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Expectativas para a economia e turismo na cidade mais vibrante do Oriente Médio

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Voltei recentemente de Dubai. Avizinha-se o fim da primavera no Hemisfério Norte e as elevadas temperaturas do verão do Golfo se anunciam. A cidade continua sua trajetória exuberante de crescimento alicerçado na visão do Sheik Mohammed Al Maktoum no binômio fé e felicidade. Exuberância não somente na infraestrutura social, cultural e financeira. Percebe-se uma consistente estratégica em participar das mudanças na geopolítica mundial.

Em todos os setores observados há pujante crescimento. A companhia aérea local registrou o maior lucro em seus 39 anos. A aviação é um excelente econômico: é o primeiro nas crises e também o primeiro na retomada. Dubai é hoje o maior “hub” aéreo internacional, especula-se uma encomenda de 300 “wide bodies”. como covid, máscaras ou atestados parecem parte de um passado distante. Shoppings, museus, restaurantes e hotéis estão repletos. O mercado imobiliário valorizou 3 vezes.

Na vizinha Arábia Saudita o otimismo não é diferente. O país dedica-se à construção da cidade de NEOM (do latim NEO e M de futuro em árabe). Na fronteira com Jordânia e Egito deverá surgir um centro de turismo e negócios às margens do Golfo de Ácaba e do Mar Vermelho, por onde passa 10% do comércio mundial. Toda energia será eólica ou . Uma nova companhia aérea vem de ser criada com encomenda de 450 jatos para o plano virar realidade.

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É um desafio buscar explicações para tamanha confiança quando o mundo vê a guerra da Rússia contra a Ucrânia arrastar consigo a Europa e os EUA. Um atento observador diplomático percebe, todavia, alguns sinais. A presença russa é visível em Dubai. O aeroporto executivo, as casas de câmbio, o Centro Financeiro Internacional (DIFC) e os hotéis luxuosos da Palmeira recepcionam aqueles que frequentaram a City de Londres e a Suíça. A expressiva maioria estrangeira na cidade e a habilidade emirati em transformar desafios em oportunidades aportam explicações. A Rússia aprofundou suas relações comerciais e estratégicas com China e Índia, as economias que mais crescem. O bloqueio econômico que o Ocidente lhe impôs flopou, e os “negócios da China” necessitam de porto seguro.

Por sua vez, a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia não á sinais de uma solução no curto prazo. O gasoduto russo que atravessa a Ucrânia e abastece Alemanha, Suíça, França e outros países dificulta qualquer armistício. Assegura a Putin moeda forte com pontualidade germânica. A sua destruição colocaria a indústria alemã de joelhos com quebradeira e desemprego alarmantes, além de numerosas vítimas de um inverno sem aquecimento. No passado inverno, o racionamento pela crise energética na Europa matou mais que a covid. Zelensky sabe disso e faz suas apostas. Assegura suprimentos e armamentos para batalhas que se desenrolam na planície, entre exércitos. Dezenas de milhares de mortos tempestivamente substituídos sem que sejam atacadas as estruturas de energia, transporte e suprimentos de cada lado. Relembra a carnificina das trincheiras alemães e inglesas da Primeira Guerra. Não faltavam armas, nem homens, nem alimentos e durou uma eternidade. Fez 6 milhões de mortos. No caso atual, com as fontes de suprimentos em países que não podem ser atacados, a indústria élica encontra oportunidades que muitas vezes fomentam negócios escusos. Isso só perdura o conflito e traz consequências desastrosas e imprevisíveis.

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Talvez a maior delas seja a perda de protagonismo dos EUA em questões internacionais. Sempre o Secretário de Estado Norte-Americano tem sido reconhecido por sua atuação proativa e empoderada. Mike Pompeo com Trump, Hillary Clinton com Obama, Condolezza Rice e Collin Powell com Bush, Madeleine Albright com Bill Clinton, Donald Rumsfeld com Ford, ou mesmo Henry Kissinger, que completou 100 anos. Pasmos, vemos uma Guerra que envolve os EUA e o Secretário de Estado do Biden é ofuscado por políticos europeus em rotação à frente da OTAN. Até o Chanceler russo Serguei Lavrov parece mais atuante.

Para agravar a situação, o presidente dos EUA tropeça e cai sozinho, usa palavras incoerentes com o raciocínio desejado e movimenta-se com sinais de fragilidade. Em meio a conflito de risco elevado para populações inteiras de seus maiores aliados, prioriza agendas de minorias asseguradas pela Constituição dos EUA e de seus aliados. Rússia e China parecem não acreditar.

A derrocada geopolítica atingiu aliados históricos no Oriente Médio. Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos foram levados a fortalecer seus vínculos com Rússia, Índia e China. Israel, por sua vez, que sempre teve nos EUA um aliado histórico influente, viu-se relegado por políticas sem eco no judaísmo e pela perda de interesse estratégico no Oriente Médio. Parece um caminho sem volta. Qualquer eventual mudança futura constatará que o espaço perdido foi ocupado por uma sólida realidade comercial, financeira e estratégica. “O mundo gira e a Lusitana roda”, dizia uma publicidade dos anos 60 no Rio de Janeiro.  

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Foi uma primavera de muito aprendizado. Certamente no segundo semestre a COP 28 dos Emirados Árabes irá movimentar ainda mais o país. Na volta ao outono frio de São Paulo, deparei-me com o infrutífero esforço em entender o carro popular brasileiro que irá beneficiar ônibus e caminhões…Tristes Trópicos!

Fonte: revistaoeste

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