Imagine enfrentar um mistério médico que afeta sua aparência, bem-estar e autoestima, mas parece invisível aos olhos de muitos profissionais de saúde. Essa é a realidade de milhares de mulheres que vivem com lipedema, uma condição complexa e muitas vezes mal compreendida, que provoca um acúmulo anormal de gordura em áreas específicas do corpo.
O diagnóstico e tratamento do lipedema podem ser um verdadeiro labirinto para as afetadas, cheio de desafios e frustrações. Conversamos com a Dra. Fernanda Junqueira, especialista no assunto, e vamos explorar as razões pelas quais o diagnóstico do lipedema é tão difícil, e como pacientes podem descobrir e tratar o problema de forma correta.
O que é lipedema?
O lipedema é uma condição crônica e progressiva que afeta principalmente mulheres e se caracteriza pelo acúmulo anormal e desproporcional de gordura em certas áreas do corpo, como pernas, quadris, nádegas e, às vezes, braços.
Essa distribuição irregular de gordura é frequentemente acompanhada de dor, sensibilidade e inchaço.
“O lipedema não é causado por excesso de peso ou obesidade, mas pode piorar com o ganho de peso”, explica a Dra. Fernanda Junqueira.
A causa exata do lipedema é desconhecida, mas acredita-se que envolva fatores genéticos e hormonais. A condição geralmente se desenvolve ou piora durante períodos de mudança nos hormônios, como a puberdade, gravidez ou menopausa. Além disso, o lipedema é muitas vezes subdiagnosticada ou confundida com linfedema ou obesidade.
O tratamento para lipedema pode incluir medidas de controle de peso, exercícios, uso de roupas de compressão e terapia de drenagem linfática manual. Em alguns casos, é possível realizar a lipoaspiração para remover o excesso de gordura.
No entanto, é importante ressaltar que a lipoaspiração não é uma cura para o lipedema e que a condição pode voltar a progredir mesmo após a cirurgia.
O impacto na autoestima feminina
O lipedema pode ter um impacto significativo na autoestima das mulheres afetadas pela condição. Afinal, algumas das razões pelas quais a autoestima pode ser afetada incluem:
- Aparência física: o acúmulo desproporcional de gordura nas áreas como pernas, quadris e braços pode levar a um visual que as mulheres podem considerar pouco atraente. Isso pode fazer a pessoa sentir vergonha, frustração e insatisfação com a própria aparência;
- Dor e desconforto: assim, podem afetar a qualidade de vida e limitar as atividades diárias das mulheres com o problema. Isso pode levar a sentimentos de incapacidade e afetar a autoestima;
- Mobilidade reduzida: em casos avançados, o lipedema pode afetar negativamente a mobilidade e tornar difícil a prática de atividades físicas. É possível que essa limitação resulte em isolamento social e uma sensação de inadequação;
- Estigma social e incompreensão: o lipedema é frequentemente mal compreendido ou confundido com obesidade. As mulheres afetadas podem enfrentar julgamentos e comentários insensíveis de outras pessoas, contribuindo para uma autoimagem negativa e baixa autoestima;
- Dificuldade no diagnóstico: uma vez que se trata de uma condição subdiagnosticada, pode haver um atraso no tratamento adequado e frustração por não ser levada a sério pelos profissionais de saúde.
Com o objetivo de lidar com os impactos negativos na autoestima, é importante que as mulheres afetadas pelo lipedema busquem apoio emocional de familiares, amigos e profissionais de saúde.
Como diagnosticar o lipedema?
O diagnóstico de lipedema é geralmente baseado em uma avaliação clínica, que inclui a análise dos sintomas e um exame físico realizado por um profissional de saúde experiente no reconhecimento da condição.
Alguns passos no processo de diagnóstico incluem:
- Histórico médico e sintomas: o médico irá fazer perguntas para entender melhor a situação e identificar possíveis fatores de risco;
- Exame físico: o especialista também irá avaliar a aparência e a distribuição de gordura no corpo, assim como a presença de dor, inchaço e outras características típicas do lipedema. Ele também pode verificar a presença de veias varicosas, que podem ser comuns em pessoas com o problema;
- Avaliação de outras condições: o profissional pode considerar e descartar outras doenças que podem apresentar sintomas semelhantes, como linfedema, obesidade e outros problemas vasculares.
Embora não haja um teste específico para identificar o lipedema, alguns exames de imagem podem ser úteis para confirmar o diagnóstico e descartar outras condições. Entre eles, podemos citar:
- Ultrassonografia: é possível fazer um ultrassom para avaliar a estrutura e a distribuição do tecido adiposo e descartar a presença de outras condições, como trombose venosa profunda ou problemas linfáticos;
- Imagem por ressonância magnética (MRI): pode mostrar detalhes da estrutura dos tecidos moles e, desse modo, ajudar a diferenciar o lipedema de outras condições semelhantes;
- Linfocintilografia: este exame de imagem serve para avaliar o sistema linfático e ajuda a descartar o linfedema.
O diagnóstico precoce e preciso do lipedema é crucial para garantir que as pessoas afetadas recebam o tratamento e o apoio adequados para controlar a condição e melhorar a qualidade de vida.
Como é o tratamento?
O tratamento do lipedema visa aliviar os sintomas, reduzir a dor, melhorar a mobilidade e prevenir complicações. Mas vale lembrar que, atualmente, não há cura para o problema.
Conforme a Dra. Fernanda Junqueira, a melhor abordagem para o tratamento do lipedema é multidisciplinar:
- Controle de peso: embora a obesidade não seja uma causa, a manutenção de um peso saudável pode ajudar a controlar os sintomas e prevenir a progressão da doença. Então, é essencial manter uma dieta equilibrada;
- Exercício: a atividade física regular é importante para melhorar a circulação, reduzir o inchaço, aumentar a mobilidade e controlar o peso. Exercícios de baixo impacto, como caminhada, natação, ciclismo e hidroginástica são especialmente benéficos para pessoas com lipedema;
- Terapia de compressão: o uso de meias, mangas ou calças de compressão pode ajudar a reduzir o inchaço e melhorar a circulação linfática. Essas peças de vestuário aplicam pressão graduada nas áreas afetadas, ajudando a controlar o edema;
- Drenagem linfática manual (DLM): é uma técnica de massagem suave que ajuda a estimular o fluxo linfático e reduzir o inchaço. Um terapeuta especialista pode realizar essa terapia. Além disso, é possível complementá-la com automassagem em casa;
- Cuidados com a pele: manter a pele limpa e hidratada é fundamental para prevenir infecções e complicações. As pessoas com lipedema devem tomar precauções adicionais, como evitar feridas, arranhões e picadas de insetos nas áreas afetadas;
- Tratamento cirúrgico: em alguns casos, considera-se a lipoaspiração para remover o excesso de gordura das áreas afetadas. No entanto, é importante ressaltar que o procedimento não é uma cura para a lipedema e que a condição pode continuar a progredir mesmo após a cirurgia.
O tratamento do lipedema é individualizado e depende da gravidade da doença e dos sintomas específicos de cada pessoa. É importante trabalhar com uma equipe de profissionais de saúde experientes, incluindo médicos, fisioterapeutas e nutricionistas, para criar um plano de tratamento abrangente e personalizado.
Por fim, para ficar de olho nas dicas sobre vida saudável, acompanhe nosso canal de Saúde. Lá você encontra os benefícios dos alimentos, como prevenir e tratar as principais doenças e muito mais!
Fonte: fashionbubbles