Pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samuel Pessôa considera a estratégia anunciada pelo governo Lula com incentivo à produção do carro popular um “desastre”. Para o economista, o programa deveria focar em exportações — e não no mercado interno.
“Eu eliminaria o requerimento de conteúdo nacional e deixaria trazer peças de fora e montar o carro no Brasil, mas com meta de exportação”, explicou o pesquisador da FGV, em entrevista publicad pelo jornal Estado de S.Paulo a no sábado 27. “Qualquer política pública deveria ter como meta forçar as montadoras a acessarem o mercado internacional.”
Para o Pessôa, a aceitação no mercado externo é a grande régua para avaliar o sucesso de uma atividade produtiva. “Se não acessa, o produto é ruim, não vale a pena subsidiar”, comentou. Como modelo de sucesso brasileiro, ele cita o setor agrícola, que “exporta, e muito”.
De acordo com o economista, a proposta não traz inovações. “Não tem nenhuma novidade no desenho, vão fazer mais do mesmo”, afirmou.
Além disso, ele considera o projeto do governo Lula para reduzir o preço do carro popular um absurdo, do ponto de vista social. “O Brasil é um país pobre, e um bem que custa R$ 70 mil não é para pobre, é para a classe média”, afirmou. “Se baixar o preço para R$ 60 mil, significa que vai dar R$ 10 mil para a classe média comprar carro.”
Fonte: revistaoeste