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Deputada alemã é afastada de grupo Brasil-Alemanha após declarações contra Moraes

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Um mês após ter se referido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como “o maior criminoso do Brasil”, a deputada Beatrix von Storch, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de ultradireita, anunciou seu afastamento de um grupo de trabalho brasileiro-alemão nesta sexta-feira, 16.

“Tivemos a ‘honra’ de conhecer o maior criminoso do Brasil: Alexandre de Moraes. O coração de todo totalitário se derrete ao ver o poder desse senhor”, postou Von Storch nas redes sociais, há um mês. Poucas horas depois, ela deletou a publicação.

Segundo o jornal alemão Taz, a congressista deixou o Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro, do Bundestag (Parlamento alemão), por pressão de alas do próprio partido. Em carta, von Storch afirmou lamentar a forma “nada diplomática” com a qual se referiu ao ministro, argumentando que suas palavras dificultaram o trabalho do grupo de cooperação bilateral.

A postagem foi feita alguns dias depois de a deputada participar de uma reunião com Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Von Storch é conhecida por ser antifeminista, defensora dos “valores cristãos” e apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Alexandre de Moraes é um dos principais alvos de críticas dos bolsonaristas.

Sua declaração sobre o ministro não foi vista como ofensa apenas pela imprensa alemã, mas também pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Brasil convocou o embaixador alemão, Heiko Thoms, ao Planalto para expressar seu descontentamento. Em seguida, Thoms anunciou que não participaria mais de eventos em que a deputada estivesse presente.

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Constrangidos com as declarações extremistas, os demais membros do grupo Brasil-Alemanha fizeram pressão pela saída da deputada. Entre eles estava o deputado Manuel Gava, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). Ao Taz, ele pôs em xeque o interesse de Von Storch em construir um intercâmbio produtivo entre os dois países.

Gava também afirmou que o comportamento da deputada foi “vergonhoso e indigno”.

No início desta semana, 11 correligionários de Von Storch no Bundestag fizeram um requerimento interno à AfD, argumentando que sua atitude prejudicou a relação entre os dois países, fechou as portas da embaixada brasileira ao partido e inviabilizou agendas oficiais no Brasil.

Em um ato de reparação, os colegas sugeriram que a deputada fizesse um pedido de desculpas oficial e tivesse seu direito de fala no Parlamento suspenso por seis semanas. O caso foi encaminhado ao líderes da legenda.

No início de maio, Von Storch estava em uma comitiva de cinco deputados que viajou pelo Brasil. Durante o périplo, ela se encontrou com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de “portador da esperança dos conservadores brasileiros”.

Em uma postagem separada nas redes sociais, no final de maio, Lutz Graf Schwerin, neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler, também acusou Moraes de violar a Constituição e os direitos humanos. A parlamentar afirmou que ele atentou contra a separação de poderes e perseguiu políticos conservadores, inclusive parlamentares estrangeiros.

Schwerin chegou a questionar a legitimidade do processo eleitoral brasileiro nas eleições presidenciais de 2022.

Beatrix von Storch, de 52 anos, se filiou ao partido de ultradireita em 2013, que, na época, ainda era majoritariamente moderado e contava com vários liberais. De início, os fundadores da AfD tinham uma agenda nacionalista e contra a União Europeia, com o objetivo de substituir o euro pelo antigo marco alemão.

No entanto, a sigla se transformou rapidamente em um agrupamento de políticos ultranacionalistas e anti-imigração, sendo a deputada  uma das responsáveis por essa guinada. Vários dos fundadores já deixaram a AfD, afirmando que o partido se distanciou de suas propostas originais.

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Agora, agrupa diferentes grupos de ultradireita, inclusive ultraconservadores, cristãos fundamentalistas e ultranacionalistas. Seus membros são acusados regularmente de simpatizar com o nazismo.

Em 2020, um ex-porta-voz da sigla causou polêmica ao ser filmado dizendo que “se orgulhava de sua ascendência ariana” e se descreveu como “um fascista”. Alguns meses depois, ele foi novamente gravado sugerindo que imigrantes deveriam “ser mortos com gás”.

Fonte: Veja

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