quatro homicídios ocorridos no fim dos anos 1970, na Itália. Ele passou quase 40 anos como fugitivo da Justiça italiana, 14 deles no Brasil.

Lula, no último dia de seu segundo mandato, em 2010, concedeu refúgio político ao fugitivo italiano. A decisão criou atritos com a Itália, que pedia a extradição de Battisti.

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“Lula, pare de fazer campanha eleitoral em cima dos mortos italianos”, escreveu Meloni no Twitter, em junho de 2011.

Naquela época, o então ex-presidente fazia campanha para eleger José Graziano da Silva à direção geral da FAO (órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação), com sede em Roma. Ele até cancelou uma viagem à Itália por temores de hostilidades da população devido à decisão que beneficiou Battisti, um ano antes.

Quando o petista foi recebido na Itália pelo então premiê, Matteo Renzi, em 2015, à época líder do Partido Democrático (PD), que agora faz oposição a Meloni, ela atacou de novo.

“Mais um capítulo da série ‘Renzi, o anti-italiano’. Hoje o premiê recebeu para almoçar o ex-presidente Lula, conhecido dos italianos por ter negado a extradição do criminoso Cesare Battisti. Diante daqueles que pedem justiça há décadas”, afirmou à época.

No entanto, driblar um encontro com ela poderia ser um risco para Lula, passando a mensagem de que diferenças ideológicas podem falar mais alto que o pragmatismo nas relações entre os países. Para um governo que, em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA, afirmou que vai relacionar-se com diferentes países indiscriminadamente, guiando-se apenas pelo timão dos interesses nacionais, a imagem não era bonita. E a guinada nos 45 do segundo tempo tampouco será esquecida.

Fonte: Veja

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